Com os finalistas na categoria de Melhor Jogo: Brasil no BIG Festival de 2021 definidos, o The Enemy conversou com as dez desenvolvedoras por trás desses jogos pra você conhecer melhor o cenário brasileiro e se interar de todos os competidores antes da premiação.
Nossa segunda entrevista traz os bastidores de Red Ronin, jogo desenvolvido por uma só pessoa e que mistura quebra-cabeças, combates em turnos e um universo cyberpunk com a melhor parte de Kill Bill: fatiar os traidores que te deixaram pra trás.
Red Ronin com certeza foi uma das coisas que eu mais gostei de jogar em 2021. Desenvolvido pelo maranhense Thiago Oliveira, o jogo mistura elementos de quebra-cabeça, combate em turno e muito deslize para fatiar seus inimigos em um cenário cyberpunk.
Entre 2016 e 2017, Thiago “estava de saco cheio” de jogos AAA e conheceu Hotline Miami, desenvolvido por Dennis Wedin e Jonatan Söderström. “Nos créditos aparece que o jogo tinha sido feito por duas pessoas e isso me deu motivação. Tentei fazer um Hotline Miami e não consegui”, disse o desenvolvedor em conversa com o The Enemy. Logo depois, ele passou a integrar diversas game jams para expandir suas habilidades antes de partir para um novo projeto.
Situado em um futuro cyberpunk, Red Ronin conta a história de Red, uma ronin (acho que vocês já esperavam por isso) que luta ao lado de seu robô Isaac buscando vingança contra seus ex-companheiros de crime que a deixaram para morrer depois de uma missão mal sucedida. O jogo tem diálogos irônicos e você aos poucos vai descobrindo mais sobre os antigos parceiros de Red e os acontecimentos por trás da tal missão que deu errado.
E a narrativa é bem baseada em Kill Bill, com diversas referências indiretas e outras bem diretas ao filme de Tarantino - Red Ronin literalmente tem sua própria versão dos “88 loucos”, cena icônica em que a protagonista Beatriz Kiddo fatia 88 inimigos sozinha.
“A ideia original para fazer o Red Ronin veio de outro jogo brasileiro chamado Next Jump. Eu joguei ele e vi que conseguiria fazer algo parecido com as habilidades que eu tinha na época. Ai como eu não conseguia fazer as animações de corrida eu acabei optando pelo movimento de dash. O jogo bebe bastante de Katana Zero, Akane, Kill Bill e Hotline Miami”, acrescentou Thiago.
Único representante do nordeste entre os finalistas de Melhor Jogo Brasileiro, o desenvolvedor falou da alegria de ter seu jogo reconhecido no evento. “Eu acho que é uma felicidade a mais. Estar de pé de igualdade, não que seja uma rivalidade, mas que a gente está em pé de igualdade no cenário de quem está há mais tempo”, disse. Além de Melhor Jogo Brasileiro, Red Ronin também foi indicado a Melhor Som.
De fato, Thiago não conseguiu fazer seu Hotline Miami, mas criou um jogo excelente e completo, com quebra-cabeças cada vez mais desafiadores, mecânicas diferenciadas para as duas personagens jogáveis e lutas criativas e inovadoras contra os chefes. Além de uma história cativante que termina em um gancho, gráficos muito bonitos e uma trilha sonora excelente feita por Vincent Colavita.
Red Ronin começou a ser desenvolvido em 2018, enquanto Thiago ainda tinha um “trabalho principal” e fazia o jogo em seus horários livres. Com o começo da pandemia em 2020, o dev foi demitido e utilizou um dinheiro que tinha guardado para conseguir finalizar o jogo.
Thiago fez 90% de Red Ronin sozinho, desde programação, pixel art, marketing e distribuição, tendo a colaboração de Colavita na trilha, de André Luiz no roteiro, Amanda Arts e Leonardo Soares em artes adicionais e Nuninho Neto na parte de teste de qualidade.
“Não sei como seria se eu tivesse que dar parte do lucro para um artista full time ou outra pessoa que estivesse full time comigo”, contou.
Entendendo hoje o difícil cenário de ser um desenvolvedor no Brasil, Thiago não tem receio de dizer que faria, sim, muita coisa diferente em sua trajetória. “Se eu pudesse voltar no tempo eu tentaria não fazer um jogo que demorasse mais de dois anos. A lição que fica é que vou fazer jogos menores, vou tentar acertar um escopo reduzido, porque se der errado não dá tão errado”, desabafou o desenvolvedor.
E já podemos ter uma ideia dos próximos passos do dev. Recentemente, em seu twitter, Thiago anunciou seu futuro projeto: Upaon: A Snake’s Journey, uma mistura do tradicional jogo da cobrinha com mecânicas de Sokoban (aquele jogo de empurrar as caixas).
Mas as portas ainda não se fecharam para Red Ronin. O jogo já tem uma versão confirmada para o Nintendo Switch e também pode sair para outros consoles e mobile, dependendo de seu sucesso na Steam.
Então cabe a mim pedir para você, que agora conhece mais um pouco da história do Kill Bill cyberpunk e de Thiago, divulgar esse texto, comprar e jogar Red Ronin e também colocar o jogo em sua Lista de Desejos da Steam.
O BIG Festival de 2021 acontece entre os dias 3 e 9 de maio de maneira digital e gratuita para o público, que poderá testar os jogos, conversar com os desenvolvedores e assistir palestras. A premiação de Melhor Jogo: Brasil e demais categorias do evento será transmitida no dia 6, a partir das 21h30 (horário de Brasília).
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