The Last of Us: Adrenalina domina episódio dirigido por Druckmann
Em segundo episódio da temporada, Neil Druckmann segue o game à risca e mostra talento na direção
The Last of Us retornou ao HBO Max com um segundo episódio dirigido por Neil Druckmann. Seguindo os acontecimentos do título original à risca, com mais cenas e diálogos familiares aos jogadores, o co-criador do jogo mostrou ter talento para direção também na televisão, como vimos neste domingo (22) com um encontro repleto de pavor e adrenalina com os Estaladores.
Desta vez, temos uma demonstração do que a adaptação pretende entregar em exibições de duração tradicional — visto que o piloto, transmitido no último domingo (15), teve o privilégio de contar com 85 minutos de duração.
Começamos com uma viagem à Jacarta, em um olhar inédito dos efeitos do Surto na Indonésia — algo indicado no episódio anterior em um programa de rádio. Aparentemente, o cordyceps começou seu domínio sobre a humanidade no país do Sudeste Asiático, quando um incidente em uma fábrica de farinha e trigo resultou em ao menos 17 Infectados.
O público contou com mais evidências de que, ao menos nesta versão da história, o fungo se espalhou por meio de produtos farináceos — “o substrato perfeito”, segundo a Professora de Micologia que protagoniza o trecho. Com a ingestão, o cordyceps se espalha pelo corpo da vítima com suas vinhas, dominando tudo abaixo da pele.
É uma pena que o trecho introdutório seja tão curto, pois esse tipo de aprofundamento no universo de The Last of Us é o que garante mais valor à adaptação, tornando-a mais proveitosa e inédita mesmo para os fãs mais fervorosos dos jogos.
De fato, o diagnóstico fatídico da professora, que aconselha que o governo bombeie a cidade de Jacarta para evitar a infecção, confere eficiência aos esforços de Craig Mazin em tornar o cordyceps uma ameaça real e aterrorizante — ainda mais para um público que acaba de vivenciar uma pandemia em escala global.
Com o fim da introdução, voltamos a Joel e Tess, que reagem de forma mais realista à descoberta de que Ellie está infectada: com desconfiança e seriedade, tratando-a como um risco.
A cena em que a dupla questiona a adolescente serve como base para o arco de Tess no episódio, visto que a personagem transita da desconfiança à afeição por Ellie. No entanto, esse ainda não é o caso de Joel, que se limita a trocar farpas e grosserias com a garota.
O grande destaque do episódio está, sem sombra de dúvidas, no primeiro encontro com os Estaladores.
A sequência do museu parece ter sido tirada diretamente do jogo. A angulação em terceira pessoa sob o ombro dos personagens reforça esse sentimento, evidenciando que se trata de Neil Druckmann atrás das câmeras.
Para além da familiaridade, a sequência do museu encanta — com o perdão da palavra — pelo trabalho fantástico do elenco, coreografia, prostética e CGI, responsáveis por vender um encontro pavoroso.
Completa com a participação dos dubladores originais dos Estaladores, a adrenalina ao ouvir os cliques ecoando pela sala é de tirar o fôlego. A cena corresponde a uma reprodução fidedigna do que, para o jogador, ter o controle em mãos e precisar se esgueirar despercebido pelas monstruosidades.
O episódio termina com a morte de Tess, que, na adaptação, ganhou nova dimensão e importância ao colocar uma horda de Infectados no lugar das forças da Fedra. A trilha de Gustavo Santaolalla coroa a dramaticidade da cena, ecoando a desolação de Ellie diante de mais uma perda.
Aplaude-se a entrega da atriz da Anna Torv no papel da contrabandista, traduzindo com sucesso a aflição da personagem em estar infectada e, mais adiante, sua resolução em garantir uma chance para a humanidade. “Salve quem você conseguir salvar”, ela diz ao se despedir de Joel.
É uma pena que a cena tenha sido ofuscada por um beijo asqueroso e desnecessário de Corredor. Aqui, o roteiro opta por uma forma literal demais de demonstrar a “conexão” dos infectados com o cordyceps, algo que já tinha ficado nítido poucas telas atrás, quando uma vinha do fungo emerge do chão e se conecta com o Perseguidor abatido por Joel.
A inação de Tess na sequência também quebra a imersão, visto que não condiz com a personagem. É improvável que a contrabandista seria paralisada pela aproximação de um Corredor naquelas condições.
Ainda que com ressalvas, The Last of Us entrega mais um episódio recheado de paralelos com o jogo, dos prédios caídos no cenário à reprodução exata da cena em que Ellie atravessa a tábua. Diferente do piloto, desta vez, o episódio se mantém em ritmo constante, entregando tensão e desenvolvimento de personagens que prende tanto fãs quanto o público geral.
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The Last of Us retorna com um novo episódio no próximo domingo (29). A série terá avaliação do The Enemy todas as segundas-feiras após as exibições.
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