"EA Sports FC" é registrado em meio a discussões de mudança de nome para FIFA
Reportagem do New York Times indica que EA e FIFA brigam por valor e limites do licenciamento
A Electronic Arts, que já declarou abertamente que considera alterar o nome FIFA de sua popular franquia de jogos de futebol, registrou a marca para "EA Sports FC" no Reino Unido e União Europeia, indicando um possível substituto para o título da série.
De acordo com o site VGC, a publisher registrou a marca no Escritório de Patentes do Reino Unido em 1º. de outubro, e seu equivalente da União Europeia em 4 de outubro.
O interesse da EA em mudar o nome de sua franquia de futebol, que conta com "FIFA" desde o primeiro game da série em 1993, ficou conhecido publicamente na última semana com uma publicação no blog oficial da empresa assinada pelo gerente geral da EA Sports, Cam Weber.
"Ao olharmos em frente, também estamos explorando a ideia de renomear nossos jogos de futebol da EA SPORTS globais", escreveu Weber. "Isso quer dizer que estaremos revisando nosso acordo de direitos de nome com a FIFA, que é separado de todos os nossos outros parceiros oficiais e licenças por todo o mundo do futebol."
De acordo com uma nova reportagem do New York Times, a iniciativa da publisher em mudar o nome da franquia seria devido a uma disputa entre ela e a própria FIFA, predicada tanto no valor da licença quanto seus limites.
"O cerne da disputa é financeira", diz a reportagem de Tariq Panja. "A FIFA almeja mais do que o dobro do que recebe atualmente da EA Sports, de acordo com pessoas com conhecimento sobre as negociações, um valor que aumentaria o pagamento da série para mais de US$ 1 bilhão para cada ciclo de quatro anos entre Copas do Mundo."
Não só isso, "a FIFA preferiria manter a exclusividade da EA para parâmetros limitados relacionados ao uso em jogos de futebol, muito provavelmente para procurar novas fontes de renda para os recursos que manteria. A EA Sports, por outro lado, defende que a companhia pode explorar outras avenidas dentro do ecossistema de videogames da FIFA, incluindo destaque de jogos reais, torneios de jogos e produtos digitais como NFTs."
De acordo com a reportagem, ao limitar a exclusividade da EA, a FIFA poderia formar parcerias com outras produtoras de games — como a Epic Games, de Fortnite — para diferentes produtos, sem a necessidade de repartir os lucros com a publisher.
Peter Moore, antigo executivo da EA Sports (e Sega, e Xbox, e Liverpool...), indica que isso seria um ponto de contenção significativo dentro da produtora de games.
"Eu diria: 'Espera um segundo: nós literalmente gastamos centenas de milhões de dólares construindo isso e você está me dizendo que a Epic Games pode chegar e adquirir uma licença para o nome que nós montamos, colocamos na frente de tudo e que virou sinônimo com games?'", declarou ao NYT. "Daí sim, vou negociar e lutar por isso."
O fim do acordo, que já dura décadas, seria danoso para ambas as partes, mas ao que tudo indica a EA estaria disposta a sofrer o risco, já que conta com diversos acordos de licenciamento com ligas e torneios de futebol pelo mundo (incluindo LaLiga, Bundesliga e Libertadores), e com órgãos como o FIFPRO, maior representante global de atletas profissionais de futebol, cuja parceria foi renovada nesta terça (12).
Já a FIFA poderia sofrer com o fim da licença, perdendo uma de suas grandes fontes de renda e impedindo planos de expansão da organização para o futuro.
O fim das negociações, positiva ou negativamente, deve ser concluída até o fim do ano.
FIFA 22, novo jogo da série, já está disponível, e você pode conferir nosso review, que declara: "Muitos costumam falar que os jogos de futebol são apenas atualizações da versão anterior, mas isso não é o que realmente acontece, e FIFA 22 não faz nada de revolucionário, mas consegue renovar e reformular diversos aspectos problemáticos das edições anteriores, de aspectos da jogabilidade ao modo Carreira — tanto do jogador quanto treinador."