Depois de um excelente reboot que trouxe Mortal Kombat de volta aos holofotes do mundo dos games, um episódio que expandiu bastante a mitologia da série e dois títulos excelentes de Injustice, a produtora NetherRealm chega ao ápice em Mortal Kombat 11.

Em todos os aspectos técnicos e de conteúdo, MK11 se estabelece como a expressão máxima da franquia, especialmente considerando toda a estrutura criada no reboot.

Ainda assim, é um jogo que também carrega certos excessos e demonstra, de forma consciente, um certo desgaste da fórmula, já preparando o terreno para trilhar novos caminhos no futuro.

Mortal Kombat 11 é lindo, violento, cheio de conteúdo e também extremamente técnico e competitivo. As lutas apresentam um ritmo mais lento do que em MKX, assim como ajustes nos golpes que deixam os duelos mais equilibrados e acirrados.

As barras independentes para comandos especiais de ataque e defesa incentivam o uso dessas habilidades enquanto o Fatal Blow substitui o popular Raio-X de um jeito que também incentiva mais o uso e tem mais potencial para mudar o rumo de alguns combates: quando a barra do lutador chega perto do fim é que o Fatal Blow pode ser utilizado, sendo que apenas um por luta está disponível.

A isso se soma o elaborado sistema de equipamentos e golpes que podem ser equipados, uma clara herança do excelente Injustice 2. As muitas partes diferentes permitem criar visuais variados para o elenco, assim como equipar novos golpes. Para a galera da nostalgia, muitos desses itens também fazem referências a outros personagens e elementos da mitologia de Mortal Kombat.

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Falando em nostalgia, esse é o mote da história de MK11. De novo, mais ou menos como fez também o reboot da franquia, no jogo que se convencionou chamar de MK9. Enquanto MKX fez a história andar para frente, quebrou paradigmas e explorou áreas inéditas, este novo capítulo promove um encontro entre o presente da série e diversos personagens em suas versões antigas.

Isso abre espaço para fan service aos montes. Em alguns casos é bem divertido, como na dinâmica entre Johnny Cage e sua versão mais nova e arrogante. Em outros, resgata elementos clássicos, como a rivalidade entre Scorpion e Sub-Zero e o flerte entre Liu Kang e Kitana. De maneira geral, é um passeio por uma enorme estrada retrô.

Em tempo: pessoalmente, não gostei muito do final, que mexe bastante com a essência da série. Do jeito que foi feito, senti que tirou demais do mistério e magia do universo de Mortal Kombat, deixando muitas páginas em branco para serem preenchidas. Espero que o futuro prove que não há motivo para preocupação e a NetherRealm consiga surpreender.

Felizmente, o estúdio mantém o alto nível de qualidade nos gráficos, aliados a um capricho cada vez maior na narrativa. O visual é impressionante, especialmente pelos efeitos luz realistas e a incríveis expressões faciais dos personagens, tudo como já visto também em Injustice 2.

Vale pontuar: os Fatalities e golpes continuam extremamente violentos e no limiar do grotesco, jogando sem pudor pela tela cabeças, corações, vísceras e outras partes internas dos lutadores. Mortal Kombat 11 honra bem a tradição da grife.

Tudo isso vale também para a Kripta, reformulada agora como uma aventura com visão em terceira pessoa que oferece um passeio pela ilha de Shang Tsung, o lendário cenário do primeiro MK. Espalhados pela ilha estão diversos baús com itens diversos para ganhar, como skins, equipamentos, artes conceituais e mais.

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Para abrir as caixas é necessário usar moedas virtuais de variados tipos, onde o jogo começa a mostrar um certo inchaço incômodo. A variedade de itens é imensa, mas de pouco valor. Muitos são itens cosméticos para mudar o visual do cartão de perfil nas lutas online.

Além disso, há também itens que podem ser combinados para criar... novos itens! Fiquei com a impressão de uma burocracia excessiva quase sem efeitos práticos relevantes e que pouco empolga, como se buscasse forçar o jogador a lutar muito para conseguir abrir alguns poucos bônus - ou então gastar dinheiro de verdade para desbloquear mais rápido.

Para o público brasileiro, MK11 é também o capítulo com a melhor localização em português. Tudo tem legendas bem traduzidas e o elenco de dublagem dispensa experiências curiosas e nada populares, como aconteceu com MKX que tinha a cantora Pitty no papel de Cassie Cage, e aposta em vozes consagradas de filmes, desenhos e outros games.

Mortal Kombat 11 é um jogo extremamente bem feito e polido no PlayStation 4 e Xbox One, claramente as plataformas principais para as quais o game foi desenvolvido. A qualidade dos gráficos e controles combinam perfeitamente com a história caprichada e repleta de nostalgia e o título ainda vai crescer muito com a chegada de mais lutadores por DLC e um promissor cenário competitivo. O excesso de moedas virtuais e grind para desbloquear conteúdo pode ser cansativo para muitas pessoas, mas certamente não tira o brilho da produção.

O novo jogo da NetherRealm também se revela extremamente consciente da situação atual da série e prepara o terreno para grandes mudanças, especialmente no que se refere à mitologia da franquia, prestando uma grande homenagem a todo o legado criado ao longo de mais de duas décadas.

  • Lançamento

    23.04.2019

  • Publicadora

    WB Games

  • Desenvolvedora

    NetherRealm Studios

  • Censura

    18 anos

  • Plataformas

    PlayStation 4 Xbox One PC Nintendo Switch

Nota do crítico