Just Cause 4 é… OK.
Não é um ótimo jogo, e em alguns momentos é difícil chamá-lo de bom, mas há um certo charme inegável no seu caos e destruição, e até um zen ao explorar a região de Solis com Rico Rodriguez suas asas planadoras.
Suas mecânicas de combate e exploração são relativamente simples, intuitivas, e capazes de criar combinações destrutivas. Infelizmente, elas estão amarradas a um jogo com um design estranho e repetitivo, ligado a uma progressão narrativa extremamente cansativa.
Em Just Cause 4, o jogador novamente controla o herói Rico Rodriguez, que agora deve utilizar sua capacidade de destruição e inspiração revolucionária na nação sul-americana fictícia de Solis.
Ao lado de sua companheira Mira, Rico tem como missão destruir o misterioso Projeto Illapa - que utiliza o clima como arma contra a população - e remover o ditador Oscar Espinosa e as forças do exército privado Mão Negra.
Para isso, Rico deve inspirar a população de Solis a se voltar contra os Espinosa e suas forças, juntando-se ao chamado Exército do Caos, retomando o país região por região.
A tomada de territórios é um elemento central da campanha de Just Cause 4. Durante a narrativa, o jogador deve liberar diferentes áreas do controle da Mão Negra, utilizando um sistema de Esquadrões para formar novas fronteiras de conflito entre os dois exércitos.
Para conseguir estes esquadrões, o jogador deve aumentar o medidor de Caos ao completar objetivos, fazer missões e atividades paralelas, e em geral tocar o terror entre as forças da Mão Negra.
O maior problema deste sistema, porém, está na sua ligação direta com a narrativa central do game: para iniciar uma missão da campanha, é preciso ter determinadas regiões do mapa tomadas; para tomar estas regiões, é preciso de Esquadrões; para ter Esquadrões, é preciso aumentar o medidor de Caos.
E este medidor é preenchido de forma lenta demais, a meu ver.
Tendo feito poucas atividades paralelas envolvendo acrobacias com a wingsuit, carros ou o que seja, minha principal forma de fazer com que a barra aumentasse era por meio de explosões e atacando instalações específicas da Mão Negra, essenciais para a tomada posterior deste território.
Em vários momentos, me sentia sem rumo e forçado a procurar e explodir o que fosse possível para que o Exército ganhasse um novo nível, não porque havia algum upgrade especial ou coisa do tipo, e sim para ganhar o número necessário para tomar uma área e finalmente prosseguir com a história.
Uma das sensações mais tristes de se ter é achar todas as explosões - de beleza ímpar, sejamos claros - cometidas por você entediantes, mas foram várias as vezes em que tinha que destruir uma estrutura não porque eu queria, mas porque precisava para aumentar os números da barra.
O lado positivo é que, conforme você toma novas áreas com o Exército do Caos, o número de Esquadrões necessários para conquistar a região ao lado diminui.
O ritmo da campanha também sofre muito com esta estrutura, já que você não pode avançar nas séries de missões sem tomar determinados territórios. Então você acaba tendo que parar tudo e fazer esta atividade paralela antes de voltar ao rumo principal.
Apesar dos pesares, Just Cause 4 continua brilhando como um playground de destruição, com o jogador podendo varrer tudo pelo seu caminho. Em seu arsenal, Rico traz novamente seu adorado arpéu, que além de continuar a poder ser preso em tudo - ambientes, veículos, pessoas, etc. - agora traz modificações em que é possível plantar balões em objetos (ou inimigos), e upgrades que ajustam a potência e elementos específicos destas novas habilidades.
O arsenal de Rico também é variado, indo desde simples metralhadoras e rifles até “canhões de vento” capazes de varrer tudo e todos a seu redor. Novos equipamentos e habilidades são desbloqueados e podem ser entregues via carregamentos de avião, mas é possível viver só do que os inimigos tiverem deixado em mãos.
Falando em canhões de vento, um dos principais chamativos do jogo eram os efeitos climáticos ao redor do mapa, mas tirando algumas regiões específicas onde tornados e tempestades parecem mais presentes, a maior parte das áreas parece pouco afetada por estes tipos de desastres naturais, ao ponto de parecerem mais um elemento secundário que acabou sendo
Graficamente o jogo é… estranho. Tendo jogado no PlayStation 4, partes do ambiente e efeitos parecem mais detalhados, mas outros elementos - principalmente os modelos de personagens - parecem ter regredido em relação a Just Cause 3.
Mesmo com todas estas críticas, Just Cause 4 diverte em seus momentos de caos e destruição desenfreada. Seu maior problema é principalmente de estruturação e ritmo, ao ponto de afetar mesmo toda a loucura explosiva do game.
É um jogo recomendável, dado que você tenha curtido jogos anteriores e não tenha muito em sua lista para serem jogados.
Just Cause 4 está disponível para PC, PS4 e Xbox One. A versão testada para este review foi a do PlayStation 4 normal.