Faltando pouco mais de 48 horas para chegar ao fim da campanha de financiamento de Lenda do Herói 2: A Marcha de Malaquias, o The Enemy chamou Marcos e Matheus Castro para falar sobre o jogo, produção e o processo para reunir famosos e influenciadores em uma produção que tem porte para entrar na história do desenvolvimento nacional.

A Lenda do Herói 2 é um jogo musical de plataforma 2D criado por Marcos e Matheus no qual o jogador deverá assumir o papel de um novo herói e se passa muitos anos após os eventos do primeiro jogo.

“O herói nada mais é do que um comediante que faz piadas sobre seu universo. É quase um comediante stand-up, que tira sarro da sua vida cotidiana”, diz Marcos. 

“Eu gosto de dizer que é Seinfeld dentro de Super Mario”, completa Matheus.

Para quem não sabe, antes de ficar famosos com o quadro Ultimate Trocadilho Fighter, os Castro Brothers viralizaram com a série “Um Joystick, Um Violão”, no qual os irmãos faziam paródias que misturavam músicas brasileiras e games.

“A gente sempre foi gamer”, diz Matheus, “o nosso conteúdo, desde 2011, é em sua essência um conteúdo gamer. Era uma versão fofinha, com aspecto casual, com paródias de MPB com temática gamer? Sim. Mas gamer pra caramba. E no entanto sempre fomos chamados de ‘mainstream’. Isso é uma coisa que nos foi outorgada e que a gente não entende direito. A gente aceitou, mas nunca entendeu de fato o porquê”. 

Esse é o segundo game de uma trilogia do universo idealizado por Marcos em 2013, quando ainda era um pequeno criador no YouTube. “Olha só que inovador!”, brinca Marcos. E agora, o personagem principal será interpretado por Lucas Inutilismo, como você já deve estar sabendo.

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“A gente já pensava, desde o início, que haveria um novo herói. Então, pra isso, alguém precisaria ser a voz desse herói”, conta Marcos. 

Lucas Inutilismo sempre foi o nome para ser o protagonista e Marcos explica: “Eu ficava pensando que tinha que ser alguém que eu consiga me olhar, alguém que faça algo para o YouTube e se conecte com sua comunidade e que tenha um lado musical e humorístico. Inutilismo era o plano A, B e C”. 

Não só Inutilismo, repare nesses nomes: Rafael Bitencourt, Lucas Silveira, Evelyn Castro, Rodrigo Teaser. Essas são algumas pessoas confirmadas em A Lenda do Herói 2 e todos eles já passaram pelos vídeos do UTC.

“Quando criamos o vídeo do Lenda, lá em 2012, a pegada do herói era de comédia e o jogo tem essa veia cômica. No processo de criação do primeiro jogo a gente viu que era necessário habilidade técnica musical, claro, porém, a veia cômica e artística também era muito importante”, explica Marcos. 

Os irmãos falaram que todos os participantes toparam a proposta sem pestanejar. “Aceitaram sem nem falar de valores. Todo mundo vai receber um cachê, obviamente. Mas só depois que fui entender que chamar alguém para cantar dentro de um jogo de videogame não é um convite comum”, diz Marcos com um sorriso no rosto. 

“Queremos que as pessoas encarem a Lenda como um evento. Pra gente é como se fosse um festival”, explica Marcos. “A gente não está indo para o caminho de desenvolvimento de games unicamente. Estamos indo para o segmento do entretenimento, da música”.

Lucas Inutilismo é o novo Herói - Divulgação

Apesar disso, a qualidade de jogo é algo que está sempre na mente de seus criadores, que querem que A Lenda 2 seja icônico para quem jogar.

“O nosso objetivo agora, até  por conta de estar trabalhando com essa pegada mais mainstream, não queremos que seja só ‘um game’. Temos sim a responsabilidade de entregar um bom game design, de ter uma boa jogabilidade, uma curva de aprendizado não ser feita de qualquer jeito. A gente está falando muito de música, mas temos que deixar claro que não é ‘um jogo de música’. É um game com bases sólidas que vai levar dois anos ou mais para ser desenvolvido. O objetivo é ser um jogo bom mas também ter um lado de entretenimento”. 

Sobre a mecânica, A Lenda do Herói 2 vai trazer um novo sistema para que a música e letra reflitam as ações dos jogadores, expandindo o que vimos no primeiro jogo da série.

