Após cancelamento de Anthem e sucesso de títulos como Jedi Fallen Order e Apex Legends, Laura Miele, chefe de estúdios da Electornic Arts afirmou que a empresa está caminhando para garantir maior liberdade criativa para seus estúdios. Em entrevista ao IGN, a atual CSO comentou sobre o futuro da EA, e como é supervisionar mais de 6000 desenvolvedores trabalhando nos mais diversos projetos.
Não é de hoje que a imagem da Electronic Arts é carregada do estigma de monetizar títulos com práticas predatórias, forçando estúdios a inserir esse formato de monetização dentro de seus títulos, muitas vezes descaracterizando franquias inteiras, e transformando algumas delas em jogos gachapon, formato extremamente comum no mercado mobile, mas com a diferença de terem preços cheios e orçamentos de produção altíssimos.
Ainda que a EA não seja a única empresa a forçar essas práticas dentro dos estúdios que detém, foram alguns de seus títulos, como Star Wars: Battlefront, que causaram ostensiva reação do mercado, forçando os estúdios responsáveis a reestruturar a mecânica de monetização dentro dos jogos, caso contrário os títulos poderiam ser enquadrados como jogos de azar, levando a alteração da classificação ou mesmo proibição dos mesmos em algumas regiões.
Em contrapartida, títulos como Apex Legends e Jedi Fallen Order, todos da Respawn Games, se tornaram alguns dos jogos mais prolíficos da história recente da EA, principalmente por não sofrerem essa intervenção direta em sua produção, tendo garantida a liberdade criativa do estúdio, e segundo Miele, essa é uma abordagem que a empresa pretende estender a cada vez mais estúdios.
Exemplo disso é a atualização sobre a produção do novo Dragon Age, que em seu anúncio original foi tratado como um novo jogo como serviço, e recentemente foi divulgado que a produção abandonou essa estratégia e pretende desenvolver o quarto título da série como uma história single player focada em narrativa, estrutura que sempre foi o destaque da franquia.
Quando questionada sobre os jogos de esporte da empresa e seu formato sobrecarregado de micro transações, Miele afirmou que todas as críticas estão sendo levadas em consideração, mas não é simples e imediato fazer uma alteração em franquias do porte de FIFA e Madden e já estabelecidas no formato atual leva mais tempo. Em contrapartida, o lançamento das versões remasterizadas dos Command & Conquer clássicos, e o anúncio de um novo jogo da série Skate, já são indícios que a comunidade vem sendo ouvida, especialmente levando em consideração a forma como a versão remasterizada de C&C foi desenvolvida, com envolvimento e feedbacks constantes da comunidade, buscando entregar não apenas uma versão do jogo que atualizasse a jogabilidade para o cenário atual, mas também minimizasse problemas que eram extremamente criticados nos títulos originais.
Enquanto publisher, a palavra final ainda será da Electronic Arts, e ter um representante oficial declarando publicamente que a empresa está mudando algumas de suas práticas, ainda que possa servir para acalmar especuladores, também pode se tornar uma campanha negativa caso isso não se confirme na prática.
Ainda não se sabe em estágio de desenvolvimento está o novo Dragon Age, mas direcionar recursos e pessoal para produção de outras franquias já estabelecidas, como Mass Effect, Titanfall e o próprio Dragon Age, foi uma das justificativas para o cancelamento de Anthem, então talvez essa combinação de aumento de recursos e diminuição de intervenção direta no setor criativo acelere um pouco as coisas.