Frictional Games
Amnesia: The Bunker nos conta a história de maneira inusitada
Acontecimentos contados pelos mortos.
Lançado em junho, Amnesia: The Bunker continua o legado da Frictional Games em proporcionar experiências de terror pavorosas – no melhor sentido possível. Diferente dos demais, porém, o último jogo se destaca por um motivo surpreendente: a história é contada de forma inusitada, e bastante mórbida.
Isso porque os mortos são responsáveis por toda a narrativa. Se for curioso o suficiente, o jogador pode unir as peças do quebra-cabeça ao associar cartas e itens aos corpos e, assim, descobrir a verdade por trás do massacre no abrigo subterrâneo.
É impostante avisar que o pois o conteúdo a seguir não apenas é trágico, como pode ser deixar uma forte impressão.
A história de cada cadáver
Quando Henri Clément desperta com amnésia, os corpos de seus companheiros abarrotam os corredores. Sendo assim, quase não há uma linha de diálogo no jogo -- mas você deve ter notado que sempre há um item a ser encontrado perto dos cadáveres.
O item mais frequente é o colar identificador de soldado (“dog tag”), colecionáveis essenciais se você quiser sobreviver para ver a luz do dia outra vez. Afinal, o verso dos colares contém códigos de fechaduras que dão acesso a munição, combustível e mais.
Contudo, o verdadeiro valor das “dog tags” está na identificação dos corpos. Somente ao somá-las às cartas, memorandos e diários que Henri encontra que você terá contato com os acontecimentos do abrigo. Caso ignore este aspecto do jogo, The Bunker se resumirá a uma luta pela sobrevivência, pois o jogador ficará totalmente alheio à história do game.
Por exemplo, há a história de Foreman Stafford. O soldado corresponde a um dos corpos mais isolados do bunker, localizado na Casamata (Pillbox). Diferente dos companheiros de fronte, Stafford parece ter sido morto por um sniper alemão, pois um de seus olhos está dilacerado por um tiro.
Os arquivos revelam que Stafford era responsável pela distribuição de mantimentos e manutenção do abrigo. Sendo assim, o soldado estava no grupo que investigou o túnel para as antigas ruínas romanas foi descoberto, onde fez anotações sobre as estranhas mutações sofridas pelos ratos.
Em uma carta específica, Stafford escreve para um de seus companheiros mortos, Gavin, com quem aparenta ter sido próximo. Mesmo já morto, o soldado se preocupa com o amigo ao ponto de lhe dedicar uma carta, em que pede desculpas por ter queimado seu corpo – uma medida necessária para evitar a aglomeração dos ratos mutantes.
O prisioneiro alemão
Outra história revelada por item é a de Karl Springer – conhecido em um primeiro momento como “Prisioneiro #73014”. Trata-se do último sobrevivente do abrigo além de Henri.
Encontramos Springer na Prisão. Amarrado a uma cadeira e com o rosto coberto por um saco de pano, ele implora, em alemão, pela ajuda do jogador. Por mais que tenha sido “protegido” pelas barras que o separam da liberdade, o prisioneiro pode ser aniquilado pelo monstro a qualquer instante, caso decida estourar a parede da cela.
Um alicate de grande porte está encostado sob um banco ao lado de Springler. O jogador precisa do item para destrancar diversas portas do abrigo mas, mais interessantemente, o alicate sugere os horrores que o prisioneiro passou nas mãos do Sargento Reynard.
Em uma carta de Reynard enviada para o Major Delpy, o Sargento conta que começou o processo de “interrogação agressiva” do Prisioneiro #73014.
“Espero que os gritos não tenham tirado seu sono”, descreve Reynard, que também recorreu à tortura psicológica para atormentar o alemão. Por mais que a tortura fosse insuportável, Springler não deixou de repetir que era apenas de um soldado.
O coelho e o monstro
Por mais que a história do abrigo seja formada por acontecimentos horrendos, nenhuma delas é mais trágica do que a de Augustin Lambert, o melhor amigo do protagonista. Trata-se do NPC de óculos que ajuda o jogador na primeira cena do jogo.
Por mais que procure, você não encontrará o corpo de Lambert, e há um motivo para isso. Tudo começa no momento em que o soldado se perde durante uma patrulha noturna e cai em um fosso próxima ao abrigo.
Como mostrado na cinemática de introdução, Henri encontra Lambert e lhe dá a estranha água do fosso de beber. A partir de então, como descobrimos nos relatos desesperados dos soldados, Lambert passou a ter episódios bastante atípico.
No final do game, quando alcançamos o fosso, há um coelho de pelúcia bem no local onde Lambert é encontrado na cutscene. Caso atire o coelho na direção do monstro que assola o bunker, o jogador presenciará uma cena surpreendente.
A criatura para e olha para o coelho, levantando-o com uma de suas mãos. Ouse-se um choro baixinho enquanto o monstro encara a pelúcia, apenas para atirá-la logo depois e disparar imediatamente para o buraco na parede mais próximo.
De acordo com o diário de Lambert, o coelho é um presente para o seu filho, de forma que o soldado não voltasse do fronte de mãos vazias. Isso parece sugerir que Lambert, mesmo transformado no monstro que matou todos os habitantes do abrigo, ainda possui resquícios de consciência.
É uma história sutil mas poderosa, que poderia passar totalmente despercebida sem a devida investigação.
LEIA MAIS
- Jogos de Xbox One e Xbox Series com descontos de até 90%
- Resident Evil e mais: Os melhores jogos de terror de todos os tempos
- The Witcher: A morte que só quem jogou o segundo jogo sentiu
Amnesia: The Bunker está disponível para PS4, PS5, Xbox One, Xbox Series X|S e PC. Assim como os demais jogos da franquia, o jogo está incluso no catálogo do Game Pass.
Hey, listen! Venha se inscrever no canal do The Enemy no YouTube. Siga também na Twitch, Twitter, Facebook e TikTok ou converse com o pessoal da redação no Discord.
Aliás, somos parceiros do BIG Festival, o principal evento de jogos da América Latina, que aproxima o público com o desenvolvedor de jogos. Vem saber mais!