Review: Stray é uma perspectiva única de um cenário familiar

Stray é uma das maiores surpresas de 2022 e isso não é surpresa para ninguém. Não é em todos os anos que os gamers recebem um jogo no qual o protagonista é um gato. Porém, a proposta vai além de apenas uma jogabilidade diferente e traz um título de respeito, comedido e único.

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Desde seu anúncio, Stray chama atenção pela proposta de controlar um gato durante o jogo e isso é o maior traço de personalidade do game. Já após o primeiro segundo, é possível imaginar como será uma aventura tendo as habilidades de um felino, mas também seus reveses.

Stray é um jogo de aventura e solução de quebra-cabeças. Estes são elaborados de forma a possibilitar justamente que apenas um gato possa cumprir certos objetivos. Assim, o jogador deve pular, cair, entrar em locais apertados, miar, arranhar, correr… Enfim, fazer tudo que um gato faria.

Do mesmo jeito que obrigar o jogador a pensar como um gato é brilhante, as desvantagens também são claras, por várias vezes será necessário resolver diversos problemas apenas para abrir uma porta ou levar um objeto de um ponto para outro, por exemplo.

Stray é situado um um mundo cyberpunk no qual a principal ameaça são formas de vida chamadas “Zurks”, que promovem os únicos momentos intensos durante a jogatina. Porém, enfrentar esses monstros não vai muito além do “fuja, pule, siga”, com apenas breves momentos de soluções inteligentes para lidar com inimigos.

Além deles, drones de segurança também representam ameaça para o gatinho. Porém, além de promoverem breves momentos de furtividade, também não fogem de ser apenas NPCs que o perseguem e devem ser despistados.

Falando em seguir, o protagonista é acompanhado por um simpático drone chamado B12, que além de servir como um companheiro para a jornada, também auxilia na comunicação com os robôs do mundo do jogo.

Não apenas por ser apresentado pela história, mas as mecânicas utilizadas e aprendidas pelo drone assim como a facilidade na compreensão dos controles promove uma sensação de companheirismo sem igual. Isso ao ponto do jogador realmente sentir falta do amigo em breves trechos nos quais ele não está disponível.

Além de abrir portas e ajudar como guia da história, B12 e o gato desenvolvem uma amizade instantânea e, mesmo sem humor nas falas e poucos diálogos, essa relação serve para aquecer o coração de qualquer jogador.

Assim como o personagem, outra coisa que colocará sorrisos no rosto do jogador é a ambientação. Além da fase inicial que é situada em uma espécie de “mundo exterior”, Stray se passa todo dentro de um território cyberpunk, sem humanos, habitado por andróides que criaram suas próprias sociedades com bares, baladas, comércios e mais.

Ao lado da clara desolação representada, o ambiente repleto de neon e melancolia também serve para que o jogador se sinta como um gato, pequeno e quase impotente perante à intensidade das cidades, seja em trechos mais parados ou mesmo no centro, onde há NPCs passando para todos os lados.

A câmera do jogo também ajuda nessa entrega, muito por acompanhar o gatinho e fazer o jogador sempre ver as coisas de baixo, fazendo-o se sentir pequeno, ao mesmo tempo em que facilita o planejamento de rotas para subir, descer, fugir, entrar em estabelecimentos e afins.

A música também dá um show à parte em Stray. Quem é fã de gêneros como synthwave ou mesmo um grande consumidor de lo-fi vai se sentir abraçado pela trilha sonora que quase não abandona o jogador durante o jogo e faz tudo parecer crível, causando tristeza quando necessário, mas esquentando ainda mais momentos de ação e até ajudando em trechos reflexivos.

Em suma, Stray chama atenção e se destaca por puro merecimento. O game da Annapurna Interactive está longe de ser perfeito, mas a impressão causada é a de que demorará muito para uma proposta tão única ser tão bem entregue como o simulador de gatinho. O jogo é perfeito para quem busca uma experiência diferente sem deixar de lado clichês bem vindos de videogames do gênero.