Bandai Namco
Review: One Piece Odyssey até pode ser divertido, mas só para os fãs
É legal estar na companhia da tripulação de Luffy, porém a experiência está longe de ser inesquecível
One Piece Odyssey, primeiro grande lançamento da Bandai Namco em 2023, criou altas expectativas e fez muitos fãs esperarem por um bom RPG baseado na obra de Eiichiro Oda. De fato, a nova história original com os Piratas do Chapéu de Palha entrega muito para quem já adora o mangá ou anime, mas deixa a desejar quando não há bagagem prévia do jogador.
De fato, uma Odisseia
A narrativa de One Piece Odyssey parte do ponto em que a tripulação com Luffy, Zoro, Sanji, Nami, Usopp, Chopper, Brook, Robin e Franky se encontram próximos a uma “ilha misteriosa” chamada Waford. O grupo cai no local vítima de uma grande tempestade e, como na maioria dos arcos da história original, se vê obrigado a explorar.
Primeiramente, em busca de Nami e do chapéu de palha do protagonista, a tripulação adentra as florestas da ilha em uma aventura que parece inocente, mas que escala em importância quando menos se espera. Evitando grandes spoilers, os heróis são apresentados a personagens inéditos em Odyssey, mas a aventura leva até outras ilhas conhecidas por fãs da obra, como Water 7 e até Alabasta.
A trama é carregada de clichês, mas se afasta do óbvio com certas reviravoltas. Principalmente, no que envolve segredos dos novos personagens Adio e Lim. Fãs podem esperar mais presenças ilustres no decorrer da jornada de quase 30 horas, tempo necessário para terminar apenas a jornada principal, sem contar muitos objetivos secundários ou tempo de coleta de itens espalhados pelos mapas.
História é um brilho de Odyssey, mas a sensação é a mesma de ver um filme do anime tão adorado: é um enredo original, com começo meio e fim, com personagens já conhecidos há tempos, porém, não é algo que funcione para quem não já é fã da obra.
Muito disso se dá pelo foco em reviver experiências passadas dos membros do grupo. No decorrer da história, o bando é apresentado para a habilidade de “voltar no tempo” e lidar novamente com diversos problemas e vilões do passado (como tentar novamente salvar Ace, por exemplo). Tudo é extremamente emocionante e intenso para quem já viveu essas aventuras, mas não há apelo para quem nem sequer conhece os personagens.
Existem muitas conversas entre os personagens, mas nada que sirva como forma de conhecer esses heróis, então, não há quase nenhum ponto de entrada para novos interessados em One Piece, embora parte da proposta seja “recuperar as experiências” do grupo, que se vê sem poderes no começo da história.
Combates dramáticos
Como em todo bom JRPG, combate é um dos aspectos principais de One Piece Odyssey. De todo o grupo, é possível escolher quatro para o combate, e trocar livremente é uma opção. Cada herói representa um arquétipo (Velocidade, Técnica, Poder) em um sistema no qual cada um é forte contra o outro. Assim sendo, alvos devem ser bem definidos durante o combate, o que cria a necessidade de estratégias durante as lutas… Em teoria.
Embora as mecânicas sejam bem elaboradas a ponto de golpes também sofrerem com resistências específicas (habilidades relacionados ao charme de Nami não funcionam em máquinas, por exemplo), na prática, nada disso impacta tanto nas batalhas uma vez que quase nenhum inimigo oferece reais desafios à tripulação. Não será raridade ver jogadores simplesmente ativando a luta automática quando o recurso for desbloqueado e deixar tudo nas mãos da inteligência artificial.
Não há, também, um sentimento de progressão. Mesmo com a premissa dos personagens se "esquecendo" das próprias habilidades e buscando maneiras de se recuperar, todos os golpes voltam juntos e estão lá apenas para o prazer visual de ver os heróis usando suas técnicas mais populares com todo o poder de consoles da nova geração (mesmo com o título apresentando certos problemas para manter a taxa de quadros constante, mesmo no PS5).
Também não há muita personalidade traduzida em habilidade. Basicamente, todos os personagens possuem: uma habilidade para apenas um alvo, dano em área, dano em área para inimigos distantes, algo para aprimorar atributos, cura ou outro tipo de recuperação e... É isso. Será normal também acabar usando apenas uma ou duas habilidades para resolver qualquer combate e esquecer que as outras existem.
Como estímulo na hora do combate, o único recurso oferecido para refrescar, de certa forma, a experiência são as “Cenas Dramáticas”, lutas que acontecem em momentos da história que incentivam o jogador a lidar com algum “problema”, como curar algum aliado em perigo, eliminar um alvo específico o mais rápido possível e assim por diante. Mesmo nesses casos, infelizmente, as recompensas não são tão legais.
Explorar é papel de todos
Se uma metade do jogo é o combate, a outra é a exploração, e aqui existe mais desafio (para quem quiser buscar). Os mapas de One Piece Odyssey são amistosos e guardam segredos. A partir de certo momento, o jogo garante alguma liberdade para o jogador ir em busca de aventuras em vez de apenas seguir a história principal. Quem se importar com objetivos além do enredo pode encontrar bom divertimento assim.
Durante a exploração, o jogador controla um membro da tripulação, que também pode ser trocado livremente, e cada um oferece uma habilidade específica na hora de resolver enigmas. Luffy se estica para alcançar plataformas mais distantes enquanto Zoro pode cortar obstáculos com espadas.
Porém, não entre em One Piece Odyssey esperando por alta exigência de raciocínio e resoluções mirabolantes. Não há nada muito elaborado aqui, mas, como apenas o personagem com a habilidade necessária vê os obstáculos que a respectiva habilidade pode superar, o medo de sair sem ver algum item importante existe a todo momento.
As recompensas da exploração são o que faz valer a pena investigar além do caminho demarcado para a história. Procurar a fundo nos mapas pode resultar em cubos de upgrade de habilidades, acessórios para equipar os personagens e até itens cosméticos.
Uma nova aventura para os Chapéu de Palha
One Piece Odyssey oferece muito em questão de jogabilidade e exploração para quem quiser aproveitar, mas também tem uma clara rota para quem quer apenas terminar a missão principal e aproveitar uma nova história de One Piece.
Fãs têm um prato cheio em Odyssey: entre capítulos importantes, existem pausas para acampar, desfrutar dos banquetes de Sanji e até fazer festas com toda a tripulação. É algo que quem sempre quis fazer parte desse grupo vai aproveitar muito.
Toda a experiência é recheada de diálogos dignos de um arco do anime, os personagens inéditos ganham respeito e as memórias são extremamente tocantes para quem já acompanhou as viagens do bando. Porém, o título da Bandai fica devendo ao oferecer uma experiência que limita a diversão de quem não conhece a obra de Oda.
Hey, listen! Venha se inscrever no canal do The Enemy no YouTube. Siga também na Twitch, Twitter, Facebook e TikTok. Aliás, somos parceiros do BIG Festival, o principal evento de jogos da América Latina, que aproxima o público com o desenvolvedor de jogos. Vem saber mais!
- Lançamento
13.01.2023
- Publicadora
Bandai Namco
- Desenvolvedora
ILCA
- Censura
12 anos
- Gênero
RPG/Aventura
- Testado em
PlayStation 5