Review: Civilization 7 pavimenta o futuro para os jogos de estratégia 4X

Com mais de trinta anos de franquia, Sid Meier's Civilization é, de longe, a principal referência entre os games de estratégia por turno. Depois de quase uma década do lançamento do Civilization 6, a expectativa entre os jogadores estava nas alturas quando o 7 foi anunciado. E, apesar de muitas mudanças que podem assustar os veteranos da série, Civilization 7 está pronto para guiar o caminho dos jogos 4X (abreviação de eXploração, eXpansão, eXtração e eXterminação) nos próximos anos.

Agregando diversos novos formatos a mecânicas já consagradas, a experiência de jogar Civilization 7 não deixa a desejar. Essas mudanças trazem um ar de revolução para o jogo, que deixa de ser aquela linha do tempo direta da Antiguidade até o Futuro ainda desconhecido. A nova dinâmica de eras - Antiguidade, Exploração e Moderna - fazem uma mesma partida parecer, em alguns momentos, três sessões de jogo diferentes.

Os jogadores mais veteranos e acostumados de Civ já passaram por aquelas partidas em que você faz absolutamente tudo certo desde o início e ainda pelo early game, você já está se destacando e dominando as civilizações rivais. No Civ 7, você continua tendo essa possibilidade, mas ao chegar ao fim da era e ter que lidar com as crises de transição de período, o jogo praticamente recomeça, trazendo a possibilidade de você carregar bônus especiais de acordo as suas conquistas - ou punições, caso não tenha cumprido os principais requisitos.

E assim é possível equilibrar um pouco mais a partida, tanto quando você está liderando, quanto naqueles momentos em que você não começou tão bem e precisa correr atrás do prejuízo. As eras, os seus legados, as características específicas e os bônus de cada uma deixam Civ 7 um pouco menos engessado do que seus anteriores.

Quando falamos dos líderes e das civilizações, mais uma outra grande revolução. A possibilidade de escolher seu líder e a cada era trocar a civilização a que ele pertence, cria inúmeras possibilidade de combos e dinâmicas diferentes para o jogador. Além disso, uma outra adição interessante vem de acordo com a sua experiência e conquistas jogando com os líderes. Quanto mais você joga com um personagem, mais xp você acumula com ele, podendo adicionar diferentes bônus antes mesmo de começar a partida, ganhando uma certa vantagem e adicionando ainda mais possibilidades aos muitos combos.

Ao longo de uma gameplay, vamos descobrindo algumas novidades que deixam o jogo mais fluido, como o fim dos construtores, que torna o controle do que está sendo construído e produzido na sua cidade mais simples. As interações com os povos independentes - que deixam de ser bárbaros como nos jogos anteriores - e com os líderes rivais ganham novos contornos e possibilidades com a adição da Influência, se juntando a ouro, cultura e ciência como pontos importantes para serem conquistados a cada turno.

Na parte gráfica e de áudio, apenas elogios também. O jogo está belíssimo, com um gráfico bastante fluido e menos cartunesco que do Civ 6. Ver as unidades caminhando pelo mapa, os novos rios navegáveis, a construção das maravilhas e os relevos e faunas espalhados pelo mapa continuam sendo um espetáculo a parte. Outro ponto alto do jogo é a trilha sonora, que te deixa totalmente imerso, com ritmos de acordo com o líder e a civilização que você escolheu.

Com a possibilidade de avançar por eras, com bônus, legados e conquistas exclusivas de cada líder e civilização, é de se esperar que o late game deixe o jogo ainda mais pesado e menos fluido, mas não é o que acontece. Obviamente o savegame demora mais tempo para carregar, o jogo perde um pouco da fluidez comparando com o início, mas é absolutamente normal e não atrapalha em nada a jogabilidade.

E falando em late game... Após atravessar cada era, os pontos de legado mostram em que "posição" você está com relação a seus rivais em Cultura, Economia, Militar e Ciência. Esses pontos são acumulados de acordo com objetivos atingidos em cada era. E são eles que vão te levar a vitória ou a derrota no fim da era Moderna. Claro que, para os sanguinários, sempre é possível aniquilar as civilizações vizinhas e dominar o mundo. Você também pode escolher jogar campanhas mais curtas, limitadas a uma era específica, o que abre algumas possibilidade para quem gosta de jogar online e competitivo.

Desde 2021, quando as últimas DLCs de Civilization 6 foram lançadas, a minha expectativa era muito alta pelo anúncio do 7. Especulei e imaginei muito sobre para onde a franquia iria caminhar, ainda mais quando vimos concorrentes como Humankind e Ara surgirem com novas mecânicas. Tudo isso apontava para uma incerteza sobre para onde a Firaxis iria apontar a franquia. Porém, no fim das contas, a espera, a ansiedade e a incerteza valeram muito a pena. Civilization 7 já nasce pronto para ser considerado um dos melhores jogos da franquia.

Com tantas mudanças, a pergunta que fica é: vale a pena jogar Civilization 7? E a resposta é a mesma, tanto para quem nunca jogou a série ou para quem é veterano. Sim, vale. Assim como em sua gameplay, Civ 7 segue a rotina da franquia de ser vanguarda e vai liderar uma nova era nos jogos de estratégia por turno.