A franquia Assassin's Creed é marcada por alguns jogos muito divisivos. Essa tendência já era indicada pelo próprio título original, lançado em 2007, que passou longe da unanimidade — aquela estrutura de buscar diálogos para saber até onde levar o lendário Altaïr Ibn-La'Ahad era complicada.

Ezio usa lança para lutar.

Dois anos após o primeiro jogo, fãs e novos jogadores foram presenteados com Assassin's Creed 2, o game que deu início à história do inesquecível Ezio Auditore. O assassino de Florença seria o protagonista de mais dois jogos dignos do nome da série: Brotherhood (2010) e Revelations (2011).

Foram anos extremamente felizes na história da Ubisoft, ao contrário dos últimos doze meses. A empresa era admirada por milhões de pessoas ao redor do mundo e, aos poucos, se tornava a mais revelante do segmento de jogos na Europa. Um feito impressionante, de fato.

Ezio convoca aliados.

Encerradas as jornadas de Altaïr, nas Cruzadas, e Ezio, na Itália Renascentista, a série tomaria um rumo preocupante em 2012. Em vez de adaptar períodos muito antigos na história do Ocidente, Assassin's Creed chegaria ao século XVIII, no contexto da guerra pela independência dos Estados Unidos.

Nunca, até aquele momento, Assassin's Creed havia se aproximado tanto do mundo contemporâneo. Era inevitável que isso fosse acontecer um dia, mas, para grande parcela dos jogadores, era cedo demais. Além disso, existia também o problema de encontrar um sucessor digno para Ezio Auditore — algo impossível.

Assassinos da revolução.

Os desafios eram enormes. Aliás, não bastasse a linha do tempo do passado, existia ainda a linha do tempo do presente, com o protagonista Desmond Miles. É verdade que as missões do presente nunca haviam sido grande coisa em Assassin's Creed, mas o terceiro jogo chutou o balde de vez.

De forma geral, a crítica nem foi tão dura com Assassin's Creed 3. Ainda assim, é fato que esse jogo marcou a primeira grande ruptura na franquia. Para muitos, Assassin's Creed já estava fazendo hora extra. Era necessário mudar totalmente ou parar.

Connor lutando.

Mesmo que, na época, eu mesmo fizesse parte do grupo que não se interessou pela jornada de Connor (ou, como a família dele o chamava, Ratonhnhaké:ton), é impossível olhar para Assassin's Creed 3 hoje com o mesmo menosprezo que se observava no período de lançamento.

Pense nas batalhas, por exemplo. Mesmo que continuassem fáceis demais, algo que nunca mudou, o nível de dinamismo do combate havia alcançado um patamar absolutamente frenético. Corpos de inimigos tombavam aos montes enquanto Connor, um dos heróis mais ágeis da série, fatiava os oponentes em sequência.

Connor no topo da árvore.

Também podemos destacar o fato de que Assassin's Creed 3 não trata os pais fundadores dos Estados Unidos como heróis infalíveis. Longe disso. Connor, o protagonista, se vê obrigado a lutar contra ambos os lados em guerra na busca por vingar aqueles que, de fato, eram os donos do território: os povos indígenas, dos quais ele fazia parte.

Um detalhe que não pode passar despercebido, aliás, é o fato de que jogadores controlavam, pela primeira vez na história, um templário. No caso, o pai de Connor, Haytham Kenway. Ou seja, durante boa parte do tempo, estávamos agindo em favor da opressão. Isso só tornava a transição para Connor melhor ainda.

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Não ouso dizer que Assassin's Creed 3 é o melhor jogo da franquia em qualquer aspecto além da jogabilidade — que, de fato, permanece como a minha favorita. Ainda assim, hoje, não consigo pensar nesse jogo como o título que marcou o começo da decadência da série. Depois dele, afinal, vieram dois jogos maravilhosos: Black Flag e, surpreendentemente, Rogue.

Esse posto desastroso de jogo que marca o começo da queda pertence mesmo a Assassin's Creed Unity, que merecia todas as críticas que recebeu.

O próximo Assassin's Creed, intitulado Mirage, deve ser lançado ainda em 2023. A promessa é da Ubisoft é de que a nova jornada volte às origens, com mais foco na furtividade do que em elementos de RPG. Por aqui, a expectativa está altíssima.


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