Já ouvi alguns conhecidos dizerem que Sonic Colors era o melhor jogo da era 3D de Sonic. Como nunca tive o Nintendo Wii, eu não sabia se era o caso ou se as pessoas apenas estavam emocionadas com um jogo razoável do mascote da SEGA.
Passaram-se 11 anos desde o lançamento da versão original — e não é muito difícil entender por que Colors se destacou dentre os demais títulos tridimensionais do nosso querido ouriço. As primeiras fases já são um tapa na cara do fã mais pessimista, por incrível que pareça.
A sensação de velocidade quando Sonic corre em direção ao fundo da tela é simplesmente fenomenal. Os ângulos de câmera sendo alterados conforme nosso herói passa pelos famosos loopings arrepia. É constante o sentimento de que essa experiência está à altura do personagem... Até que chega aquele momento, presente em todos os jogos do Sonic, no qual algo empolgante se torna meio chato.
O jogador começa a fase correndo feito doido, destruindo inimigos e pegando corrimão, para, no final, ser obrigado a andar devagar como faria em um jogo normal de plataforma. Alguns blocos genéricos sobre os quais precisamos saltar, pequenos enigmas para gerar uma superfície sólida em que Sonic possa pisar. A adrenalina está a mil até que, de repente, tudo para.
Essa não é uma questão exclusiva da remasterização, evidentemente. Na verdade, a nova versão do game até contribuiu para perpetuar, ao menos um pouco, a sensação de fluidez. Com alta resolução durante as fases e boa taxa de quadros, Sonic Colors: Ultimate parece mais vivo e veloz até mesmo quando somos obrigados a respirar um pouco e pensar no que fazer.
Talvez o ápice do jogo sejam as fases situadas na famosa Starlight Carnival, que é um espetáculo visual do início ao fim, com direito a corridas insanas em uma plataforma colorida no meio do espaço e jogos de câmera absolutamente fenomenais, culminando em uma épica batalha de chefão. Estamos falando de Sonic na melhor forma possível quando nos referimos a essas fases, especificamente.
Muitos jornalistas estrangeiros disseram que a versão de Nintendo Switch de Sonic Colors: Ultimate chegou um tanto bugada e apresentou algumas falhas sérias que podem causar problemas para pessoas fotossensíveis, então, pense bem se vale a pena correr o risco. De qualquer forma, no PS5, plataforma em que o The Enemy jogou, tudo ocorreu bem.
Acompanhado apenas por Tails, sem quaisquer outros amigos daquela não tão amada turma dos demais jogos, Sonic precisa enfrentar Robotnik em Colors. Não espere por um primor narrativo ou mesmo boas piadas constantemente, mas o enredo acerta o bastante para que os fãs se sintam satisfeitos.
Em vez de salvar bichinhos aprisionados dentro de máquinas, Sonic, desta vez, está lutando pela liberdade de pequenos alienígenas capazes de emprestar certos poderes para o protagonista e permitir transformações impressionantes. Se você algum dia se perguntou se Sonic aprenderia a voar, saiba que chegou a vez do nosso querido ouriço criar "asas" (com a ajuda de pequenos alienígenas fofos).
Muitas outras opções de poder estão disponíveis e podem ser usadas conforme o jogador coleta energia. Se salvarmos alienígenas azuis, ganharemos o poder de transformar moedas azuis em plataformas. Se salvarmos alienígenas alaranjados, poderemos perfurar o chão. Os poderes são bastante divertidos — só é uma pena que não estejam disponíveis desde o início, o que ajudaria a dar ainda mais sabor para o começo da jornada.
Curto e direto, Sonic Colors: Ultimate é um projeto que cumpre quase tudo o que se propõe a fazer, mas comete um deslize bizarro. Uma coisa é falhar no que o jogo original já falhava, algo relativamente inevitável em uma remasterização. Outra é não remasterizar as cenas cinematográficas.
Apesar da abertura do jogo estar lindíssima, com uma música bem boa, as cutscenes que rolam entre uma fase e outra, nas quais Sonic e Tails conversam conforme a história se desenvolve, não passaram pelo mesmo processo de polimento que as fases do jogo em si.
É bizarro. Durante o gameplay, vemos um mundo brilhante e detalhado, com modelos de personagem sensacionais e ótimos efeitos visuais, além de escolhas brilhantes de jogo de câmera. Durante as cutscenes, parece que estamos vendo um jogo do Dreamcast. É um abismo fora do normal. Nunca sonhei que fosse ser o caso.
Outros pequenos ajustes, falando agora em termos de jogabilidade, também seriam muito bem-vindos. Quando Sonic pula muito perto de uma plataforma, ele imediatamente começa a deslizar, como se você quisesse fazer um salto de parede. No entanto, seria bem melhor se ele pudesse simplesmente pular para cima e completar o salto que realmente queremos dar. O pequeno delay nos pulos, que atingem o ponto mais alto com certo atraso quando o jogador segura X, também não caiu tão bem, embora faça sentido considerando a ambientação espacial.
Tudo bem, nem todas as correções possíveis foram implementadas, mas existiram algumas adições divertidas. A opção de customizar Sonic, por exemplo, comprando itens que adquirimos com moedas do próprio jogo, é bem legal. Trata-se de algo que, provavelmente, estará também no misterioso jogo do Sonic que será lançado em 2022.
As corridas Rival Rush são um acréscimo agradável, embora não justifiquem tanto tempo a mais de jogo. Há quem pense que seis corridas no jogo inteiro não são o bastante, mas... Talvez seja o suficiente, sim.
Se você é um dos muitos fãs de Sonic que já abandonaram as esperanças, tenha calma. Sonic Colors: Ultimate é um título digno da atenção de todos os fãs do mascote da SEGA. Pode não ser tão bom quanto poderia, mas ainda entrega algumas horas de diversão e contemplação.
Resta saber se diremos o mesmo ou ficaremos ainda mais felizes quando Sonic 2022 for lançado.