“Work, work”

Era um garoto que, como muitos outros, entrou na LAN house com entusiasmo e vontade de conhecer novos jogos. Comprou seu kit guloseimas com algum salgadinho barato da moda, sentou na frente do PC e investigou a lista de games instalados. Encontrou um curioso. Abriu e presenciou, pela primeira vez, o menu caindo com correntes em uma tela que ao fundo tinha o rastro de uma guerra e meteoros verdes caindo do céu. Na época, ele achou isso perfeitamente irado. Era Warcraft 3: Reign of Chaos.

O menino que se maravilhou em meados de 2005 é o mesmo que está aqui hoje e contando como conheceu um dos clássicos games de estratégia da Blizzard. É possível que muitos que passarem os olhos por esse texto também relembrem como conheceram o jogo; seja ele nas aventuras pelas LAN houses, fragnights, jogatinas pela internet ou campeonatos.

Esse é o mesmo título que, nessa segunda-feira — 3 e julho de 2017 — completa 15 anos de idade com um legado enorme nos games. Foi o filho que trouxe uma jogabilidade inédita de estratégia e uma campanha que posteriormente foi infinitamente expandida pelo sucesso de World of Warcraft. Foi o pai adotivo que popularizou o gênero MOBA com o DotA em seus braços. E ele é o avô que até hoje sobrevive com sabedoria entre os eSports e as competições de alto nível.

De uma forma ou de outra, Warcraft 3: Reign of Chaos e sua expansão, Warcraft 3: Frozen Throne, tiveram um impacto enorme entre os jogadores brasileiros. Há aqueles que conheceram o jogo sozinho, explorando a campanha e as batalhas multiplayer — assim como há aqueles que os amigos pediram para instalar e jogar com a galera pelo saudoso Garena.

Tal impacto não poderia ser ignorado em uma data tão especial. Com este pensamento em mente, o The Enemy preparou nesta semana uma série de artigos especiais com muitas informações, entrevistas e nostalgia — até mesmo para aqueles que não conhecem o jogo.

A tela de carregamento já fechou, amigos. A partida só está começando.

O clássico

Warcraft 3: Reign of Chaos aproveita da história dos dois primeiros jogos para expandir a eterna batalha entre as raças de Azeroth. O foco se inicia no confronto entre a Aliança dos humanos e a Horda dos orcs — muito embora uma nova ameaça da Legião Flamejante se aproximou através de uma maldição dos mortos-vivos.

Com essa proposta, o número de raças jogáveis aumentou comparado com Warcraft 2, indo agora para quatro escolhas: humanos, orcs, elfos noturnos e mortos-vivos. Na campanha original, o jogador passa pela visão de cada uma, desvendando os mistérios e os personagens marcantes que conduzem a grande trama do mundo de Warcraft.

A jogabilidade de Warcraft 3 se distancia um pouco do irmão StarCraft. Cada raça tem suas mecânicas diferentes e únicas — enquanto os humanos constroem rápido suas estruturas, os elfos noturnos podem usar suas construções como guerreiros lentos e poderosos.

Mais distante ainda de StarCraft está o sistema de heróis. Você pode treinar e utilizar uma série de personagens exclusivos para a sua classe ou contratados pela taverna neutra. Eles são poderosos, pois ganham experiência com as batalhas, usam itens diversos e lançam magias que podem alterar o rumo das batalhas.

E, na época, a expansão Warcraft 3: The Frozen Throne complementou esses fatores e adicionou mais missões de campanhas, além de unidades e heróis novos.

A estratégia, assim, evoluiu para novos níveis. Sua escolha precisa levar em conta as poderosas combinações e estilos de cada um dos heróis. Esse foi um dos aspectos que chamou a atenção de muitos jogadores na época por explorar um jogo de estratégia com boa dose de RPG e simplicidade.

As raças

Os humanos representam a escolha versátil de Warcraft 3. A Aliança conta com opções mágicas e tecnológicas à sua disposição, frequentemente sendo uma das mais populares entre os campeonatos asiáticos. 
Outro dos grandes destaques da raça está na capacidade de se expandir rapidamente, superando os adversários quando o assunto é o “macro” — ou a capacidade de gerenciar seus recursos para criar exércitos poderosos.

