Rockstar é criticada por ciclo de 100 horas de trabalho em RDR 2
Declaração de Dan Houser gerou comentários negativos de desenvolvedores e jornalistas
Nesta segunda (15), o site Vulture divulgou uma matéria especial cobrindo Red Dead Redemption 2, com direito a uma rara entrevista com um dos fundadores da Rockstar Games, Dan Houser.
Durante a conversa, Houser revelou que, por várias várias vezes em 2018, a equipe de desenvolvimento do game precisou trabalhar 100 horas por semana para criar o produto final.
A informação foi extremamente criticada por diversos desenvolvedores e jornalistas, principalmente em relação ao estilo de gerenciamento da empresa e o famigerado “crunch” - período em que os trabalhadores devem trabalhar dezenas de horas para que o jogo seja lançado a tempo.
“Períodos de crunch não são um triunfo da força de trabalho, eles são um fracasso da gerência”, escreveu o jornalista Jim Sterling.
“Isso precisa parar de ser um ponto de orgulho, não importa o quanto você faça soar amargo”, escreveu o designer narrativo Peter Stewart, da Creative Assembly. “Eu não quero que desenvolvedores trabalhem 100 horas por semana, mesmo que o resultado final seja um jogo do ano. Nenhum game vale este tipo de burnout.”
“Se em algum momento eu me gabar sobre minha equipe trabalhar horas extras porque eu não consigo gerenciá-los propriamente, e usar isso como um ponto a ser vendido, por favor tirem fotos deste tweet e mandem para mim centenas de vezes até eu sair humilhado deste site desgraçado”, declarou Mike Bithell, de Thomas Was Alone.
“Você deveria se importar não só com o conteúdo de um jogo, mas o contexto no qual ele foi feito também”, diz uma mensagem da organização Game Workers Unite, que tem como objetivo sindicalizar desenvolvedores de games pelo mundo. “Cada review, artigo, notícia e análise crítica também deve discutir as condições de trabalho por trás de RDR 2. Do contrário não estarão fazendo sua diligência.”
Procurado pelo site Kotaku, Dan Houser fez o seguinte pronunciamento:
“Parece haver alguma confusão em relação a minha entrevista com Harold Goldberg. O ponto que estava tentando fazer no artigo tinha a ver sobre como a narrativa e diálogo no jogo foi elaborado, que foi o foco principal do que conversamos, não sobre os processos diferentes da equipe em geral. Após trabalhar no jogo por sete anos, a equipe de roteiristas sênior - que consiste em quatro pessoas, Mike Unsworth, Rupert Humphries, Lazlow e eu - fizemos, como sempre fazemos, três semanas de trabalho intenso quando concluímos tudo. Três semanas, não anos. Nós todos temos trabalhado juntos por pelo menos 12 anos agora, e acreditamos que isso é necessário para fechar com tudo. Após tantos anos deixando as coisas organizadas e prontas neste projeto, precisávamos chegar e finalizar tudo.
“Mais importante, nós obviamente não esperamos que ninguém mais trabalhe desta forma. Por toda a companhia, temos pessoas sênior que trabalham duro puramente porque são passionais quanto ao projeto, ou seu trabalho em particular, e acreditamos que esta paixão aparece nos jogos que lançamos. Mas este esforço adicional é uma escolha, e não pedimos ou esperamos que ninguém trabalhe assim. Muitos dos veteranos trabalham de forma completamente diferente e são tão produtivos quanto - eu só não sou uma delas! Ninguém, sênior ou júnior, nunca é forçado a trabalhar duro. Acredito que nos esforçamos significativamente para gerenciar uma empresa que se importa com suas pessoas, e fazer da companhia um ótimo lugar para eles trabalharem.”
Red Dead Redemption 2 sai em 26 de outubro para PS4 e Xbox One.