O novo universo criado por Liu Kang em Mortal Kombat 1 até parece familiar em muitos aspectos, mas é completamente diferente do antecessor imediato do novo jogo. Olha, depois de experimentar todos os personagens, terminar o modo história e passar um bom tempo no modo Invasões, posso dizer que o saldo é positivo, apesar de alguns tropeços inesperados.
Em primeiro lugar, precisamos destacar o óbvio: a criação de combos em Mortal Kombat 1 valoriza a inventividade dos jogadores mais do que qualquer outro jogo da franquia. Os chamados Kameo Fighters, que são lutadores de assistência no estilo Marvel vs. Capcom, me deixavam preocupado quando o anúncio foi realizado, mas são um triunfo indiscutível.
Combate que estimula a inventividade
As combinações entre lutadores do elenco normal e do elenco de assistência são tão numerosas que é impossível você realmente dizer que existe alguém totalmente inútil em Mortal Kombat 1. Existem alguns personagens mais intuitivos do que outros, com certeza, mas nada tão gritante. Não importa se você gosta mais do Scorpion, da Kitana ou do saudoso Reiko — sempre existe uma assistência que torna o personagem normal mais forte. Saber realçar os pontos fortes de cada personagem depende, muitas vezes, só de você saber quem é o parceiro ideal para o estilo de jogo que você procura.
As diferenças em relação a Mortal Kombat 11 são gritantes. Afinal, no jogo de 2019, não só não existiam personagens de assistência como também existiam, sim, os Krushing Blows, que meio que guiavam os combos de muitos jogadores. No jogo anterior, ainda havia a barra de defesa para ataques ao se levantar e rolar para os lados também, por exemplo, e todo um sistema de customização de especiais com combinações diferentes para os personagens.
Em Mortal Kombat 1, não existe tanta burocracia, digamos. Os combos são o foco e as possibilidades diferentes dependem somente de como você pretende extrair o melhor das duplas que escolhe controlar. Como o Matheus já falou no vídeo de preview que publicamos um tempo atrás, Mortal Kombat 1 é o palco perfeito para que jogadores usem a criatividade e destruam a barra de saúde dos adversários com quantidades absurdas de dano. Mesmo quem nunca teve muita facilidade com aquela coisa de cancelar strings, usar especiais e retomar strings vai conseguir chegar longe, graças ao sistema de Kameo Fighters.
Aliás, devo ressaltar também a notável evolução em relação aos cenários. Não que os de Mortal Kombat 11 fossem feios, mas há muito mais contraste e muito mais vida nos cenários de Mortal Kombat 1. Alguns deles, à noite, são incrivelmente encantadores. Enquanto, no primeiro plano, o sangue não para de jorrar, no fundo, os cenários são simplesmente sensacionais.
No coração da experiência, portanto, Mortal Kombat 1 é mais um grande acerto do estúdio NetherRealm. Contudo, é fato que a franquia Mortal Kombat se destaca por, tradicionalmente, oferecer, também, conteúdo single-player de qualidade. Especificamente, um modo História sem igual nos jogos de luta. Surpreendentemente, foi justamente nesse quesito que Mortal Kombat 1 me decepcionou um pouco.
Não é a melhor história da série
Se, por um lado, a história de Mortal Kombat 11 era contada com calma e trabalhava todos os núcleos com um desenvolvimento gradual absolutamente adequado, por outro, Mortal Kombat 1 corre com os acontecimentos principais e ainda propõe uma conclusão épica que faria muito mais sentido daqui dois ou três jogos, como o encerramento de um novo ciclo trabalhado ao longo de anos. As referências aos jogos da era 3D são um presente, mas confesso que terminei o modo História com a sensação de que faltou tempo ou, simplesmente, cuidado para que a megalomania não parecesse tão sem sentido.
Explico: a história começa de maneira bem introdutória. Aos poucos, o universo recriado de Mortal Kombat é apresentado aos jogadores de forma que se cria aquela vontade de descobrir se tudo irá se repetir ou não. Posso dizer, com certeza, que muitos fatos não se repetem, e isso é ótimo. O problema começa mesmo quando descobrimos a verdade sobre essa nova realidade. Para o primeiro jogo após o reboot, é bem excessivo.
Durante a maior parte do tempo, antes do último capítulo, eu estava absolutamente imerso no jogo. Em grande parte, porque a dublagem brasileira ficou sensacional — como de costume. Você pode jogar do começo ao fim e gostar de todas as vozes.
Ainda em relação ao conteúdo que jogadores podem aproveitar sozinhos, fico feliz em dizer que a personalização de lutadores está sensacional, cheia de pequenos detalhes para os jogadores alterarem. No entanto, prepare-se para passar muito tempo no modo inédito de jogo, chamado Invasões, se você quiser conquistar itens cosméticos.
O modo Invasões funcionará com temporadas, no maior estilo jogo como serviço. Na temporada atual, jogadores precisam passar por diferentes reinos até lutar contra o grande chefão do lançamento: um Scorpion de outra dimensão que está em busca de uma linha do tempo na qual a esposa dele esteja viva.
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Na superfície, pode parecer legal. Afinal, em temporadas diferentes, o modo Invasões contará histórias diferentes. Entretanto, depois de passar duas horas navegando no mapinha da Invasões, enfrentando inimigos sem saber quais recompensas esperar, você pode se sentir bastante incomodado com como tudo é tão lento nesse novo modo. Não digo que tenho saudade da Kripta, não. Mas o modo Invasões teria de melhorar muito para me cativar, a começar pela velocidade do personagem no mapa e pelo fato de que não sabemos quais recompensas esperar.
Aliás, sobre recompensas, Mortal Kombat 1 comete mais um erro ao colocar uma "fonte de desejos", digamos, em que jogares podem gastar as moedas do jogo para obter itens aleatórios. É bem triste.
Julgamento
Apesar dos problemas, Mortal Kombat 1 acerta no que é mais relevante: os combates estão absolutamente insanos, e jogadores poderão passar horas e horas no modo treino para aprender como cada combinação entre lutador e Kameo funciona. Quem está acostumado com a boa reputação de Mortal Kombat em termos de conteúdo single-player pode se decepcionar um pouco com o modo Invasões, assim como fãs da mitologia de MK podem ser pegos de surpresa por uma história que não foi tão cuidadosa. De qualquer forma, a coração da experiência permanece muito satisfatório.
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- Lançamento
19.09.2023
- Publicadora
Warner Bros. Games
- Desenvolvedora
NetherRealm Studios
- Censura
16 anos
- Gênero
Luta
- Testado em
PlayStation 5