Os elfos noturnos se especializam na magia da natureza para os combates. Algumas das suas construções são entes vivos que podem se locomover pelo cenário e até batalhar ao seu favor.
A raça dominou boa parte do cenário competitivo com a excelente performance do sul-coreano Jang "Moon" Jae-ho. Conhecido inclusive como a “quinta raça” de Warcraft 3, o competidor mostrou excelência em batalhas e criatividade para surpreender os inimigos, dois aspectos fundamentais para a vitória no jogo.

Os orcs, por outro lado, apostam na força bruta e contam com um pouco de suporte de magias xamânicas. Seu exército frequentemente é duro de combater e conta com fortes opções ofensivas — especialmente com o herói favorito da galera, Blademaster.
O papel de “rei dos orcs” é sempre colocado nas mãos do holandês Manuel "Grubby" Schenkhuizen. Atualmente focado em Heroes of the Storm, o jogador marcou os jogadores pelo seu estilo de jogo refinado e por estratégias ousadas — principalmente em apostar em composições pouco usuais há dez anos atrás.

Por último está a legião de mortos-vivos. Eles são capazes de criar altares que erguem a base, além de aproveitar o corpo dos inimigos para expandir seu exército com caveiras. Um jogador Undead geralmente aposta em estratégias mais defensivas e tem dificuldades para expandir sua base.
A raça sempre teve seus problemas no cenário competitivo e é frequentemente apontada como uma das mais fracas. No entanto, vários jogadores superaram as expectativas e arrancaram grandes títulos no cenário competitivo — e você conhecerá estes e muitos outros muito em breve aqui no The Enemy.

O multiplayer

Um dos grandes destaques de Warcraft 3 é seu modo multiplayer — este que inclusive cresceu junto com a facilidade dos gamers nacionais em acessarem a internet. Isso explicava bem a "invasão brasileira" tanto nos servidores alternativos quanto nos oficiais.

O multiplayer online é gerenciado pelo sistema antigo da Battle.net que interliga os games clássicos da Blizzard, como Diablo 2 StarCraft: BrooWar. Os brasileiros jogaram, por muito tempo, em plataformas alternativas por conta dos servidores oficiais se localizarem nos Estados Unidos.

A opção mais nostálgica talvez seja o Garena — uma plataforma que continua firme e forte apenas em terras orientais. Além dela esteve presente o Euro Battle.net, se mantendo como uma alternativa forte para os fãs no início do DotA.

Hoje, os jogadores competitivos se encontram no W3Arena, que se localiza na Europa. Na China, a comunidade recebeu uma plataforma oficial patrocinada pela Blizzard, o Net Ease. Nela, os jogadores competem ainda em partidas ranqueadas e torneios oficiais com grandes premiações.

E os brasileiros hoje em dia? Eles se encontram no GameRanger e alguns ainda tentam a sorte nos servidores oficiais da Battle.net. Outros se organizam em um grupo de Facebook para tentar marcar jogatinas de vez em quando. Bora?

Os mods

Defense of the Ancients, Legion TD, Hero Line War, Footman Frenzy, Warlock, Enfos Team Survival, X Hero Siege e tantos outros mapas foram criados pela comunidade desde o lançamento do game. O Epic War, o catálogo com todos os mods criados pelos jogadores, contabiliza hoje mais de 251 mil criações. Muitas delas inclusive desenvolveram uma subcomunidade apaixonada pelas novas maneiras de jogar Warcraft 3 — ou mesmo outros gêneros que se popularizaram com os anos seguintes, como foi o caso de DotA.

Mas isso é um assunto para essa terça-feira (4). No decorrer da semana iremos trazer mais matérias especiais comemorando o aniversário de 15 anos de Warcraft 3. A programação e os links para todo esse conteúdo especial estão logo abaixo, então não deixe de sintonizar no The Enemy diariamente para desbloquear mais sobre esse saudoso game da Blizzard!