Uma nova reportagem da Bloomberg, publicada neste sábado (16), explora mais dos problemas de desenvolvimento de Cyberpunk 2077, com entrevistas e declarações indicando um ambiente disfuncional, cercado de problemas de comunicação e gerenciamento, e marcado por longas horas de trabalho na CD Projekt RED.

A matéria do jornalista Jason Schreier diz que o desenvolvimento do projeto começou propriamente em 2016 - apesar do anúncio inicial de 2012 -, após o lançamento de The Witcher 3: Wild Hunt, quando o diretor do estúdio Adam Badowski tomou as rédeas do jogo.

O game era um projeto ainda mais ambicioso do que seu predecessor, com um novo mundo, perspectiva e tecnologias diferentes das aplicadas na trilogia de Geralt de Rívia. De acordo com a reportagem, Badowski queria mudanças significativas em termos de história e gameplay dos conceitos elaborados na pré-produção.

Isso levou a um embate entre a direção e diversos veteranos da equipe de The Witcher 3, que levou à saída de diversos membros do estúdio.

Adrian Jakubiak, antigo programador de áudio da CD Projekt e que escolheu não deixar seu nome anônimo, relembrou a ser entrevistado de um colega perguntar como a companhia planejava fazer um projeto mais ambicioso tecnicamente que The Witcher em um período de desenvolvimento similar.

"Alguém respondeu: 'Vamos descobrindo pelo caminho", declarou. Esta era, de acordo com as fontes, a mentalidade da companhia após o sucesso estrondoso de The Witcher 3.

"Eu sabia que não ia terminar bem", continuou Jakubiak. "Eu só não sabia o quão desastroso seria."

A data de lançamento também foi algo chocante para a equipe, de acordo com fontes. A matéria relata que, pelo ritmo do desenvolvimento, um entrevistado achou que o jogo seria lançado apenas em 2022, e que a data de lançamento revelada na E3 2019 por Keanu Reeves era uma piada.

Mas, para não perder o bonde entre as gerações do PS4/Xbox One e PS5/Xbox Series, a CD Projekt queria lançar o game para o máximo de plataformas possível - mesmo com muitos dizendo que o título era ambicioso demais para o hardware dos consoles da antiga geração - o que, a este ponto, tem se provado correto.

Outro aspecto destacado durante a reportagem é o ciclo de trabalho dentro do estúdio, que já era marcado por horas extras e ritmo constante.

"Havia épocas em que eu fazia crunch de até 13 horas por dia — um pouco mais do que isso foi meu recorde, provavelmente — e eu trabalharia 5 dias por semana dessa forma", explicou Jakubiak, que deixou a CDPR após se casar. "Eu tive alguns amigos que perderam suas famílias por causa desse tipo de brincadeira."

A reportagem indica que não havia uma política claramente instituída de crunch até o fim de 2020, mas que para todos os propósitos diversos desenvolvedores já trabalhavam em um ritmo de horas extras constantes anos antes do lançamento do jogo.

A matéria de Schreier também cita conflitos entre os desenvolvedores e a gerência, com um dos grandes exemplos sendo a demo da E3 2018 que impressionou o público e imprensa, que de acordo com o texto era "quase inteiramente falsa".

"A CD Projekt ainda não havia finalizado e codificado os sistemas de gameplay, e por isso que tantos elementos, quanto emboscadas de carros, estavam faltando do produto final", diz a matéria. "Desenvolvedores disseram achar que a demo foi um desperdício de meses que deveriam ter ido no desenvolvimento do jogo."

Este ponto em particular foi levantado pelo próprio Adam Badowski em seu Twitter, respondendo a matéria ao dizer que a demo não era falsa:

"É difícil fazer uma demo de conferência não ser uma visão ou corte vertical dois anos antes do lançamento do jogo, mas isso não quer dizer que era falsa", escreveu. "Se você olhar para a demo agora, é diferente sim, mas é para isso que serve a marca d'água de 'trabalho em desenvolvimento'. Nosso jogo final parece e joga melhor do que a demo em qualquer momento."

Badowski também disse que os elementos de gameplay presentes na demo e fora do jogo devem-se ao processo de desenvolvimento em si.

O chefe do estúdio, porém, não se pronunciou sobre elementos como o ritmo de trabalho da companhia, ou o planejamento de datas de lançamento do game. Anteriormente, Badowski disse a investidores que o crunch da empresa "não é tão ruim", tendo que se desculpar aos funcionários posteriormente.

A matéria termina dizendo que desenvolvedores e ex-desenvolvedores acham possível que os glitches e problemas gráficos e de performance do jogo sejam corridos com o tempo, mas ainda é uma incógnita quando o jogo voltará à PlayStation Store.

  • Lançamento

    10.12.2020

  • Publicadora

    CD Projekt

  • Desenvolvedora

    CD Projekt RED

  • Censura

    18 anos

  • Gênero

    RPG

  • Plataformas

    PlayStation 4 Xbox One Xbox Series X PC PlayStation 5 Xbox Series S