Suicide Squad: Kill the Justice League, o jogo do Esquadrão Suicida, foi uma grande vítima da má-vontade que afetou tanto a comunidade quanto a mídia especializada de games.

Desde que seus primeiros detalhes foram revelados, evidenciando que o novo título da Rocksteady se aproximaria do formato de jogo como serviço, a internet, como entidade, decidiu que o jogo seria ruim.

E sejamos francos, a própria Rocksteady não se ajudou para evitar que essa ideia fosse criada. Os primeiros trailers foram desastrosos, e a desenvolvedora parecia se esforçar para esconder o gênero de sua criação. O lançamento, então, foi a cereja do bolo: com o bug em seu acesso antecipado, era fácil cravar de vez o desastre.

Mas não é bem assim. Esquadrão Suicida é um jogo sólido, e que chega a ser ótimo em alguns momentos. Microtransações, skins e conteúdos online carregam inúmeros estigmas, mas o carisma dos personagens somado a um gameplay divertido é suficiente para superar os preconceitos.

Seja vertical

Quarteto protagonista de Suicide Squad: Kill the Justice League
Divulgação/Warner Bros.

Apostando em um humor que flutua entre o cringe e o ousado desde sua primeira cena, Suicide Squad começa com uma proposta difícil de digerir: como vilões tão fracos podem bater de frente com a Liga da Justiça? E como vencer Brainiac, o responsável por domar os heróis e destruir Metrópolis?

A resposta está em alguns recursos de roteiro para que o quarteto de protagonistas, composto por Arlequina, Pistoleiro, Tubarão-Rei e Capitão Bumerangue, tenha caminhos para ficar mais forte. A primeira vez que esse atalho é usado está ainda na sequência inicial do game, quando cada personagem rouba equipamentos que os dão mobilidade — com exceção do Tubarão, que já consegue dar saltos enormes.

Esse novo equipamento é a chave para a parte mais divertida do jogo: explorar a cidade com as diferentes opções de movimentação é divertidíssimo e, com maestria o suficiente, tão satisfatório quanto se balançar pelas teias de Marvel's Spider-Man 1 e 2.

O cenário bem verticalizado, cheio de prédios e andares, se mistura bem com o combate caótico, onde inimigos ocupam terraços. Movimentar-se entre as construções e sair atirando no exército de Brainiac pode até ser repetitivo, mas a sensação de poder transmitida pelo controle é uma boa compensação.

O puro caos

Quarteto protagonista de Suicide Squad: Kill the Justice League
Divulgação/Warner Bros.

Não é apenas Metrópolis que está tomada por um caos apocalíptico. Ao jogar Esquadrão Suicida, sua tela também será tomada por uma enxurrada de números e informações. Tudo é exagerado em cores e tamanhos, e a combinação desses fatores pode deixar o jogador desorientado; felizmente, é possível desativar vários dos elementos que poluem a tela.

Em meio a essas dificuldades, o combate ainda consegue se sustentar bem contra as hordas de inimigos. Cada personagem é equipado com duas armas de fogo, uma de corpo-a-corpo, e uma granada; num jogo que se aproxima muito do looter shooter, essas quatro ferramentas de luta vêm com enorme variedade, e é muito fácil diversificar seu estilo de gameplay para aquilo que mais te agrada.

Armas têm suas variações com diferentes buffs e habilidades passivas; granadas e corpo-a-corpo podem causar variados efeitos nos inimigos, como congelamento e queimadura. Portanto, sempre haverá um jeito novo de encarar os alienígenas.

Isso ainda se junta à óbvia proposta de ter quatro personagens jogáveis. O jeito que cada um deles se movimenta pelo mapa é bem único, consequentemente, batalhar com um ou outro também será bem diferente.

Arlequina em Suicide Squad: Kill the Justice League
Divulgação/Warner Bros.

De forma geral, movimentação e combate são bem crocantes, mas nem tudo são flores. O loop de gameplay propõe uma rotatividade grande de recursos e munição. Traduzindo, vencer inimigos demanda bastante de suas granadas e balas, mas os próprios inimigos também irão dropar bastante desses suprimentos. Nas batalhas contra chefões, isso se perde.

