Na última semana, o público foi agraciado com o primeiro trailer de Sonic - O Filme, produção da Paramount Pictures baseado no icônico mascote da Sega.

A recepção não foi exatamente positiva, para se dizer o mínimo. E apesar do filme só sair no final deste ano (ou início de 2020, no Brasil), as expectativas do público a este ponto não são lá muito boas.

Mas fãs de games estão (infelizmente) acostumados a adaptações que têm pouco (ou nada) a ver com seu material de origem.

Em geral, isso também leva os filmes a serem terríveis.

Por isso, e com o lançamento de Pokémon - Detetive Pikachu provando que o mundo não precisa ser assim, separamos alguns - embora dificilmente os únicos - dos resultados mais bizarros de tentativa de adaptação de games para o cinema.

Super Mario Bros. (1993)

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A primeira grande adaptação para o mundo do cinema foi também responsável por um dos resultados mais bizarros.

Lançado em 1993, o filme de Super Mario Bros. transformou o colorido Reino dos Cogumelos dos jogos da Nintendo em uma distopia cyberpunk interdimensional em que os dinossauros nunca foram aniquilados pelo asteroide do período Cretáceo, dominado pelo Rei Koopa - interpretado por Dennis Hopper, que literalmente disse que fez o filme para pagar pelos sapatos do filho.

(Em retrospecto, o filho respondeu que ele não precisava deles tanto assim)

O design de… tudo, é estranho, mas os Goombas merecem um destaque especial, virando capangas com corpos gigantes e cabeças minúsculas.

A direção pouco convencional faz sentido ao se considerar que o projeto foi tocado pelo casal Rocky Morton e Annabel Jankel, que marcaram época nos anos 1980 ao criar o icônico Max Headroom. Por que foi decidido que eles seriam a dupla ideal para assumir um projeto voltado principalmente para o público infantil, jamais saberemos.

A bizarrice também ganha aspectos horripilantes ao mostrar versões destruídas do World Trade Center anos antes dos ataques de 11 de setembro de 2001.

Reprodução/Hollywood Pictures

Double Dragon (1994)

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A segunda tentativa de adaptar um game para os cinemas encontrou tanto sucesso quanto seu predecessor.

Ao invés de trazer às telonas uma das narrativas mais puras dos games - dois irmãos quebram uma cidade inteira na porrada atrás do homem que raptou um interesse romântico -, o filme de Double Dragon é uma distopia futurista em que os irmãos Billy e Jimmy Lee (Scott Wolf e Mark Dacascos) devem salvar o mundo ao impedir que um medalhão mágico chegue às mãos da maior ameaça ao planeta: Koga Shuko, interpretado por Robert Patrick com um penteado digno de Vanilla Ice.

O ponto “alto” do filme, no topo de sua metalinguagem, é quando os irmãos aparecem prontos para batalha… em frente a uma máquina de arcade de Double Dragon, criando no mínimo um paradoxo temporal/interdimensional no processo.

Reprodução/Gramercy Pictures

Street Fighter

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A terceira tentativa de adaptar um game para os cinemas deu tão certo quanto as anteriores.

Ao invés de dar foco à jornada de Ryu - mesmo na época visto como personagem principal e cara da franquia -, o filme de Street Fighter mostra a batalha entre as forças comandadas por Guile contra a Shadaloo de M. Bison.

O americano Guile, naturalmente, é interpretado pelo belga Jean Claude Van Damme no auge de sua carreira, sofrendo com vício em cocaína e tendo um caso com Kylie Minogue - que interpratava Cammy - durante as filmagens.

O resultado final, acredite ou não, não foi um dos melhores papéis de sua carreira.

A única salvação do filme está em Raul Julia como o vilão M. Bison, que apesar de estar sofrendo com câncer de estômago que levaria a sua morte no ano seguinte, fez uma interpretação memorável, conseguindo não se levar a sério ao mesmo tempo em que domina todas as cenas em que aparece.

Porque para ele, era terça-feira.

Divulgação/Universal Pictures

Mortal Kombat: Aniquilação (1997)

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O primeiro Mortal Kombat, de 1995, conseguiu retratar com certa fidelidade o mundo do popular jogo de luta, e até hoje é uma das melhores adaptações de jogos para o cinema.

Infelizmente, o mesmo não pode ser dito de sua sequência, que parece ter sido feito com um décimo do orçamento original e substituindo boa parte do elenco, com os únicos retornos relevantes sendo Liu Kang (Robin Shou) e Kitana (Talisa Soto).

Isso sem falar do que talvez seja a pior interpretação de fala na história do cinema.

Divulgação/New Line Pictures

Wing Commander (1999)

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A versão de Wing Commander para os cinemas é uma adaptação pobre da saga de guerra espacial, perdendo muito do que prendeu o público aos jogos de PC.

Como nos games, o filme segue os pilotos Christopher “Maverick” Blair (Freddie Prinze Jr.) em sua luta contra os felinos intergaláticos Kilrathi, acompanhado de seus companheiros Maniac (Matthew Lillard) e Angel (Saffron Burrows).

