No último dia 11 de abril, o Rio de Janeiro se tornou um centro de discussões sobre inovação com o início do Rio2C 2023, o maior encontro de criatividade da América Latina.
Até o dia 16 de abril, os participantes terão a oportunidade de conferir painéis abordando temas variados das indústrias criativas brasileiras, além de experiências em Inteligência Artificial, games e educação.
Com uma programação diversificada, o evento reuniu experts em tecnologias como Metaverso, Realidade Virtual e blockchain, além de grandes nomes do universo dos games, como Coringa, Cherrygumms, NinexT, Bertrand Chaverot, da Ubisoft, entre outros.
O evento promete não só oferecer aos participantes uma experiência rica em conhecimento, inovações e oportunidades de conexão, mas também traz chances para Startups e até um festival de música com workshops e mentorias.
Nos estandes, os visitantes podem conferir demonstrações de tecnologias avançadas, como Motion Capture usando Unreal Engine 5, para games e cinema, ou até interagir com robôs.
Confira abaixo os principais destaques do primeiro dia do evento.
GAMES: QUANTAS FASES FALTAM PARA O PROTAGONISMO NAS VERBAS DAS MARCAS?
No painel, o mediador BlackWill conduziu uma conversa com Sabrina Romero (gerente sênior de marketing na Vivo), Cynthya Rodrigues (sócia da G4B e especialista em game business) e Bruna Pastorini (sócia e Chief Strategy Officer da DRUID Creative Gaming). Eles exploram o crescente potencial do setor de games na economia, na publicidade e como as grandes marcas podem aproveitar oportunidades nesse mercado em expansão.
Os palestrantes falaram sobre como indústria de games tem crescido exponencialmente e, consequentemente, o potencial dessa mídia para a economia e a publicidade cresceu junto.
Esse setor, antes visto como um nicho, já se estabeleceu como um dos principais mercados no mundo e chama a atenção das grandes marcas. Cynthya Rodrigues reforçou a importância de transformar os games em algo mainstream, afirmando que "hoje, todos os tipos de pessoas amam games — o gamer não é mais aquele estereótipo do menino que come salgadinho no quarto escuro."
A crescente presença dos games na vida cotidiana das pessoas tem mudado a visão das marcas, que agora enxergam os gamers como consumidores que engajam e interagem mais do que outras categorias. Marcas como Itaú e O Boticário começaram a investir no universo dos games, ajudando a desconstruir estereótipos e tornar o segmento mais abrangente.
De acordo com os palestrantes, para entrar nesse mercado, as marcas precisam ter cuidado e conhecer bem o público-alvo. Sabrina Romero, gerente de marketing da Vivo, destaca a importância de entender quem são os gamers e de se atualizar constantemente, já que os perfis são diversos e estão em constante evolução.
Bruna Pastorine enfatiza a necessidade de as marcas traçarem estratégias focadas em diferentes nichos de gamers, criando mensagens específicas para cada comunidade e evitando abordagens genéricas. Assim, é possível criar uma conexão mais forte com o público. As marcas que não fazem isso são percebidas por esse público como forçadas e deslocadas.
Além disso, as marcas que investem no universo dos games não devem temer temas difíceis e devem, sim, usar verba para abordar temas importantes, como a equidade salarial entre jogadores e jogadoras e o assédio a mulheres no ambiente virtual, diz Sabrina Romero: "É fundamental que as marcas se posicionem de forma ousada e corajosa diante desses assuntos."
No entanto, ainda há desafios a serem enfrentados, como a falta de iniciativas de incentivo e a dificuldade em alcançar as camadas mais baixas da sociedade, onde o potencial de talento é enorme. Segundo Cintia, é necessário olhar para o jogador profissional como um profissional de fato, não como uma pessoa jogando games por brincadeira.
Para o futuro, é esperado que o universo dos games continue crescendo e se tornando cada vez mais presente na vida das pessoas. As próximas gerações não terão a discussão de "é gamer ou não é?", pois desde cedo já convivem com os games. Todos serão gamers, e a tendência para as marcas nesse mercado é que elas trabalhem cada vez mais em co-branding, unindo esforços para alcançar o público de forma mais eficiente.
