The Last of Us se eleva como adaptação com episódio de Bill e Frank

Preenchendo lacunas deixadas pelo jogo, série introduz arco comovente que entra para a história da TV

Por Helena Nogueira 30.01.2023 00H21

Com seu terceiro episódio, a série de The Last of Us do HBO Max se eleva como adaptação. Preenchendo lacunas deixadas pelo jogo original, a exibição deste domingo (29) introduz um arco comovente e marcante para Bill e Frank que, completo com a entrega estupenda dos atores Nick Offerman e Murray Bartlett, entra para a história da televisão. 

Desta vez, quem assume as câmeras é Peter Hoar, de Doctor Who, Demolidor e Umbrella Academy. O diretor conduz o episódio com extrema delicadeza e sentimento, a começar pela introdução que mostra Joel empilhando pedras com o intuito de criar um pequeno túmulo para Tess

Reprodução: Warner Bros/Naughty Dog

O trecho introdutório do episódio mostra o início, de fato, da dinâmica visceral que conecta a dupla – que logo deixará de se resumir a um contrabandista e sua “carga”. 

Abalado pela morte de Tess, Joel guarda ressentimento e considerável desconfiança em relação a Ellie, que aos poucos o desarma com seu humor e autenticidade. A adolescente continua a aprender sobre o mundo ao seu redor pelos olhos do contrabandista, e o aprendizado é posto à prova na cena do mercadinho. 

Reprodução: Warner Bros/Naughty Dog

Intrigada pela violência da realidade brutal que habita, Ellie decide testar seus meios de defesa e lida com o Perseguidor sozinha, cortando o mal pela raiz – quase literalmente – sem sequer notificar Joel. 

Os jogadores devem ter notado, inclusive, que a sequência contém uma clara referência à Mortal Kombat e a era dos arcades. Fique atento pois ela retornará mais para frente na temporada. 

Reprodução: Warner Bros/Naughty Dog

Então, em 30 de setembro de 2003, começamos a acompanhar Bill, um sobrevivente extremamente desconfiado e solitário. Esquivando das regulamentações da FEDRA, ele estabelece uma vida confortável para si. 

É difícil não ser contagiado pela cena em que ele aproveita à vontade os recursos deixados para trás na cidade abandonada. O sentimento de conforto ultrapassa a tela e aproveitamos junto com Bill as felicidades de um lar em meio à realidade cruel de The Last of Us.   

Reprodução: Warner Bros/Naughty Dog

O conforto logo se torna solidão, até que, em 2007, Frank aparece. Ele é extrovertido, expansivo e ultrapassa as barreiras de Bill. Tem início uma emocionante história sobre duas duas almas que se encontram no fim do mundo. 

Em cerca de uma hora, a adaptação consegue nos tornar totalmente apaixonados e comovidos por Bill e Frank, preenchendo a lacuna deixada pelo jogo sobre a história do casal. No game, Joel encontra Frank ainda vivo, e ele conta que seu marido o deixou.  

Reprodução: Warner Bros/Naughty Dog

Em outro ponto da cidade de Lincoln, o jogador encontra o cadáver de Frank, que se enforcou após ser mordido para evitar que se tornasse infectado. Ao lado de seu corpo está uma carta de suicídio, em que brinca o quanto odiava Bill até suas entranhas e o quanto seu parceiro nunca entendeu seu desejo de sair dali. 

“Eu tinha alguém com quem me importava”, Bill conta a Joel no game. “Foi um parceiro. Alguém que tinha que cuidar. E neste mundo, esse tipo de merda é boa para uma coisa: matar você”.

Reprodução: Warner Bros/Naughty Dog

Na série, Nick Offerman (Parks and Recreation) e Murray Bartlett (The White Lotus) entregam, respectivamente, um Bill e Frank que vivem uma relação complexa, intensa e humana, o que a torna totalmente identificável para o público. 

O novo arco confere um significado completamente diferente aos personagens, que são movidos por duas formas diversas de amor. A primeira, representada por Frank, é um amor expansivo que considera o bem maior. A segunda é o amor de Bill, que leva em consideração o bem de apenas uma pessoa específica, custe o que custar. 

Reprodução: Warner Bros/Naughty Dog

Destacam-se as cenas da plantação de morangos e do último jantar, em que tanto Murray quanto Barlett entregam atuações tão tocantes que facilmente levaram diversos espectadores às lágrimas. Com sorte, os papéis serão reconhecidos pelo Emmy e outras premiações. 

No fim, o terceiro episódio entrega uma montanha-russa de emoções totalmente inesquecível – uma com o potencial de prolongar-se nos pensamentos do espectador por muito tempo. 

O roteiro fecha o capítulo do casal com um paralelo brilhante com Joel que, similar a Bill, é o tipo de pessoa que não deixa nada ficar em sua frente para proteger aqueles que ama. Este é um paralelo chave para o protagonista e para a história de The Last of Us como um todo. 

O episódio “Muito, muito tempo” desponta como uma das representações LGBTQIA+ mais autênticas e atenciosas já vistas na mídia. O arco inédito apresenta uma história de amor à meia idade com dimensões universais, e isto eleva The Last of Us como adaptação. 

Reprodução: Warner Bros/Naughty Dog

Afinal, aqui a série prova que não se resumirá a reproduzir o material original, mas enriquecê-lo. E este episódio é, de fato, enriquecedor, inclusive para o cinema no geral. 

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The Last of Us retorna com um novo episódio no próximo domingo (5). A série terá avaliação do The Enemy todas as segundas-feiras após as exibições. 


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