“Quando falamos de jogos musicais, a gente pensa em Guitar Hero, Gitaroo Man, que você precisa estar no ritmo certo. O Lenda 2, diferente de quase todos os jogos musicais, a música não é uma espécie de chibata que prende o jogador. Você não é um escravo do ritmo para fazer a música está mais para como ouvimos em Lumines, Rez. Ela é consequência dos seus atos no jogo. Ela é escrava do jogador e não o contrário”, conta Matheus.

Responsabilidade com a comunidade

Quem está tocando o projeto é o estúdio Dumativa, que passou de 10 pessoas no primeiro Lenda, para mais de  50 pessoas. Eles estão tocando diversos projetos como O Enigma do Medo (idealizado por Cellbit) e agora se prepara para continuar com o projeto de A Lenda 2.

A meta era arrecadar R$ 500 mil para tornar o projeto viável e ela foi atingida. Isso vai fazer com que o game tenha uma base saudável para ser trabalhado.

“Obviamente a gente está muito feliz”, diz Marcos sobre o sucesso de arrecadação. “A gente sabia que era ousado pedir R$ 500 mil e entende que para a maioria das pessoas que não estão acostumadas com o processo não sabe que é até um valor baixo quando falamos sobre desenvolvimento de jogos”. 

A Lenda 2 terá diversos novos personagens que vão cantar no game - Divulgação

A Lenda do Herói 2 está apenas no início de seu desenvolvimento e produzir o game vai levar muitos meses. Marcos lembra que o primeiro jogo arrecadou mais de R$ 125 mil, porém o custo de produção foi bem mais alto. 

“Muitas pessoas comparam criar jogos com um sistema, um site. Só que a verdade é uma obra de arte, é uma mídia e, em alguns aspectos, [o processo] mais complexo do que em determinados filmes”, compara.

Agora, nesta reta final, a meta é trazer mais conteúdo para o game.  “A demanda profissional e técnica é alta e para arcar com isso a gente tem um alto custo. Então quando a gente olha esse número ficamos felizes, mas sabemos que não está resolvido, muito pelo contrário. Por isso que a gente está buscando as metas extendidas”, explica o criador.

Independente do valor final arrecadado, precisamos lembrar que A Lenda 2 vai passar pelo menos por dois anos em desenvolvimento. E Matheus dá uma visão mais ampla sobre isso.

“As pessoas não fazem a conta de quanto tempo demora para fazer um jogo. Especialmente um jogo que tem uma trilha sonora dinâmica, com milhares de estrofes que rimam entre si. Agora com um elenco aumentado (não é só o Marcos cantando em português e eu cantando em inglês), são várias pessoas participando e isso deixou o processo muito mais complexo, mais caro. As pessoas vão passar meses cantando - ênfase no meses. Meses no estúdio. Que banda faz isso?”, pondera Matheus.

Encaminhando para o final da conversa, perguntei qual seria a marca que A Lenda 2 iria deixar. Marcos pensa um pouco e faz uma reflexão sobre sua trajetória como game designer.

“Quando eu era criança, lá pelos meus seis anos, eu e o Matheus gostávamos de desenhar fases de videogame no papel. Com nove eu procurei programas para desenvolvimento de jogos. Quando eu era adolescente eu queria fazer games com RPG Maker. A minha faculdade foi de matemática, mas eu queria fazer desenvolvimento de games - mas esse curso não existia ainda. Eu acabei entrando no caminho do humor, mas esse desejo ainda estava lá. Hoje é uma realização de vida estar desenvolvendo um jogo”, revela Marcos.

“Pra mim se uma pessoa, basta uma, puder ter a vida dela mudada e conseguir viver do sonho dela por conta do Lenda, é suficiente. O trabalho está sendo realizado. Eu só tenho que ser grato. Grato à vida, às pessoas, à Dumativa, à comunidade. E torcer que esse ciclo seja virtuoso e que mais pessoas tenham esse sonho realizado e criar os seus universos e jogos para manifestar a sua arte da forma que quiserem”, finaliza o criador. 

Leia Mais

A Herói 2: A Marcha de Malaquias está em sua reta final de arrecadação no Nuuvem. O game ainda não tem uma demo, mas se você quiser conhecer o potencial dele, conheça o primeiro título que está disponível em diversas lojas online. 


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