Desde a primeira aparição dele, nos anos 1960, Kraven se tornou um vilão da "segunda divisão" do Homem-Aranha. O personagem ficou de fora de muitos produtos relacionados ao herói, cujos inimigos mais conhecidos e admirados incluem Duende Verde, Doutor Octopus e Venom ou mesmo Carnificina. Quando ele foi anunciado como um dos antagonistas principais de Marvel's Spider-Man 2, confesso que torci o nariz para a escolha.

Homem-Aranha com uniforme preto enfrenta Kraven.

Mesmo que o conceito por trás do personagem, de um caçador implacável, parecesse algo interessante, era difícil não sentir que o lugar dele era como o oponente a ser derrotado em uma atividade secundária. Alguém que até poderia ter algum valor narrativo, sim, mas longe de estar à altura da campanha principal.

Com o desenrolar da história, entretanto, torna-se impossível ignorar o que o estúdio Insomniac Games fez com o personagem. Kraven, retratado como mais do que um simples caçador absurdamente bem preparado, recebeu toda uma história própria que o contextualiza e engrandece de maneira que não acreditei que seria possível.

Kraven na chuva.

Ao descobrir a verdadeira razão pela qual Kraven decide caçar uma criatura que, ao que tudo indica, ele sempre soube que jamais conseguiria derrotar, torna-se muito mais plausível sentir certa empatia pelo personagem, que ganha camadas que vão além do arquétipo do brutamonte maluco. O desfecho sanguinário da jornada desse vilão, por mais visceral que seja, não deixa de ser também um tanto poético. Era o que ele buscava e foi o que ele encontrou.

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Em um jogo no qual nomes como Venom e Norman Osborn são citados tão frequentemente, além de alusões ao próprio Carnificina, eu jamais esperei que Kraven fosse se tornar um vilão tão marcante. Surpreendentemente, entretanto, com uma motivação justa e uma direção de arte que valoriza o caráter de tribo do grupo do caçador, ele me conquistou — e tenho certeza que cativou muitos outros jogadores também.


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