O primeiro chefão, uma espécie de torreta gigante, escapa disso ao trazer hordas de aliens consigo. Contra a Liga da Justiça, entretanto, houve mais de uma ocasião em que a luta se arrastava bem mais do que deveria por conta da dificuldade de encontrar recursos.

Esses confrontos não são inteiramente ruins, e conseguem entreter com um ou outro recurso diferenciado na gameplay, mas de forma geral há a falta de uma sensação "épica" em praticamente todas eles.

Explodam a cabeça!

Amanda Waller em Suicide Squad: Kill the Justice League
Divulgação/Warner Bros.

Desde o começo da campanha, o quarteto de protagonistas não tem qualquer controle sobre seu destino: Amanda Waller pode explodir seus cérebros ao clique de um botão — e ela faz questão de te lembrar disso em vários momentos, numa frequência que chega a ser chata.

Ainda assim, Waller e o Esquadrão brilham nos diálogos, no humor e, surpreendentemente, em cenas mais sérias. Debra Wilson passa toda a robustez que a personagem requer, mas consegue demonstrar as hipocrisias e fragilidades da militar. O mesmo vale para o quarteto protagonista, com destaque para Daniel Lapaine, o Capitão Bumerangue.

Os coadjuvantes também têm seu mérito, com destaque para a releitura de Hera Venenosa — ou só Hera mesmo —, que dá bastante leveza em suas cenas.

O carisma dos personagens é mais que suficiente para embalar uma campanha divertida, mesmo no modo singleplayer. Uma boa mistura de ação com momentos épicos e um humor escrachado, tudo ambientado no apelativo cenário apocalíptico, dá algum frescor para a repetitividade do combate. As piadas e diálogos às vezes se perdem no cringe, mas também acertam em cheio com momentos realmente intrigantes, deixando uma média satisfatória.

Vai durar?

Flash e Pistoleiro em Suicide Squad: Kill the Justice League
Divulgação/Warner Bros.

Como é de se imaginar em um jogo do gênero, a campanha de Suicide Squad termina com abertura para conteúdos futuros. Da mesma forma que fez para que os protagonistas ganhassem mais poderes, o roteiro se dobra para justificar uma continuação na jornada dos anti-heróis.

Fica claro que o jogo tem planos para grandes eventos no futuro, mas o péssimo lançamento no Steam é um indicativo que a Rocksteady pode sofrer para conseguir entregar tudo que está planejado para esse universo.

A chegada gratuita do Coringa pode ser uma boa sobrevida, mas a missão para sustentar o jogo com personagens jogáveis e vilões cativantes será bem difícil. A aposta mais certeira, provavelmente, seria em uma promoção agressiva para conquistar trios e quartetos de amigos para jogarem juntos.

Suicide Squad é repleto de mecânicas pensadas para o multiplayer, como emotes e um placar de pontos para cada missão. Ainda que não seja uma obra prima, o título funciona muito para um grupo de amigos procurando um jogo mais casual.

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O progresso no multiplayer é carregado para sua campanha singleplayer, e é possível visitar o "mundo" de seus amigos e realizar missões junto com ele. Enfrentei alguns travamentos curtos durante o gameplay online, mas nada que prejudicasse totalmente a diversão.

Deixando os preconceitos de lado, Suicide Squad: Kill the Justice League passa longe de ser a aberração que muitos pregaram. Movimentação e combate se misturam muito bem em uma história repleta de carisma; as falhas não são poucas, mas também não prejudicam a experiência de forma profunda.


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Suicide Squad: Kill the Justice League
  • Lançamento

    02.02.2024

  • Publicadora

    Warner Bros. Interactive Entertainment

  • Desenvolvedora

    Rocksteady

  • Censura

    18 anos

  • Gênero

    Ação

  • Testado em

    PlayStation 5

  • Plataformas

    Xbox Series X PC PlayStation 5

Nota do crítico