É difícil olhar para Tom Holland, o atual Peter Parker do Universo Cinematográfico da Marvel, e pensar que ele seria a melhor escolha para um papel como o de Nathan Drake, protagonista de Uncharted.

Já nos acostumamos com enxergar Holland como um daqueles adolescentes de 20 e poucos anos que só existem nos filmes. Geralmente, uma pessoa descontraída, um tanto ingênua e com eventuais picos dramáticos brilhantes.

Até mesmo pessoas não tão apaixonadas pela série da Naughty Dog (é o meu caso) sabem que Nathan Drake exige um certo nível de malícia e arrogância que o ator do Homem-Aranha não havia entregado em trabalho algum até então. Além disso, existe a questão da aparência extremamente jovial, obviamente.

O fato de que transformaram Uncharted: Fora do Mapa em uma história de origem de Nathan Drake diz muito. Talvez esse não fosse o caso se Nathan Fillion, por exemplo, tivesse fechado com a Sony para interpretar Drake uma década atrás.

Sim, estamos falando de um projeto que está em produção há uma década. Ter consciência dessa aspecto do longa-metragem faz com que a experiência pareça bem menos competente do que poderia ser. Afinal, com todo esse tempo de desenvolvimento, o público acaba tendo de se contentar com um bom filme "sessão da tarde", como costumamos falar sobre produções de ação não muito refinadas na execução.

Não entenda errado. É absolutamente plausível se divertir com Uncharted: Fora do Mapa. Entretanto, ainda estamos falando de uma daquelas adaptações que são divertidas apenas dentro do espectro de adaptações de jogos.

Mais do que qualquer outro elemento, é a química de Tom Holland com Mark Wahlberg que traz os melhores momentos do longa. Se você gostava da dupla Nathan e Sully nos jogos, terá motivos para se animar com boa parte do filme. As cenas sem eles, entretanto, tendem a ser bem entediantes. Antonio Banderas, provavelmente, nunca foi tão subaproveitado quanto nesse filme.

Bom, respondendo a pergunta do título de maneira objetiva, Tom Holland é, sim, uma boa versão jovem de Nathan Drake. Contudo, não é raro ter a impressão de que ele é doce ou sensível demais em certas cenas quando o comparamos com o "herói" dos jogos.

Faz sentido que seja assim, já que o Nathan Drake que conhecemos ainda está em construção no primeiro filme (podemos presumir que, se a bilheteria for boa, uma continuação virá). Mesmo assim, é compreensível que fãs dos games se sintam um tanto desapontados.

Honestamente, enxergo Uncharted: Fora do Mapa como um meio termo entre os filmes da franquia A Lenda do Tesouro Perdido, com Nicholas Cage, e um bom Indiana Jones.

Algumas das cenas de ação são extremamente forçadas, no melhor sentido possível, o clima de "não confie em ninguém" é válido, as atuações são cativantes o bastante e as referências breves aos jogos são agradáveis.

Em uma sequência, talvez a Sony entregue aquilo que realmente esperamos.

Uncharted: Fora do Mapa estreia em 17 de fevereiro nos cinemas brasileiros.