Fãs de Silent Hill estão entre os poucos que podem celebrar um retorno em escala tão ampla após todos os anúncios da Konami. Imagine como se sente quem sonha até hoje com a volta de Dino Crisis, por exemplo, e assiste às recriações de Resident Evil sem qualquer esperança da outra série da Capcom receber o mesmo tratamento.

Estacionamento clássico de Silent Hill 2.

Por um lado, é maravilhoso saber que, após 10 anos, a Konami parece estar pronta para voltar a Silent Hill com confiança. Ver as poucas cenas apresentadas da recriação de Silent Hill 2 foi de arrepiar. Aliás, até mesmo um dos jogos inéditos parece ter empolgado bastante parte da comunidade: o misterioso Silent Hill F.

Embora existam, portanto, razões para celebrar, é fato que existe ao menos um motivo bem fácil de identificar para a queda na qualidade dos últimos jogos de Silent Hill, lançados no final dos anos 2000 e começo da década de 2010: a transição para pequenos estúdios ocidentais. Isso, simplesmente, não funcionou. Somente o Team Silent original soube trabalhar bem os conceitos fundamentais da série até hoje.

Dois dos três jogos de Silent Hill anunciados pela Konami, incluindo a recriação de Silent Hill 2, estão sob responsabilidade de estúdios ocidentais. O remake ficou com o Bloober Team (de The Medium) e Townfall está sob responsabilidade de No Code (Observation) e Annapurna Interactive (What Remains of Edith Finch).

O enigmático Silent Hill f, cujo estúdio é o bem menos conhecido NeoBards Entertainment (Re:Verse), tem roteiro de um autor identificado pelo apelido Ryūkishi07. Situado nos anos 1960, no interior do Japão, o título se destacou dos demais por ser o único dos dois jogos inéditos com ao menos algumas imagens (consideravelmente perturbadoras, diga-se de passagem).

A prévia de Townfall, por outro lado, se resumiu à visão de um rádio com diálogo rolando ao fundo.

Deixando a série interativa e o filme de lado, que devem ser produzidos completamente à parte dos demais projetos, é impressionante que a Konami esteja pronta para voltar com tanta força. Afinal, faz tempo que não vemos jogos da empresa serem elogiados mundialmente fora da franquia Yu-Gi-Oh!, que é bem diferente de Silent Hill.

Os últimos anos da Konami, ainda que financeiramente positivos, não foram marcados, exatamente, por uma excelência notória no desenvolvimento de jogos. As intenções talvez sejam boas, mas a esperança vem acompanhada de profunda preocupação. Isso porque, se não der certo agora, talvez não dê nunca mais.

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Espero, de coração, que os estúdios citados neste artigo entendam a importância da série com que estão trabalhando. Eu estaria mentindo, inclusive, se dissesse que sou um grande fã das produções anteriores do Bloober Team ou do No Code, por exemplo. Torço pelo melhor, mas estou bem mais cético do que quando vimos o saudoso P.T.


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