
Reprodução: Warner Bros/Naughty Dog
The Last of Us tem sucesso em emplacar clímax dramático do jogo
Série responde as perguntas finais da trama, com o bônus de uma dúvida que ainda pairava sobre o jogo original.
Os jogadores sabem quão bem construído é o final de The Last of Us, e é bastante satisfatório saber que a série conseguiu replicar o clímax dramático de Joel e Ellie.
O nono episódio, que conclui a primeira temporada, chegou ao HBO Max no domingo (12) com uma reprodução bastante similar ao final do jogo.

Porém, há uma diferença bem-vinda: o roteiro se preocupa em responder, de uma vez por todas, uma dúvida essencial que ainda pairava sobre o jogo original.
Por que Ellie é imune ao cordyceps

Afinal, por que Ellie é imune ao cordyceps? A resposta dessa pergunta é indicada pelo jogo de 2013, em que a garota lê uma carta deixada pela mãe dela, Anna.
Na carta, Anna explica que Ellie será cuidada por Marlene pois sua vida "está prestes a acabar antes da hora."

Com base nisso, fãs teorizavam que Anna havia sido infectada enquanto grávida de Ellie, o que teria causado a transferência de anticorpos imunes ao fungo para a garota.
Para a surpresa dos fãs, o roteiro de Neil Druckmann e Craig Mazin enfim respondeu essa pergunta de forma definitiva, dez anos após a chegada do game.

E quão incrível é o fato de que a própria Ellie dos games participa desse momento tão marcante? A escolha de Ashley Johnson para interpretar Anna, por si só, enriquece a origem da personagem com simbolismo.
A atriz faz uma entrega emocionante e arrebatadora no papel, e os fãs com certeza se arrepiaram ao ouvir a voz da Ellie dos jogos conversando com a versão live-action (ainda que bebê) da personagem.

Refugiando-se em uma casa de campo bastante similar àquela em que Ellie e Dina vivem no segundo jogo, Anna é atacada por um Infectado durante o trabalho de parto. Antes mesmo do corte do cordão umbilical, a criança já estava infectada.
Com isso, o cordyceps se instalou no cérebro de Ellie, resultando na produção de anticorpos. Sendo assim, nas ocasiões em que ela é infectada, o fungo entende que a garota já foi tomada e, por isso, permanece inativo.

A série também mostra o exato momento em que Anna passa os cuidados da filha à Marlene.
Durante todo o episódio, é perceptível o quanto Merle Dandridge abraçou essa oportunidade. A atriz colocou em prática toda a sua experiência de dez anos como Marlene e emplacou o peso e conflito que o destino de Ellie causou em sua personagem.
Por que Joel fez o que fez

O episódio nove é o menor da temporada, mas, mesmo assim, 23 minutos foram mais do que suficientes para entregar o clímax dramático da relação de Joel e Ellie.
Os motivos para esse sucesso são vários. O primeiro é a esplêndida direção de Ali Abassi, o mesmo diretor do episódio oito.

Em especial, a sequência da chacina no hospital ultrapassa a tela com lampejos de energia. Abassi, Druckman e Mazin tiveram sucesso em chocar os espectadores que presenciaram, pela primeira vez, a escolha controversa de Joel.
Cada morte é contabilizada, uma a uma, pelas balas e cartuchos que caem da espingarda do contrabandista.

Esses objetos, mesmo que leves, encontram o chão com um peso considerável – algo potencializado pela direção sonora da cena. O som ambiente passa por um abafamento constante, dando espaço para a trilha dramática e comovente de Gustavo Santaolalla.
O sentimento de que estamos assistindo a algo muito errado é palpável, e remete à angústia de ter o controle em mãos nesse trecho do game.

A cena final nos arredores de Jackson, por exemplo, parece ter sido tirada diretamente do game. O conflito interno de Joel e Ellie grita dentro dos olhos dos atores. Chega a ser difícil acreditar que tanto Pedro quanto Bella não tiveram contato com o jogo antes das filmagens.
Por fim, o triunfo de The Last of Us também é resultado de um roteiro que soube construir, tijolo a tijolo, o impacto da conclusão ao longo de toda a temporada. Afinal, podemos até não concordar com a decisão de Joel, mas conseguimos compreender os motivos dele.

A cena das girafas
Infelizmente, o ponto baixo do episódio ficou para a icônica cena das girafas. A artificialidade do CGI compromete a tentativa de construir um momento cativante, que deveria representar o consolo após uma longa e dolorosa jornada.

Porém, é possível que esta análise tenha sido comprometida pelo acesso antecipado aos episódios.
Afinal, no screener, a sequência chegou sem os efeitos finalizados. Sendo assim, assistir aos atores interagindo com a tela azul resultou em um inevitável percepção de artificialidade depois que o produto final chegou.

Bella Ramsey e Pedro Pascal interagiram, sim, com uma girafa real nos trechos em que o animal está mais próximo. Ainda sim, a magia da sequência finalizada não chega perto daquela do game.
A adaptação perfeita?
A série de The Last of Us encerra a primeira temporada com alcance impressionante. O oitavo episódio, por exemplo, foi assistido por mais de 8 milhões de pessoas na estreia, o que corresponde a um crescimento de 74% em relação ao piloto.

Os jogadores devem ter percebido que mesmo familiares e amigos completamente alheios aos jogos foram fisgados pela série. Muitos puderam conhecer e se emocionar com a história de Joel, Ellie, Bill, Frank, Sam, Henry e o restante do universo de The Last of Us.
Da mesma forma que o jogo original, o principal trunfo da adaptação é o empenho e devoção ao roteiro, que dedica todo o tempo de tela necessário para estabelecer as complexas relações humanas entre os personagens.

Contudo, é inegável o vazio deixado pela ausência de infectados e sequências de ação na série. Claro, é impossível adaptar integralmente o jogo para a tela, pois a linguagem dos games é completamente diferente daquela do cinema.
Mesmo assim, a ameaça oferecida pelo cordyceps é um tempero essencial, responsável por dar movimento à trama. A ausência desse perigo é notável, principalmente, diante do fato de que ele se mostrou central no início da série, com sequências como a da cientista da Indonésia.

Sendo assim, a impressão é que essa ponta ficou solta, como se o roteiro tivesse esquecido de continuar a usá-la no tecido da temporada. Isso comprometeu, inclusive, a veracidade do perigo enfrentado por Joel e Ellie enquanto cruzavam os Estados Unidos.
De qualquer forma, o sucesso da primeira temporada de The Last of Us é inquestionável, pois conseguiu agradar e fidelizar públicos diversos. O saldo final é bastante positivo, também por alavancar as carreiras de Pedro Pascal e Bella Ramsey em mais alguns degraus.

Era, sim, esperado que Pedro se confirmasse como estrela de Hollywood no papel de Joel. Ainda mais impactante, porém, foi o trabalho de Bella ao longo da temporada.
A atriz, que já havia proporcionado um vislumbre do seu talento em Game of Thrones, surpreende em The Last of Us ao mostrar o incrível amadurecimento da sua atuação e o potencial que sua carreira reserva. Como Ellie, Bella desarmou até mesmo o nicho de fãs que resistiu ilógicamente à sua escalação.

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A série de The Last of Us está disponível no HBO Max. A segunda temporada já está confirmada e irá adaptar os acontecimentos de The Last of Us Parte 2.
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- Lançamento
14.06.2013
- Publicadora
Sony
- Desenvolvedora
Naughty Dog
- Censura
16 anos
- Gênero
None