
The Last of Us Part I traz mais "emoção", diz diretor ao The Enemy
Conversamos com Matthew Gallant sobre nova versão do jogo da Naughty Dog
Há não muito tempo, jogadores do mundo inteiro foram surpreendidos com o anúncio de The Last of Us Part I, a recriação do primeito jogo da franquia produzida pela Naughty Dog. Parte dos fãs, inclusive, se questionou a respeito da necessidade de uma nova versão.
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Abaixo, você confere a entrevista do The Enemy com o diretor de The Last of Us Part I, Matthew Gallant. Para ele, até mesmo os fãs que jogaram as duas versões anteriores de The Last of Us podem ter uma nova experiência com a recriação.
1. O que motivou uma revisita ao início da série em tão pouco tempo? Quão importante é ter um produto unificado, que se assemelhe mais à Parte II em aparência, jogabilidade e mais?
Já se passaram mais de oito anos desde que o jogo original foi lançado no PS3 e nove anos desde que o jogo foi remasterizado para PS4. Como estúdio, fizemos grandes avanços em termos de tecnologia e produção desde então. No hardware do PS5, podemos elevar ainda mais a qualidade em todas as categorias.
A inspiração para refazer The Last of Us veio durante o desenvolvimento das cenas de flashback na Parte II. Como nós estávamos refazendo os personagens e os ambientes dessas cenas, começamos a nos perguntar: e se pudéssemos refazer o jogo inteiro, para parecer tão bom quanto isso (ou mesmo melhor)?
O jogo original se sustenta incrivelmente bem para um título de PS3, e a jornada que você faz com Joel e Ellie é eterna. No entanto, queríamos dar aos novos jogadores um ponto de partida na série que parecesse completamente moderno. Algo que também permitisse a todos que jogassem a Parte I e a Parte II sem um choque de qualidade.
2. Que mudanças você achou importante implementar na jogabilidade?

Embora tenhamos escolhido permanecer fiéis ao conjunto original de mecânicas centrais e às configurações de combate do jogo original, queríamos aprimorá-los com toda a tecnologia que desenvolvemos na última década. Isso significa melhorias para praticamente todos os sistemas de jogo em geral, mas vou chamar a atenção para alguns destaques.
Nós recriamos os movimentos principais dos personagens usando a tecnologia de “correspondência de movimentos”. Um controlador de movimentos de personagem padrão permite animações em loop para avançar, retroceder, esquerda e direita e etc... Para correspondência de movimento, usamos, essencialmente, um algoritmo que usa como referência um grupo com centenas de animações de movimento e encontra o melhor ajuste para a velocidade atual do personagem e impulso. Ele pode misturar essas animações a cada quadro, criando uma imagem mais natural com perfeito sentido de movimento.
Trouxemos nossa mais recente tecnologia de IA, de The Last of Us Part II, que implementa um modelo de conhecimento sofisticado e melhor raciocínio espacial para os NPCs inimigos humanos. Nosso script para práticas de combate também evoluiu, o que permite que os inimigos respondam mais dinamicamente às escolhas do jogador. Também trouxemos muitas melhorias para os tipos de inimigos infectados, como os Stalkers redesenhados encontrados na Parte II.
Queríamos ainda aproveitar todos os ótimos novos recursos do PlayStation 5. Temos resistência variável nos gatilhos adaptativos do DualSense, personalizados para cada uma das armas de Joel. Nós temos feedback tátil imersivo para os grandes momentos (socos, tiros, escaladas), mas também para os momentos sutis (o rasgo de um curativo durante a cicatrização, o tamborilar das gotas de chuva). Também suportamos áudio 3D, então, você ouvirá inimigos enquanto eles tentam flanqueá-lo.
3. Você acredita que mudanças e atualizações na jogabilidade podem ajudar a contar a história de uma forma melhor?

Na Naughty Dog, tudo o que fazemos em nossos jogos está a serviço da história. Cada escolha de design deve fazer o mundo parecer mais fundamentado, fazer os personagens parecerem mais humanos e imergir você nesta jornada com Joel e Ellie.
Por exemplo, um dos sistemas que aprimoramos em The Last of Us Part I foi a exploração do ambiente que Ellie faz enquanto está se movendo por uma área com Joel. A maioria dos jogadores, provavelmente, não presta muita atenção nela nessas situações. No entanto, se ela responde ao mundo ao seu redor e se move como uma pessoa real faria, você sutilmente se conecta mais com a personagem. Essa sensação de realismo pode, então, fazer a próxima história parecer mais impactante.
4. O que você pode dizer para quem jogou o jogo no PlayStation 3 ou 4 para voltar e jogar novamente no PS5?

Espero que os jogadores que retornarem encontrem novas profundidades de emoção e humanidade na narrativa. O realismo e a complexidade de nossos modelos de personagens, além de rigs faciais, melhoraram tremendamente desde o lançamento do jogo original.
Agora, podemos retornar às performances dos atores originais e capturar muito mais nuances e detalhes sutis. Isso traz à tona as camadas ricas da narrativa; quando os personagens estão dizendo uma coisa, mas sentindo outra, você poderá ver esse conflito em seus olhos e rostos.
Os jogadores que retornarem também poderão viver uma nova tensão e maior intensidade na jogabilidade e no combate aprimorados. Como descrevi acima, quase todos os aspectos foram aprimorados, desde ambientes responsivos, AI, efeitos visuais, modelos de personagens até animações mais suaves e etc... Gostei muito de revisitar esses espaços de combate icônicos com todos os nossos aprimoramentos de jogabilidade modernos e tecnologia imersiva do PS5.
5. Por que The Last of Us no PC é uma realidade agora? Isso faz parte de alguma estratégia para aumentar a quantidade de pessoas que sabem sobre o título com o lançamento da série de TV tão perto?

Reconhecemos que tanto os jogadores de PC quanto os fãs da HBO são um novo público que talvez nunca tenha tido uma chance de jogar o jogo original. Achamos que The Last of Us Part I é um ponto de entrada incrível para a série e mal podemos esperar para que novos jogadores experimentem esaa incrível jornada com Joel e Elie.
6. A primeira aparição de Abby foi em The Last of Us Part II, mas vemos alguns flashbacks no período de tempo do primeiro jogo. Achamos que esses flashbacks poderiam estar na Parte I para tornar essa personagem mais coesa. O que você acha disso? Faz sentido para você?

The Last of Us Part I é a história de Joel e Ellie. Embora sempre existisse a tentação de adicionar mais, decidimos, desde o início, que queríamos permanecer fiéis ao jogo original e focar em aprimorar esses
momentos em vez de tentar adicionar novos. Dito isso, recriamos um modelo de personagem específico na cena a que você está se referindo mais consistente com The Last of Us Part II.