A demo jogável de Silent Hills, P.T., completa 8 anos dia 12 de agosto. Título apresentou experiência incrivelmente assustadora para sua duração. A saída nada amistosa de Hideo Kojima da Konami, levando consigo sua equipe – e a parceria com Guillermo del Toro – enterrou e jogou uma pá de cal sobre o projeto.

Ainda assim, a profundidade e riqueza de elementos de terror que P.T. conseguiu condensar, sem saturar a experiência, em uma simples demo impressiona. Tanto por isso, Silent Hills se tornou praticamente um manual de como fazer games de terror de sucesso.

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Reinventando o gênero

Até então o lançamento da demo, a maioria dos jogos de terror populares eram pautados por mecânicas praticamente todas tiradas de Resident Evil (e Alone In The Dark). A própria franquia Silent Hill era essencialmente em terceira pessoa, mas com enredo muito mais sombrio e menos catastrófico que RE.

O primeiro diferencial extremamente relevante de P.T. era a câmera em primeira pessoa. A demo lembrava muito jogos do gênero point and click dos anos 1990, como Phantasmagoria e Gabriel Knight: The Beast Within, mas com mecânicas atualizadas e mais dinâmicas.

A ambientação dependia profundamente dos elementos sonoros e diferente da maioria dos jogos, a trilha de Silent Hills foi construída para se confundir com sons ambientes bem tenebrosos. Momentos com música, propriamente, eram associados a elementos do cenário, como o som do rádio com estática.

Saindo do poço de P.T.

Silent Hills estava caminhando para impactar o gênero de terror, e a indústria de jogos como um todo. Seu cancelamento abrupto deixou fãs desolados, mas a semente já estava plantada. Muitos jogos beberam direto dos elementos de P.T., seja para renascer das profundezas, seja para criar experiências originais.

Resident Evil, antes inspiração, é a franquia que, possivelmente, mais se beneficiou da experiência apresentada pela demo jogável. Utilizando praticamente os mesmos elementos de P.T., Resident EVIl (RE7), deixou de lado o caminho da ação frenética e combate contra hordas de zumbis, para focar em uma experiência assustadora e imersiva. 

Seu sucesso, beneficiado com o lançamento da versão em VR, colocou o jogo em segundo lugar entre os jogos mais vendidos da Capcom. Resident Evil VIllage (RE8) seguiu pelo mesmo caminho, atingindo 5,7 milhões de cópias vendidas em pouco mais de 6 meses. Além de participar do renascimento da franquia da Capcom, P.T. influenciou – e ainda influencia – dezenas de produções.

Muito além de Silent Hills

Until Dawn e a antologia The Dark Pictures, da Supermassive Games, utilizam muitas das estratégias de ambientação apresentadas pela demo de 2014. Apesar de retomar a jogabilidade em terceira pessoa, a escolha é deliberada e serve ao propósito da narrativa. 

Outro título que se valeu da experiência de P.T. foi o jogo Blair Witch (2019). Mesmo com uma gameplay mais restrita, o jogo inspirado no filme de 1999 consegue entregar uma narrativa rica e assustadora seguindo a receita de Silent Hills. Phasmophobia,  vai além combinando as estratégias de ambientação, inclusive um cenário limitado e claustrofóbico, com mecânicas de um modo multijogador cooperativo.

Em junho de 2022, o estúdio brasileiro Pulsatrix lançou Fobia: St. Dinfna Hotel. O jogo independente consegue combinar elementos da maioria das franquias pulares de terror, com quebra-cabeças, monstros grotescos, e cenários macabros, mas as principais características do projeto cancelado de Kojima são evidentes, principalmente durante os momentos de tensão.

P.T. não reinventou a roda, necessariamente. No entanto, a maneira como ele concretizou uma experiência aterrorizante com uma fórmula simples foi crucial para dar nova vida aos jogos de terror, que estavam lentamente fugindo da sua essência e se tornando títulos genéricos.

 

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Silent Hills (Playable Teaser)
  • Lançamento

    12.08.2014

  • Publicadora

    Konami

  • Desenvolvedora

    Kojima Productions

  • Censura

    18 anos

  • Gênero

    Terror

  • Plataformas

    PlayStation 3