Metaverso: Do Hype ao Mainstream - Desafios e Perspectivas
O painel "Metaverso: Quanto Tempo Levará Entre a Tendência e o Mainstream?" explorou o futuro do metaverso, o impacto disso na sociedade, tecnologia e publicidade, além de como a inovação, experiências presenciais e digitais, e o papel das marcas estão moldando esse novo cenário.
Lui Lima (ex-diretor criativo e estrategista no Meta), Lucas Reis (fundador e CEO da Zygon) e Thiago (investidor-anjo e mentor) abordaram diversos aspectos desse universo em expansão, desde a revalorização das experiências presenciais e digitais até a integração com tecnologias como a inteligência artificial.
Em 2023, passamos a ouvir muito mais sobre Inteligência Artificial, e parece que a buzzword do Metaverso perdeu muito do interesse do público e investidores. Mas Lucas Reis afirma que o ajuste da valorização do metaverso é algo esperado, conforme o hype inicial diminui.
"Inovação não acontece automaticamente, são ondas que vêm e vão", disse. Atualmente, o metaverso precisa de seu "momento ChatGPT", ou seja, uma interação simples e acessível que facilite sua adoção em massa. Mas isso ainda não aconteceu.
Muitos ainda tem dúvida a respeito de que se trata o Metaverso, justamente por não ainda não ter existido essa revolução intuitiva de seu uso. De acordo com Thiago, uma forma de descrever o que é metaverso seria: "Um mundo persistente onde, estando lá ou não, o mundo continua acontecendo."
Bons exemplos de metaversos vivos e lucrativos seriam Decetraland e até mesmo Roblox.
O Painel abordou ainda a monetização no metaverso pelas empresas, com os palestrantes destacando o potencial do varejo, que possui uma proposta de valor de fácil compreensão para monetizar rapidamente nesse ambiente.
Outros exemplos de exploração do metaverso são encontrados em diversos setores, como medicina e educação, com amplas possibilidades de aplicações. Além disso, turismo e mercado imobiliário também tiram proveito dessa tecnologia, pois podem proporcionar experiências imersivas e personalizadas para que os clientes possam conhecer, em VR ou AR, casas ou até mesmo diferentes tipos de cruzeiros antes de decidir a compra.
Sobre a mudança do foco do mercado de Metacerso para IA, segundo Lui Lima, o metaverso e a inteligência artificial não competem entre si, mas se complementam. Ele ressalta que é importante não descartar o metaverso, pois está presente nos games, NFTs e em outros contextos.
Thiago destaca que, para o sucesso da tecnologia, existe uma grande importância em conectar os diferentes metaversos, abrindo um mundo de possibilidades. Um exemplo seria utilizar os itens exclusivos que você adquiriu em um game no seu personagem em outro game diferente.
Outro ponto importante abordado foi que as pessoas passam cada vez mais tempo nos mundos digitais, sejam em apps de redes sociais ou em diferentes Metaversos. Como essa tegnologia ainda está na "infância", é importante discutir questões sociais e regulamentações para o Metaverso desde a concepção. Afinal, já existem casos de racismo e preconceito nesses ambientes.
"Para criar uma Web3 melhor que a Web2, é preciso promover a inclusão desde o início", avaliou Lucas Reis, que mencionou a criação de avatares que representem melhor as pessoas como um exemplo disso, além de ações e espaços seguros para grupos marginalizados dentro desses Metaversos.
Os palestrantes concordam que as experiências presenciais e digitais são complementares e continuarão coexistindo no futuro. O metaverso tem potencial para se desenvolver como um espaço de complementaridade; não de substituição da realidade física.
Em suma, o metaverso está em constante evolução, e o caminho para o mainstream ainda apresenta desafios e oportunidades. Cabe às empresas e indivíduos adaptarem-se a essa nova realidade e aproveitarem as possibilidades que ela oferece.
Rio2C
O primeiro dia da Rio2C 2023 contou com dezenas de outros paineis e palestrantes, incluindo a participação de Felipe Neto e João Pedro Paes Leme, no painel "C DE CONTEÚDO", que discutiu a transformação da indústria, a ascensão do YouTube e a reinvenção dos direitos esportivos.
O evento acontece até dia 16 de abril, e você pode acompanhar todas as novidades da Rio2C 2023 aqui no The Enemy.
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