Skate Story é meu jogo preferido entre todos que joguei no Play Days do Summer Game Fest 2024 — não é o que mais me impressionou entre todos os títulos que vi, mas entre aqueles que tinham hands-on, foi o topo do pódio. Feito por apenas um desenvolvedor, Sam Eng, o jogo protagoniza um skatista de vidro cuja missão de vida é engolir a Lua. A premissa absurda se mistura com um humor auto-consciente e uma direção artística incrível, tanto em visuais quanto na trilha sonora.

O jogo não tem a menor vergonha de ser ácido ou ousado em seu humor. Logo em sua sequência inicial, o jogador precisa fazer um pacto para receber o skate. Em troca do veículo, ele passará a ter um corpo de vidro, e todos os termos desse contrato são descritos com bastante sarcasmo.

Depois de conseguir sua prancha o jogo realmente começa: seu rolê consiste em desviar e fazer manobras por cima de obstáculos do cenário em sequências que variam entre lineares e de exploração. Claro, há batalhas contra chefes; e claro, elas são vencidas ao emendar várias manobras consecutivas, sempre variando seus tricks para acumular ainda mais dano — afinal, um skatista sem repertório não é tão divertido assim.

Imagem de divulgação de Skate Story
Divulgação/Devolver

Não é nada tão complexo assim, com exceção de uma mecânica de timing que demora um pouco para virar costume, mas é desafiador o suficiente para te manter investido, e as músicas, que lembram bastante as de Sayonara Wild Hearts, complementam bastante a vibe.

Não foram poucos momentos em que me peguei vibrando com a entrada de algumas músicas ou com uma manobra mais arriscada, assim como foram várias ocasiões em que os personagens me arrancavam uma risada com seu humor que beira o absurdo.

Por ser desenvolvido por uma única pessoa, Skate Story transborda com a alma de Sam Eng, que acompanhou a gameplay ao meu lado. Mesmo sendo um cara consideravelmente reservado, ele mostrava sua empolgação ao responder todas as perguntas que tinha sobre o jogo, e ficou nitidamente aliviado com a boa recepção — afinal, era a primeira sessão de todo o Summer Game Fest, e também a primeira vez que ele mostrava Skate Story para alguém que não estivesse envolvido com a sua publicação.

Imagem de divulgação de Skate Story
Divulgação/Devolver

Para se ter uma breve noção de como isso se traduz dentro do game, em determinado momento o protagonista é confrontado por uma entidade que diz que andar de skate é um pecado. Prontamente perguntei se ele já tinha lidado com a exata frase durante sua vida, dando boas risadas, ele respondeu que sim.

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Não consegui decifrar o que Sam quer dizer com a missão de engolir a Lua, mas a ambiciosa tarefa já encontra várias barreiras logo nos primeiros minutos de jogo. Deuses e outras entidades querem impedir o protagonista a qualquer custo, enquanto um filósofo cede seu espaço de estudos para seus rolês.

O jogo pode não fazer tanto sentido apenas lendo essas descrições, mas vira algo coeso com a estética psicodélica e neon. Os traços sujos, que lembram os de Children of the Sun, se destacam com muita iluminação e cores vibrantes, dando uma ambientação coerente com a história absurda que está sendo contada.

Skate Story promete ser mais um excelente jogo em um 2024 repleto de ótimos indies e, especialmente, de ótimos indies feitos por uma pessoa só: Balatro e Children of the Sun já têm companhia garantida nessa prateleira.