Final Fantasy XII tem uma relação única de amor e ódio com os fãs da série. Muitos colocam o título entre os seus favoritos pelo vasto mundo aberto e pelo sistema de batalha distinto; e, do mesmo modo, outros também não gostam do jeito próprio que o game conta a jornada pela fantasia final.

Independente do seu lado nessa briga, a Square Enix escolheu o título para lançar Final Fantasy XII: The Zodiac Age — uma versão remasterizada do jogo original com novidades pontuais: gráficos remodelados, modos que os fãs não viram anteriormente e um pequeno tapa no equilíbrio geral.

Mas será que tudo isso vale a pena?

Visual lindo, mas com gostinho de PS2

O grande destaque da versão se concentra inevitavelmente nos gráficos renovados. Se você jogou o game no PlayStation 2, talvez se lembre de como o título era bonito para a época e para um mundo aberto que comportava cenários vastos e ambientes distintos.

Em The Zodiac Age, o visual foi aprimorado consideravelmente em muitos aspectos: desde a iluminação geral até a textura dos cenários e os modelos de personagens e inimigos. Rabanastre está muito mais viva. As batalhas estão mais fluídas. As animações estão reais e bonitas de se ver.

Mas, hey, não se empolgue totalmente — ao contrário da remasterização recente da série Crash Bandicoot, aqui os cenários não foram trabalhados em pinceladas tão profundas. Existem detalhes evidenciando que nem tudo foi refinado ao máximo.

Em um aspecto amplo e distante, os cenários estão visualmente mais limpos e bonitos. Ao se aproximar, no entanto, você percebe falhas ocasionais: alguns contornos não estão tão podados e nem todas as texturas apresentam o mesmo grau de detalhamento.

Vamos aos exemplos. Final Fantasy XII tem um problema em expressar emoções nos personagens. Os rostos continuam como tábuas lisas com pouquíssimas variações de temperamento mesmo durante conversas ou momentos de pura tensão.

São justamente nessas cenas que você pode observar outros detalhes mais íntimos. As mãos são retangulares e outras arestas, como nos ombros ou nas armaduras, ainda parecem pedaços soltos de papelão.

É claro que você não ficará preso a esses detalhes em todos os momentos. Final Fantasy XII é um jogo que transporta a beleza dos pequenos detalhes para a admiração do cenário e uma boa ambientação. Mas a adaptação atual dá a sensação de que, mesmo com a proposta de remasterização, algumas das “heranças” do gráfico do PlayStation 2 ainda estão lá, sem o devido tratamento para os fãs mais exigentes.

Fôlego novo para a jogatina nostálgica

Não são apenas de novos gráficos que Final Fantasy XII: The Zodiac Age sobrevive. As novidades da versão International Zodiac Job System, lançado ironicamente apenas para o Japão, foram incluídos para trazer um fôlego novo ao gameplay que estamos acostumados.

A primeira das mudanças está na classificação das clássicas profissões de Final Fantasy. No jogo original, todos os personagens contavam com as mesmas “Licenses” — os “upgrades” que habilitam novas magias, equipamentos e bônus.

Se você é um fã, saiba que The Zodiac Age é uma revitalização agradável do clássico que vivenciou no PS2.

Aqui, você deve escolher uma profissão para o personagem, variando dos clássicos White Mage, Knight e Black Mage aos exóticos Machinist (um atirador com armas de fogo), Uhlan (lanceiros) e Bushi (samurais que focam na resistência do corpo).

Isso permite uma personalização maior do seu grupo. Enquanto antes todos iam atingir o mesmo auge de força, agora eles realizam funções e valores diferentes no campo de batalha.

Os desafios ainda se concentram nas missões secundárias — alô a todos que já mataram Yiazmat — mas há um novo modo para você testar as suas habilidades. O “Trial Mode”, disponível no menu inicial, carrega a sua equipe para uma série de 100 missões com os mais variados inimigos e chefes do jogo.

Tirando isso, o time de desenvolvimento também se concentrou em deixar o jogo mais “acessível” para não pesar excessivamente na dificuldade. Um dos exemplos está na batalha contra Yiazmat: o monstro mais poderoso de Ivalice recebe “debuffs” que antes não eram possíveis no jogo original.

A versão remasterizada também oferece saves automáticos e um botão para aumentar a velocidade do jogo, ajudando na exploração e evitando aquele tempo excessivo só para cruzar os cenários. É uma adição saudável e que cabe mais para a sua preferência: enquanto não prefiro batalhas rápidas, há quem escolha aquele “empurrão” na hora de evoluir seu grupo.

A conclusão

Em sua proposta de remasterização, The Zodiac Age cumpre um papel extremamente direcionado: busca entregar uma experiência retrabalhada, mais dinâmica e customizada na linguagem de Final Fantasy. Há pequenas falhas nessa execução, mas o resultado geral é satisfatório.

Se você é um fã, saiba que The Zodiac Age é uma revitalização agradável do clássico que vivenciou no PS2. Sim, os gráficos foram retrabalhados e estão mais bonitos. A trilha sonora orquestrada é divina. Os conteúdos adicionais garantem horas adicionais incríveis. Mas a versão carece de um tratamento gráfico mais profundo pelo que se propõe a fazer em um console atual. Mesmo assim, os jogadores nostálgicos vão se sentir atraídos pelas novidades que o game traz.

E, caso você esteja interessado em conhecer o jogo pela primeira vez, saiba que a remasterização é um convite completo e atual para saborear este grande título. A história, o sistema de batalha e a diversão através de horas e mais horas de caçadas continua intacta — afinal, a dinâmica de Final Fantasy XII envelheceu bem e continua distinta de vários RPGs atuais. Basta você dar uma chance.

Nota do crítico