No filme, porém, as batalhas pouco são excitantes, os efeitos especiais pobres, e a adição de uma espécie de humanos especiais que não se encaixam com o estilo do filme. Sem falar que em vários momentos o design é pior do que mesmo os FMVs de Wing Commander III e IV, apesar do orçamento supostamente maior.

(Prinze Jr. também não é um substituto a altura de Mark Hamill, que interpretou Maverick nos jogos originais)

O mais estranho de tudo é que o filme foi dirigido pelo próprio criador da série de games, Chris Roberts.

Divulgação/20th Century Fox

House of the Dead (2003)

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Filme que iniciou a lenda do infame Uwe Boll, House of the Dead é supostamente inspirado no icônico rail shooter da Sega.

“Supostamente” porque é difícil ver qualquer semelhança entre os jogos e o filme, em que uma rave em uma ilha é destruída por zumbis, e os sobreviventes devem lutar por suas vidas.

Entre as decisões bizarras do filme estão transições que usam imagens do game - presumivelmente para lembrar o espectador que ele está, de fato, assistindo a um filme de House of the Dead -, e cortes para personagens com a tela ficando vermelha após suas mortes, indicando “game over” para eles.

E é impossível deixar de mecionar que o personagen de Jurgen Prochnow - presumivelmente precisando de muito dinheiro para se sujeitar a isso - é conhecido como “Capitão Kirk”.

Divulgação/Artisan Entertainment

Alone in the Dark (2005)

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Segunda obra do Dr. Uwe Boll, Alone in the Dark é talvez o pior filme da obra do grande cineasta - o que não é um feito qualquer, convenhamos -, colocando um Christian Slater muito antes de sua carreira ressurgir com Mr. Robot e Tara Reid contra criaturas sombrias (que lembram versões parrudas dos xenomorfos de Alien).

Apesar de utilizar nomes e um pouco da narrativa de Alone in the Dark: The New Nightmare, o filme traz uma história sem sentido recheada por cenas de ação terríveis em que muitas vezes é difícil ver o que está acontecendo na tela, e uma das cenas de sexo mais aleatórias já filmadas.

Uwe Boll seguiria sua carreira adaptando games em filmes terríveis por muitos anos - seria possível, inclusive, criar uma lista só com suas produções -, mas vamos nos limitar a estes dois, para dar justiça às outras adaptações terríveis

Divulgação/Lions Gate Films

Resident Evil: Extinção (2007)

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A série de filmes Resident Evil já foi criticada por inúmeros fãs por tomar várias liberdades criativas com a narrativa dos games, com o verdadeiro ponto de virada para a bizarrice sendo o terceiro da franquia, Extinção.

Embora o primeiro filme e Apocalipse tenham ao menos paralelos com os três primeiros jogos, Extinção decide jogar tudo para o alto não só ao deixar a narrativa da Capcom de lado, ao transformar o mundo em um deserto pós-apocalíptico - o T-Virus de alguma forma conseguiu secar lagos e rios inteiros por conta própria! - em que poucos sobreviventes são forçados a lutar por sua sobrevivência.

Não só isso, Alice (Milla Jovovich) faz sua transição completa para o papel de super-heroína, virando essencialmente uma Jedi neste pseudo-mundo de Mad Max.

A partir deste ponto até o sexto filme, a série nos cinemas tinha pouco a ver com os jogos que a gerou, embora volta e meia algumas versões de personagens - como Chris, Leon, Barry, etc. - tenham sido adaptados de forma ou outra.

Divulgação/Screen Gems

Street Fighter: A Lenda de Chun-Li (2009)

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O primeiro filme de Street Fighter foi considerado um desastre completo, com o único ponto alto sendo um homem à beira da morte tentando agradar sua família antes de partir deste mundo.

A segunda tentativa não tem nem isso a seu favor.

A Lenda de Chun-Li tenta adaptar a história da heroína e sua jornada de vingança contra M. Bison. Infelizmente, a narrativa não faz sentido, Chun-Li não é uma agente da Interpol embora a organização seja uma (pequena) parte da narrativa, as cenas de luta são poucos inspiradas, e os efeitos especiais são péssimos.

O mais próximo que o filme de Raul Julia é a atuação extremamente "excêntrica" de Chris Klein como Charlie Nash, e ele infelizmente não tem o mesmo nível de charme do que o Bison do filme de 1994.

Divulgação/20th Century Fox

The King of Fighters (2010)

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The King of Fighters é praticamente uma instituição para o público brasileiro fã de games, um ícone dos fliperamas espalhados por rodoviárias e botecos de todo o país.

O filme de The King of Fighters é um filme lançado diretamente para DVD que não tem quase nada a ver com a série que a gerou além dos nomes dos personagens, e com cenas de luta pouco inspiradas que nem utilizam as habilidades e poderes dos lutadores propriamente.

Há também uma das cenas mais esquisitas já concebidas para um filme de game, em que Rugal (interpretado pelo eterno Darth Maul, Ray Park), vestido como jogador de hóquei, patina por um parque de skate antes de um cena de luta pouco inspirada.

Divulgação/Arclight Films