The Last of Us: Adrenalina domina episódio dirigido por Druckmann

Em segundo episódio da temporada, Neil Druckmann segue o game à risca e mostra talento na direção

Por Helena Nogueira 23.01.2023 00H01

The Last of Us retornou ao HBO Max com um segundo episódio dirigido por Neil Druckmann. Seguindo os acontecimentos do título original à risca, com mais cenas e diálogos familiares aos jogadores, o co-criador do jogo mostrou ter talento para direção também na televisão, como vimos neste domingo (22) com um encontro repleto de pavor e adrenalina com os Estaladores

Desta vez, temos uma demonstração do que a adaptação pretende entregar em exibições de duração tradicional — visto que o piloto, transmitido no último domingo (15), teve o privilégio de contar com 85 minutos de duração

Reprodução: Warner Bros./Naughty Dog

Começamos com uma viagem à Jacarta, em um olhar inédito dos efeitos do Surto na Indonésia — algo indicado no episódio anterior em um programa de rádio. Aparentemente, o cordyceps começou seu domínio sobre a humanidade no país do Sudeste Asiático, quando um incidente em uma fábrica de farinha e trigo resultou em ao menos 17 Infectados. 

O público contou com mais evidências de que, ao menos nesta versão da história, o fungo se espalhou por meio de produtos farináceos — “o substrato perfeito”, segundo a Professora de Micologia que protagoniza o trecho. Com a ingestão, o cordyceps se espalha pelo corpo da vítima com suas vinhas, dominando tudo abaixo da pele. 

Reprodução: Warner Bros./Naughty Dog

É uma pena que o trecho introdutório seja tão curto, pois esse tipo de aprofundamento no universo de The Last of Us é o que garante mais valor à adaptação, tornando-a mais proveitosa e inédita mesmo para os fãs mais fervorosos dos jogos. 

De fato, o diagnóstico fatídico da professora, que aconselha que o governo bombeie a cidade de Jacarta para evitar a infecção, confere eficiência aos esforços de Craig Mazin em tornar o cordyceps uma ameaça real e aterrorizante — ainda mais para um público que acaba de vivenciar uma pandemia em escala global. 

Reprodução: Warner Bros./Naughty Dog

Com o fim da introdução, voltamos a Joel e Tess, que reagem de forma mais realista à descoberta de que Ellie está infectada: com desconfiança e seriedade, tratando-a como um risco. 

A cena em que a dupla questiona a adolescente serve como base para o arco de Tess no episódio, visto que a personagem transita da desconfiança à afeição por Ellie. No entanto, esse ainda não é o caso de Joel, que se limita a trocar farpas e grosserias com a garota.

Reprodução: Warner Bros./Naughty Dog

O grande destaque do episódio está, sem sombra de dúvidas, no primeiro encontro com os Estaladores. 

A sequência do museu parece ter sido tirada diretamente do jogo. A angulação em terceira pessoa sob o ombro dos personagens reforça esse sentimento, evidenciando que se trata de Neil Druckmann atrás das câmeras. 

Reprodução: Warner Bros./Naughty Dog

Para além da familiaridade, a sequência do museu encanta — com o perdão da palavra — pelo trabalho fantástico do elenco, coreografia, prostética e CGI, responsáveis por vender um encontro pavoroso. 

Completa com a participação dos dubladores originais dos Estaladores, a adrenalina ao ouvir os cliques ecoando pela sala é de tirar o fôlego. A cena corresponde a uma reprodução fidedigna do que, para o jogador, ter o controle em mãos e precisar se esgueirar despercebido pelas monstruosidades.  

Reprodução: Warner Bros./Naughty Dog

O episódio termina com a morte de Tess, que, na adaptação, ganhou nova dimensão e importância ao colocar uma horda de Infectados no lugar das forças da Fedra. A trilha de Gustavo Santaolalla coroa a dramaticidade da cena, ecoando a desolação de Ellie diante de mais uma perda. 

Aplaude-se a entrega da atriz da Anna Torv no papel da contrabandista, traduzindo com sucesso a aflição da personagem em estar infectada e, mais adiante, sua resolução em garantir uma chance para a humanidade. “Salve quem você conseguir salvar”, ela diz ao se despedir de Joel. 

Reprodução: Warner Bros./Naughty Dog

É uma pena que a cena tenha sido ofuscada por um beijo asqueroso e desnecessário de Corredor. Aqui, o roteiro opta por uma forma literal demais de demonstrar a “conexão” dos infectados com o cordyceps, algo que já tinha ficado nítido poucas telas atrás, quando uma vinha do fungo emerge do chão e se conecta com o Perseguidor abatido por Joel. 

A inação de Tess na sequência também quebra a imersão, visto que não condiz com a personagem. É improvável que a contrabandista seria paralisada pela aproximação de um Corredor naquelas condições. 

Reprodução: Warner Bros./Naughty Dog

Ainda que com ressalvas, The Last of Us entrega mais um episódio recheado de paralelos com o jogo, dos prédios caídos no cenário à reprodução exata da cena em que Ellie atravessa a tábua. Diferente do piloto, desta vez, o episódio se mantém em ritmo constante, entregando tensão e desenvolvimento de personagens que prende tanto fãs quanto o público geral. 

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The Last of Us retorna com um novo episódio no próximo domingo (29). A série terá avaliação do The Enemy todas as segundas-feiras após as exibições. 


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