Ubisoft
Review: Avatar Frontiers of Pandora não poderia ser mais genérico
A beleza do mundo dos Na’vi só serve de skin para missões repetitivas
Quando joguei Avatar: Frontiers of Pandora pela primeira vez, achei que o sentimento causado pelo jogo seria quase o mesmo dos filmes e que ficaria maravilhado pelo mundo dos Na’vi, mas, dessa vez, eu faria parte dele.
De fato, isso acontece, mas por pouco tempo. Afinal, o mundo de Pandora no game da Ubisoft se resume a missões repetitivas com os mesmos tipos de inimigos por mais de 15 horas, mas envoltas de florestas que são de deixar o jogador boquiaberto.
História longe de memorável
Em Frontiers of Pandora, o jogador está na pele de um membro do quase extinto clã Sarentu, criado pela R.D.A. desde o nascimento e, portanto, isolado da cultura Na’vi.
Em determinado momento, o enredo do jogo esbarra com o do primeiro filme da série e os membros da R.D.A. batem em retirada, forçando os Na’vi “em treinamento” a um sono criogênico, do qual são acordados anos depois.
Com esse plano de fundo, o personagem criado pelo jogador escapa e passa a ter contato com Na’vi e também grupos de humanos que lutam por Pandora, a Resistência.
Infelizmente, para quem busca um enredo mais elaborado do que isso, a história acaba por aqui. Há poucas interações com os antagonistas principais John Mercer e a General Angela Harding e, para além disso, a narrativa se resume a ajudar um Na’vi aqui, derrotar inimigos ali e destruir alguma estrutura R.D.A. que polui parte do mapa.
Claro, tudo é envolto da atmosfera de Pandora, mundo fantástico criado por James Cameron e isso ajuda a disfarçar o quão esquecíveis são os personagens do game, salvas poucas exceções — Priya, humana parte da resistência, por exemplo, é a amiga que todos gostariam de ter.
Salvando Pandora
Assim como nos filmes, a missão do protagonista é clara desde o começo: ajudar a Resistência e nativos de Pandora a expurgar os humanos do planeta, afinal, o único objetivo dos vilões é esgotar os bens naturais do local, assim como acontece na Terra.
Para isso, o jogador é apresentado a diversos tipos de missões que vão desde desabilitar veículos voadores lutando ao lado do Ikran — mecânica apresentada com pouco mais de 2 horas de jogo —, ou destruir entrepostos da R.D.A.
Aqui, alguns aspectos merecem elogios. Voos com Ikran são, tranquilamente, os melhores momentos de Avatar: Frontiers of Pandora. Se envolver em lutas contra helicópteros ou mesmo apenas atirar em inimigos do alto é memorável.
Já nos entrepostos da R.D.A., o jogador é recompensado caso consiga, por exemplo, destruir tudo (que envolve hackear aparelhos, abaixar manivelas e etc) sem ser percebido do começo ao fim, o que adiciona uma camada de desafio a mais nos objetivos.
Porém, é possível sentir que isso serve para mascarar a repetitividade das atividades. Vários dos entrepostos encontrados por Pandora são, quase literalmente, cópias uns dos outros, com os mesmos inimigos e objetivos, variando em dificuldade apenas pelo “nível” dos oponentes, desafio 100% artificial, já que a I.A. não parece mudar para ser mais agressiva ou coisas do gênero.
Obviamente, o jogador pode escolher sua abordagem e armas para usar (que também não são apresentadas em tanta variedade assim), mas, no fim do dia, as lutas são sempre contra o mesmo problema.
Há uma certa satisfação ao destruir um entreposto e concluir missões, sim. Ver as florestas em volta ganhando vida novamente e céu e água ficando limpos é interessante, mas, depois de 10 horas fazendo a mesma coisa, até essa recompensa passa a não ser o bastante.
O combate pode até salvar jogadores da “mesmice” de vez em quando, mas, sem muitas variedades, também não será difícil se sentir preso num loop ao ter que fugir ou destruir as mesmas armaduras com humanos dentro.
Se tornando um Na’vi
Outro aspecto que merece elogio é a ambientação. Fica claro o carinho com Pandora em si. Florestas são cheias de detalhes, com inúmeras formas de vida diferentes, relevo, verticalidade, árvores com raízes enormes, tudo favorece a locomoção do jeito mais livre possível.
Plantas se fecham ao sentir o jogador passando próximo, outras se defendem atirando veneno, animais se portam de formas distintas e afins.
Caçar, por exemplo, envolve aprender certos padrões de comportamento e se preparar de verdade para a atividade. Ler o guia de caça é quase obrigatório para definir a melhor forma de garantir uma presa. Seria interessante, apenas, ver essa mecânica mais intrínseca ao game e não apenas como os objetivos periféricos de cozinhar ou criar armaduras.
Não apenas isso, estruturas criadas para humanos são pequenas para os Na’vi e o jogador deve abaixar para entrar, NPCs humanos olham para o alto para dialogar, é tudo bem pensado para fazer o jogador se sentir, realmente, um alienígena azul com 3 metros de altura.
Vale a pena?
Enfim, o apreço pela criação de James Cameron é inegável do ponto de vista da estética. Andar ou voar pelas florestas de Pandora é uma ótima experiência e, sem dúvidas, é o mais próximo que qualquer um poderá chegar de se sentir um Na’vi.
Porém, esse primor visual serve para imergir o jogador em um loop de gameplay extremamente repetitivo e que nem tenta esconder esse fato. Missões sem profundidade, personagens sem impacto e narrativa sem inspiração fazem sentir que, para reviver a experiência de Avatar, a melhor alternativa é reassistir os filmes.
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- Lançamento
07.12.2023
- Publicadora
Ubisoft
- Desenvolvedora
Massive Entertainment
- Censura
16 anos
- Gênero
RPG/Aventura