Nesta segunda (4), a Electronic Arts lançou de surpresa APEX Legends, mais novo shooter do estúdio Respawn Entertainment, responsável pela série Titanfall.
Nova aposta da publisher no mundo dos jogos por serviço multiplayer, o novo game da Respawn adota diversos aspectos de games de sucesso da atualidade, sendo um Battle Royale tático entre equipes, e com personagens com habilidades próprias, no modelo de Overwatch.
À convite da EA, The Enemy teve oportunidade de jogar o game e traz impressões iniciais deste novo projeto dos criadores de Titanfall.
Nova iniciativa
De acordo com a Respawn, APEX Legends teve seu desenvolvimento iniciado logo após Titanfall 2, com uma game jam interna do estúdio que serve para atiçar a criatividade dentro do estúdio.
"Na mesma época Battle Royale começou a ficar popular, muitos de nós somos gamers, adoramos shooters então muito de nós estamos jogando estes jogos e alguns designers criaram um protótipo com a ideia de: 'O que aconteceria se fizessemos um mapa grande?'", explicou o gerente de comunidade da Respawn, Jay Frechette, em entrevista ao The Enemy. "Vamos colocar um monte de jogadores aqui e ver o que acontece. Se for divertido, ótimo, se não, vamos jogar fora e tentar outra coisa."
"Eu nunca vou esquecer aquele teste", relembrou ele. "Logo de cara, eu queria continuar jogando."
Toda esta influência é visível, já que a estrutura básica de APEX Legends não foge muito do típico Battle Royale: 60 jogadores são lançados de um avião e caem de paraquedas em uma enorme ilha, repleta de ambientações diferentes. A partir daí, eles devem procurar armas e equipamentos para eliminar oponentes, até que sobre apenas um vencedor.
As diferenças começam na divisão de jogadores já que, ao contrário de games como PUBG e Fortnite, em que o jogador pode escolher modos solo ou em equipe, APEX Legends é mais voltado para o planejamento tático, sendo possível jogar apenas em esquadrões de 3 pessoas.
Não só isso, como em Overwatch e Rainbow Six: Siege, o game conta com personagens únicos, cada um com suas próprias habilidades especiais e particularidades.
Mirage, por exemplo, é capaz de criar cópias de si mesmo para confundir inimigos; Lifeline é a médica, trazendo consigo não só um drone para curar seus companheiros, como também a habilidade de chamar uma cápsula que pode trazer itens raros e necessários para seguir em frente.
Isso cria uma dinâmica diferente, em que jogadores podem combinar habilidades e estratégias para vencer conflitos contra outros esquadrões: usando Mirage, por exemplo, é possível atrair oponentes para uma área fechada, levando a uma emboscada com Caustic, que é capaz de plantar barris cheios de gás venenoso.
Sem titãs
Apesar de se passar no universo de Titanfall - de acordo com a Respawn, o game se passa 20 anos após os eventos de Titanfall 2 -, não espere que a jogabilidade seja exatamente a mesma dos outros shooters da Respawn.
É lógico, há uma certa conexão entre os games, especialmente em relação às armas e equipamentos, além de outras referências a organizações como a IMC espalhadas pelo mapa. Porém, engana-se quem espera simplesmente por um Titanfall com roupagem de Battle Royale.
A diferença mais notável é que, bom... O jogo não tem nenhum Titan acessível aos personagens, pelo menos por enquanto.
Não só isso, embora alguns mostrem agilidade semelhante a dos pilotos dos robôs gigantes, e a habilidade de deslizar certamente relembre a movimentação dos outros jogos, cada Legend - como são conhecidos os personagens do jogo - tem seu próprio estilo a ser explorado e dominado.
De acordo com Frechette, este nem sempre foi o caso, com os protótipos iniciais lembrando os loadouts de Titanfall, até que a ideia de criar personagens com habilidades próprias começou a tomar forma.
"Este é o jeito da Respawn, nós basicamente vamos atrás deste gameplay", declarou.
Por isso, goste ou não, APEX Legends não é apenas um modo Battle Royale com roupagem de Titanfall, embora os elementos daqueles shooters ainda estejam presentes de uma forma ou de outra dentro do novo game.
Modelo de negócios
Pelo que a apresentação e comentários dos desenvolvedores indicam, APEX Legends também é a tentativa da Respawn e da EA em emplacar um jogo online competitivo como serviço, podendo servir até de complemento para Anthem, que não tem foco em ação PvP.
O game está disponível gratuitamente, e conta com diferentes formas para desbloquear conteúdo, com diferentes moedas dedicadas apenas para conteúdos cosméticos, como skins de armas e visuais de personagens, uma moeda premium, comprada com dinheiro real, e uma loja especial para itens.
Além disso, como Fortnite, o game conta com um Battle Pass especial, e loot boxes com itens randômicos, ao estilo de Overwatch.
Algo a se notar também é que, além de uma leva inicial de personagens disponíveis para os jogadores, será preciso desbloquear Legends adicionais, seja com uma das moedas ganhas durante as partidas, ou com dinheiro de verdade.
Durante a apresentação, a equipe da Respawn tentou ao máximo reforçar que entendem como certos modelos de monetização deste tipo de jogo podem ser vistas como predatórias, e especialmente a reputação negativa que a EA em relação a isto, como ficou claro com Star Wars: Battlefront II.
Em um ambiente controlado, porém, fica difícil saber o tempo necessário para desbloquear não só as skins mais raras, como os próprios personagens extras do jogo.
O futuro dirá
Após algumas horas de jogo, ainda acho difícil saber qual será o destino real de APEX Legends.
As mecânicas de combate e movimentação são bem trabalhadas - como seria de se esperar de um estúdio formado de veteranos de Call of Duty e Titanfall -, e a inclusão de personagens com habilidades específicas e um foco relativamente maior nos elementos táticos e entrosamento de esquadrão ajudem a diferenciar de outros Battle Royale.
Além disso, o fato de poder ser baixado gratuitamente certamente vai ajudar a expandir seu núcleo inicial de jogadores, mesmo (ou até por causa) de certos elementos estarem bloqueados, como alguns dos Legends.
Ainda assim, a este ponto o setor de jogos Battle Royale parece ser dominado por Fortnite e PUBG, com Call of Duty: Black Ops 4 correndo por fora ao oferecer o modo Blackout em seu pacote.
A este ponto, é possível que o jogo tanto encontre um público fiel, que goste da mistura de Battle Royale com elementos de Titanfall e Overwatch, como naufrague ao estilo de games como Evolve e Battleborn.
De qualquer forma, a Respawn tem grandes planos para o jogo, com temporadas trimestrais que prometem trazer novos itens, skins, personagens, e talvez até coisas extras (um novo mapa, talvez?)
APEX Legends tem versões para PC, PS4 e Xbox One.