Marvel's Spider Man parece ser o que os fãs sempre quiseram. É o bastante?

Jogamos as primeiras horas do novo game do Homem-Aranha e exploramos a Nova York do próximo grande exclusivo de PS4

Por Thiago Romariz 02.08.2018 11H00

Em teoria, a missão de um jogo de super-herói é fazer você se sentir na pele do personagem. No caso de Marvel's Spider Man, novo jogo do Homem-Aranha exclusivo para PlayStation 4, o objetivo é cumprido com êxito se pensarmos nos movimentos e na ambientação.

Dá pra dizer que Nova York nunca foi tão bem representada nos games desde GTA IV; assim como nenhum outro herói da Marvel teve outra adaptação deste nível. E depois de jogar as primeiras missões da campanha e explorar a cidade por algumas horas, fica a sensação de que o título tem tudo que o fã do Aranha quer. Combate fluido, exploração vasta em uma cidade viva e diversas homenagens aos quadrinhos do herói. Sim, está tudo ali.

Ao mesmo tempo em que todas as supostas necessidades são atendidas, ao final das três horas jogáveis resta uma indagação: será que ter tudo que o fã precisa é o suficiente?

A diversão durante aqueles instantes é inegável, poucos games conseguem ter controles tão bons e combinam tão bem a exploração com os poderes do protagonista. Por outro lado, em pouco tempo a receita parece se esgotar, pois de mundo aberto o mercado está lotado. No fim das contas, resta a impressão de que o roteiro é o que fará este Homem-Aranha se diferenciar - assim como Batman Arkham se diferenciou há alguns anos.

O início da história mostra um Peter Parker mais experiente e trabalhando em um laboratório. Ele não está mais com Mary Jane. No meio disso, descobrimos que o traje do Aranha possui uma tecnologia semelhante à da armadura do Homem de Ferro nos cinemas, e isso o ajuda a mirar, mudar as ferramentas do disparador de teia e a rastrear os crimes de Nova York.

Um destes, inclusive, é liderado pelo Rei do Crime, que protagoniza a primeira missão do game, situada na torre de comando do vilão. No meio de uma mega confusão, o jogo te coloca em um tutorial intuitivo e frenético, perfeito para entender como ser o Homem-Aranha.

Toda a sequência de ação consiste em invadir o prédio ao mesmo tempo em que você aprende o sistema de combate do game. O clássico estilo de contra-ataque consagrado por Batman Arkham está presente, mas de uma forma mais leve. O Aranha flutua pelo ambiente sem o peso que alguns vídeos sugerem e o uso da teia é essencial para construir os combos terrestres e aéreos - estes, aliás, são os mais complexos e satisfatórios.

Divulgação

Quanto mais se domina o combate no ar, mais fácil fica de derrotar os inimigos, e mais bonita fica a ação. O combate corpo a corpo é tão fácil de dominar e tão poderoso que resta pouco - ao menos nestes momentos iniciais do jogo - para as ferramentas extras como bomba de teia ou semelhantes.

Cumprida a missão, o jogador é apresentado à vida de Peter Parker. Além da rotina no laboratório, que rende alguns mini-puzzles desnecessários à jornada, Mary Jane aparece e mostra que é a repórter que conhecemos de alguns quadrinhos do Homem-Aranha. Ela é o catalisador da trama principal, pois envolverá Peter com a máfia comandada pelo Senhor Negativo. Os detalhes da história, porém, ficam por aí.

Nestes primeiros momentos do jogo, pouco é descoberto e quase nada é revelado. A produtora Insomniac garante que este é um enredo no nível das melhores histórias do personagem - teremos que esperar para descobrir, pois pelo início nada de inovador foi apresentado. É o velho Peter no layout modernoso e aventureiro que um PlayStation 4 permite.

Mary Jane é uma repórter em Marvel's Spider-Man e vai ajudar o herói a investigar crimes

Divulgação

Deixando isso de lado, a exploração fica em evidência. E junto com ela os prós e contras de ter um jogo em mundo aberto hoje em dia e com um personagem como o Homem-Aranha. As missões paralelas não se diferenciam em nada de todos os outros títulos do gêneros. Impeça roubos, ajude inocentes, tire fotos de monumentos, cace colecionáveis e destrave o mapa a partir de torres.

Enquanto "voar" por Nova York é tão divertido quanto tem que ser, andar e "sentir" a cidade viva não é algo interessante, quando o bom mesmo é viver acima de tudo e de todos. Afinal, se eu sou o Aranha, por quê andar pelas ruas? Mergulhar do alto dos prédios e sentir os arranha-céus sumindo no blur da tela é o que faz esse Marvel's Spider-Man ser especial, não o pulso e os cidadãos de Nova York.

A Insomniac, empresa de ótimos games como Sunset Overdrive e Ratchet & Clank, parece ter atingido a sua melhor forma em termos de controles e visual. A rápida movimentação de Sunset está em cada canto de Homem-Aranha, mas evoluída, como o personagem pede. A escolha por um mundo aberto tradicional, porém, parece limitar e jogar o título em grupo de games que hoje soam repetitivos e que usam de artimanhas conhecidas para preencher as horas gastas dentro do mapa.

Divulgação

Está garantido que o jogador poderá viver como o Homem-Aranha. Nada feito para o personagem é igual ao que temos aqui. Ainda assim, é necessário uma narrativa e uma história que realmente façam jus à excelência técnica apresentada. Dessa forma, Marvel's Spider-Man pode entregar uma experiência que transcende o básico.

Descobriremos tudo isso no dia 7 de setembro, quando finalmente colocaremos as mãos no jogo completo.