
Divulgação/Ubisoft
Produtores queriam Kassandra como única protagonista de Assassin’s Creed Odyssey
Ideia foi vetada por equipe de marketing e por Serge Hascoët, ex-diretor criativo da Ubisoft, que sugeriram que protagonistas femininas não vendem, indica reportagem da Bloomberg
Lançado no final de 2018, Assassin's Creed Odyssey foi originalmente pensado com Kassandra como a protagonista única do jogo – a ideia, no entanto, foi vetada pela equipe de marketing da Ubisoft e por Serge Hascoët, ex-diretor criativo da produtora que deixou a Ubisoft neste mês após ser alvo de uma série de acusações de assédio.
O episódio veio à tona em uma reportagem de Jason Schreier publicada nesta terça-feira (21) na Bloomberg, relatando detalhes sobre a cultura tóxica e sobre os casos de assédio envolvendo líderes de estúdios da publisher. A publicação é baseada em relatos de mais de 40 atuais e ex-funcionários da Ubisoft.
De acordo com quatro produtores que trabalharam em Assassin’s Creed Odyssey, a inclusão de Alexios na versão final do jogo foi uma diretriz da equipe de marketing da Ubisoft e de Hascoët, que teriam sugerido que o jogo ter apenas uma protagonista feminina não venderia.
Segundo a publicação, desenvolvedores da eram obrigados a fazer concessões durante a produção dos jogos para evitar mudanças de Hascoët que poderiam ser negativas para os projetos – e que poderiam até levar ao cancelamento de games.
Hascoët, indica a reportagem, também mostrava um desdém frequente por narrativas lineares e por cenas de história inseridas entre trechos de gameplay para avançar a narrativa de jogos. Segundo os funcionários, roteiristas precisavam inserir personagens masculinos fortes para manter a atenção do ex-líder critivo do estúdio.
Além do episódio envolvendo Assassin’s Creed Odyssey, a reportagem relata uma série de outros casos de machismo e de assédio envolvendo o ex-executivo da empresa.
O anúncio do desligamento de Serge Hascoêt da Ubisoft veio à tona no último dia 10 de julho, quando a empresa confirmou que o diretor, além de Yannis Mallat, também da diretor de estúdios canadenses da Ubisoft, e Cécile Cornet, chefe global de recursos humanos, deixariam seus cargos.
As mudanças acontecem um dia após a publicação de reportagem do jornal francês Liberatión, sobre uma cultura de casos de assédio na publisher. A reportagem aponta Hascoêt como um dos principais acusados internamente por outros funcionários da empresa.
[ATUALIZAÇÃO]: Após a publicação da reportagem da Bloomberg, duas ex-funcionárias da Ubisoft que trabalharam em jogos de Assassin's Creed reforçaram a resistência por parte da equipe executiva em criar uma protagonista feminina para a franquia.
Marie Jasmin, desenvolvedora de interface de usuário atualmente na Bethesda, contou sobre sua experiência na Ubisoft Montreal.
"Eu estive no estúdio de Montréal de AC 2 até 10 (Origins) e executivos da Ubi diziam 'mulheres não vendem' TODAS AS VEZES", escreveu. "Eu estou impressionada com a equipe da Ubi Québec que lutou com unhas e dentes para fazer com que a Evie, e mais tarde a Kassandra, chegarem até a existir."
"Saibam que, antes delas, muitas batalhas foram perdidas."
Jill Murray, antiga roteirista da série, retweetou Marie Jasmin com sua própria declaração.
"O cavalheiro do editorial disse que 'o protagonista precisa ser um MACHO ALFA HÉTERO BRANCO" e sublinhou em um marcador vermelho, batendo o pé, para ênfase. Eu foi rebaixada sobre esta questão, e me demiti. Eu acredito que isso não possa ser interpretado como 'depreciativo' já que o estúdio estava orgulhoso disso."
- Lançamento
05.10.2018
- Publicadora
Ubisoft
- Desenvolvedora
Ubisoft