Entre as conferências de tech, Computex continua o bastião dos notebooks e hardware

Conferência trouxe notebooks intermediários, notebooks gamers e chips para os notebooks do futuro

Por Rafael Romer 02.06.2017 22H14

Tradicionalmente, na indústria de tecnologia um pequeno número de grandes eventos costuma concentrar os principais anúncios do ano e roubar a atenção do público ansioso por novidades.

É claro, sempre há uma ou outra Apple ou Google por aí, que optam por eventos próprios para não dividir a atenção com outras empresas. Mas de modo geral, CES, MWC e IFA, em especial, são as conferências mais aguardadas e palco de estreia, principalmente, de smartphones flagships – os queridinhos da indústria e dos consumidores.

Nesse cenário, a Computex, tradicional feira de tecnologia de Taipei, Taiwan, costuma ficar um pouco esquecida no canto. Salvo algumas exceções, como a Asus anunciando a chegada da nova família Zenfone 3 no ano passado, o evento não chama tanto a atenção do público geral e não recebe o mesmo nível de atenção de outros eventos por parte dos veículos especializados – ao menos não do lado de cá do oceano Atlântico.

CNET/Reprodução

Mas ano após ano, a conferência mostra sua importância para quem ainda se interessa por duas áreas em especial: notebooks e novas peças de hardware embarcadas neles. E 2017 não foi diferente. Apesar de vendas em queda há algum tempo – cinco anos, precisamente, de acordo com a consultoria de mercado Gartner – PCs ainda são parte importante do ecossistema de tech e sempre ressurgem das cinzas durante a feira de Taipei, estreando novos modelos, configurações e tecnologias embarcadas que, em grande parte, ditam a tendência do ano para o setor.

Enxurrada de laptops

Começando já citada Asus, empresa que está jogando em casa em Taiwan, a edição da Computex encerrada nesta semana viu a estreia de uma ampla linha de laptops. Diferente do line-up de produtos do ano passado, a companhia colocou de lado smartphones e também seu robozinho doméstico experimental, Zenbo, para focar quase que exclusivamente em notebooks. Cinco deles, para ser mais preciso.

Entre as máquinas lançadas pela companhia, estão PCs intermediários para produtividade, no caso do ZenBook Flip S (foto), máquinas com acabamento premium, o ZenBook Pro, e um belo – e fino – notebook gamer, o Zephyrus, da Republic of Gamers (RoG), carregado com um Core i7 (7700HQ), Nvidia GeForce GTX 1080 e apenas 17,9mm de espessura.

Gamers, inclusive, foram bem atendidos por mais de uma empresa no evento. A Acer se antecipou ao evento, revelando o Nitro 5, laptop gamer de entrada dias antes do evento, com opções com a placa GeForce GTX 1050Ti e processadores Intel Core i5 ou i7 de sétima geração ou placas AMD Radeon RX 550 graphics com processadores A-series de sétima geração da AMD. A MSI não ficou para trás e anunciou o Titan GT75VR, carregado com um Core i7 em overclock, até duas placas de vídeo GeForce 1070 e quatro (!) pontos de ventilação para manter a operação estável.

A Dell seguiu a mesma rota, mas optou pelo caminho do custo benefício, com novos desktops da linha Inspiron que trazer processadores AMD até Ryzen 7 1700X, placas Nvidia GTX 1060 e começam por preços camaradas, a partir dos US$ 600 (cerca de R$ 2000, em conversão direta).

Na ponta oposta do espectro, vale ainda destacar o Aorus X9, um mastodonte gamer da taiwanesa Gigabyte que foi revelado pela primeira vez na CES 2017, mas voltou para um demo na Computex, com suas duas placas Nvidia GeForce GTX 1070 e display Ultra HD (4K) de 17 polegadas.

Chips extremos, móveis e inteligentes

Como também era esperado, chips para todos os gostos de fabricantes como Intel, AMD, ARM e Qualcomm foram revelados durante a Computex, mostrando algumas novas direções e potencial de evolução para sistemas pessoais no próximo ano.

Exemplo disso são as novas CPUs Cortex-A75 e Cortex-A55 da ARM, nova geração de chips que desembarcam com tradicionais ganhos de performance e eficiência, mas que agora são otimizados para tendenciais como machine learning, inteligência artificial, realidade aumentada e realidade artificial.

Vale destacar também chegada dos novos processadores da série Intel Core X, linha de chips da companhia dedicados a usuários com uma demanda séria por alta performance, como produtores de conteúdo e gamers. Na ponta extrema, o Core i9 Extreme estabelece um novo patamar como o primeiro chip disponível a consumidores finais a trazer 18 núcleos e 36 threads, pela bagatela de US$ 1,999 (cerca de R$ 6.500, em conversão direta).

A rival AMD, é claro, não deixou barato, anunciando o Ryzen 9 (1998X), processador com 16 núcleos e 32 threads focado em workstations e cargas de trabalho pesadas. O preço da CPU, no entanto, não foi revelado.

Surpreendeu também a participação da Qualcomm, fabricante norte-americana que não costuma frequentar a Computex com muito afinco, mas neste ano revelou uma nova parceria com a Microsoft que deve levar os chips móveis Snapdragon 835 para dispositivos carregados com o Windows 10. Do ponto de vista de evolução de computadores, a parceria foi um dos anúncio mais interessantes da conferência, com o potencial de permitir a produção de novos computadores pessoais intermediários (e em conta) com melhor duração de bateria e sempre conectados às redes móveis 4G – com downloads de até 1 Gbps graças à tecnologia Gigabit X16 LTE.

HP, Lenovo e Asus já estão entre as parceiras confirmadas para o ecossistema de novos produtos que serão lançados, mas, infelizmente, ainda não há data certa para isso acontecer.

Aliás, falando em máquinas em conta, há também a promessa da Nvidia de que sua nova tecnologia Max-Q, anunciada em Taipei, derrubará os preços de notebooks gamers de alta performance através de uma otimização de performance e eficiência energética. Segundo Jensen Huang, CEO da empresa, a Max-Q permitirá computadores de topo de linha por valores entre US$ 1.200 e US$ 2.000. O próprio Zephyrus, citado lá em cima, é um dos primeiros a embarcar a tecnologia, que permite a ele um desempenho 60% superior ao do PlayStation 4 Pro.