Assim como outros jogos da Remedy, Alan Wake II faz uso de soluções de gameplay criativas e bastante subjetivas para emplacar a narrativa. O que apenas aqueles que encararam o jogo de terror de sobrevivência sabem, porém, é que esta fórmula encontra seu ápice em uma experiência espetacular presente na metade da campanha.
O capítulo Initiation 4 – que quase foi cortado da versão final, segundo Sam Lake –, é uma sequência hilária, envolvente e totalmente inesquecível. Nada do tipo foi visto em jogos single-player antes e, para não estragar a surpresa, é nosso dever alertar que o artigo a seguir contém spoilers.
Espetáculo do deboche
No game, Alan Wake busca escapar do Lado Obscuro – a realidade sobrenatural que o mantém de refém desde o final do primeiro game. Para não perder o escritor de vista, o mundo distorcido se desdobra para assombrá-lo com reflexos dos seus medos e inseguranças.
É então que, em determinado ponto, a solução escolhida para colocar a sanidade do Wake à prova é nada menos do que inesperado.
O capítulo “Initiation 4: We Sing” é aberto com o protagonista de volta ao camarim do programa In Between With Mr. Door. Na televisão, o apresentador anuncia um quadro musical, e basta mergulhar na tela para ter início uma cantoria sem fim embalada pela banda Old Gods of Asgards -- ou Poets of the Fall, na vida real.
A primeira sensação é de deslumbramento, seguida da dúvida do que é necessário fazer para prosseguir. Telões com filmagens live-action ficam no plano de fundo conforme o elenco canta e dança uma canção que reconta a vida do protagonista de forma debochada.
Nunca visto antes em single-player
Aqui, a Remedy parece ter se inspirado nos espectáculos ao vivo de Fortnite para aplicar a sua tradicional inserção live-action como nunca visto antes.
O casamento das filmagens do elenco com o gameplay é impressionante. Dos telões, Mr. Door, Odin e o próprio Sam Lake (na forma de Alex Casey) indicam a direção para o jogador, enquanto a música indica o que é necessário fazer a seguir.
No trecho de combate, a sincronicidade entre música e gameplay chegam ao ápice com o riff das guitarras, cujo estrondo acompanha os estouros do sinalizador de Alan enquanto derruba os inimigos adiante.
A experiência lúdica funciona de forma que a movimentação, exploração e combate são amplificados pelo ritmo da melodia. Trata-se de algo inédito para jogos single-player, o que favorece o sentimento de descoberta que torna esse capítulo tão satisfatório e, com certeza, difícil de ser esquecido.
A Remedy encontrou uma forma divertida e engenhosa para usar live-action em jogos. Resta aguardar as próprias empreitadas do estúdio para conferir se essa fórmula seguirá surpreendendo com aplicações engenhosas.
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Alan Wake II está disponível para PS5, Xbox Series X|S e PC (via Epic Games). Confira nosso review.
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