Final Fantasy VII Remake já está entre nós há algumas semanas e um de seus pontos mais polêmicos é justamente o final, onde há grandes novidades até mesmo para quem conhece a história do clássico RPG de 1997 de cabo a rabo (como eu).

Portanto, explicar o controverso final do game é uma tarefa difícil, pois neste momento do projeto há mais respostas do que perguntas. Mas há vários indícios do que esperar para o futuro de Final Fantasy VII Remake - e porque ele pode ser bem diferente do que imaginamos.

Se você não quiser saber mais, fica o aviso de spoiler agora, tanto de Final Fantasy VII Remake quanto do game original de 1997. A partir da próxima imagem, vamos falar em detalhes sobre os eventos de ambos os jogos.

Final Fantasy VII Remake: entenda o final
Divulgação/Square Enix

Os murmúrios

Antes de falar especificamente sobre o final do game, precisamos explicar um conceito apresentado bem cedo na história que desempenha papel-chave em toda a trama: os fantasmas que interferem nas ações dos heróis durante todo o jogo, de forma positiva ou negativa.

Eles são Murmúrios (ou Whispers, na versão em inglês), descritos como “árbitros do destino” por Red XIII. Essencialmente, eles estão lá para garantir que os acontecimentos de Final Fantasy VII Remake sigam à risca um roteiro pré-determinado - no caso, o roteiro que conhecemos do game de 1997. “Eles são atraídos àqueles que tentam alterar o curso do destino, e garantem que essas pessoas não tenham sucesso”, descreve Red aos demais integrantes da equipe pouco tempo após ser apresentado ao jogador.

Murmurios Final Fantasy VII Remake: entenda o final
Divulgação/Square Enix

A maior prova da intervenção destas entidades se dá quando Sephiroth atravessa Barret com sua Masamune no topo do prédio da Shinra. Como não era hora do líder da AVALANCHE morrer, coube a estes seres imediatamente cuidar de suas feridas.

Apenas a presença dos Murmúrios ao longo do jogo dá fortes indícios de que Final Fantasy VII Remake se passa em uma realidade paralela a do game original, e estes Murmúrios tentam conectar as duas realidades ao buscar que os eventos de um universo (o do jogo de 1997) se repitam na nova linha do tempo (a do remake).

“Mas ah, isso aí pode ser só uma brincadeira Nomura com as expectativas dos fãs”, você pode estar perguntando. Bem, existem vários indícios dentro do roteiro que afastam essas suspeitas metalinguísticas (e o diretor Tetsuya Nomura é bem conhecido por suas histórias complicadas). Para começar, alguns personagens parecem saber da existência de realidades paralelas - e dos eventos que já aconteceram em uma delas.

Sephiroth Final Fantasy VII Remake: entenda o final
Divulgação/Square Enix

Sephiroth

Se Final Fantasy VII Remake seguisse os eventos do original à risca, veríamos muito pouco do vilão Sephiroth. Ele só é estabelecido como a real ameaça quando o grupo sai de Midgar, exatamente quando o remake se encerra. Portanto, era natural que a Square Enix encaixasse o antagonista mais cedo na aventura, de modo a apresentar um de seus personagens mais icônicos e até mesmo oferecer um necessário desafio final ao jogo.

De fato, Sephiroth é o último chefe de Final Fantasy VII Remake, mas sua introdução e subsequentes aparições no jogo são intrigantes, pois, de alguma forma, ele parece saber não apenas sobre a função dos Murmúrios, mas quer utilizá-los a seu favor. Isso porque, desde o momento em que surge na tela, o lendário soldado da Shinra parece saber que, se o “destino” seguir seu fluxo, ele perde a batalha decisiva contra Cloud e os outros.

Várias ações de Sephiroth podem ser justificadas nesse sentido, como o fato de ele tentar atrasar a fuga de Cloud do Reator 1, de forma que seu caminho jamais se cruze com o de Aerith. Os Murmúrios, por sua vez, atrapalham a jovem florista, para garantir seu encontro com o mercenário.

O último encontro entre Cloud e Sephiroth, denota bem essa consciência do vilão. “Aquilo que está à frente ainda não existe”, diz Sephiroth a Cloud após a última batalha. “Nosso mundo fará parte, um dia. Mas eu não acabarei, nem deixarei você acabar. Vamos desafiar o destino juntos.”

Um outro ponto sugere até que esta versão de Sephiroth não apenas sabe do futuro, como veio do futuro. Ao longo do jogo, ele ostenta as penas pretas de sua única asa, algo que só é incorporado visualmente ao personagem no longa Advent Children. Há também a chance de esta realidade ter múltiplas versões de Sephiroth… enfim, são dúvidas que ficam para os próximos jogos.

Aerith Final Fantasy VII Remake: entenda o final
Divulgação/Square Enix

Aerith e os Arautos do Destino

Por sorte, temos no nosso grupo uma personagem que também parece estar ciente das várias realidades de FFVII. Aerith já tinha poderes além da compreensão no jogo original. Como a última remanescente dos Cetra (ou dos Antigos, no jargão da Shinra), ela é capaz de conversar com a energia do planeta. No remake, estes poderes servem para a heroína despertar, pouco a pouco, sua consciência para este “multiverso”.

O cenário onde se desenrolam as batalhas finais do jogo, contra os Arautos do Destino e Sephiroth, é descrito como “a Encruzilhada do Destino” por Aerith. É um lugar onde os eventos de várias realidades parecem se cruzar. Quando Tifa pergunta o que o grupo encontrará do outro lado do portal aberto por Sephiroth - e das demais batalhas -, Aerith responde: “Liberdade. Sem limtes e aterrorizante”. Ela ressalta a importância de derrotar Sephiroth, mas alerta: ao encarar os desafios do jogo, eles estarão mudando mais do que o destino. Mudarão a si mesmos - mais uma metáfora sobre como os eventos serão diferentes dali pra frente.

Uma comparação perfeita pode ser feita com Vingadores: Ultimato. Enquanto Sephiroth é o Thanos que descobre seu futuro antes da hora e, com essas informações, tenta derrotar os heróis para cumprir seus planos, Aerith é como o Doutor Estranho: a pessoa que sabe de todos os desfechos possíveis para aquele embate - e o único jeito de vencer.

Crédito: Taz Mania/YouTube

Ao adentrarem na Encruzilhada do Destino, nossos heróis precisam enfrentar o Arauto dos Murmúrios, uma congregação dos fantasmas que tenta impedir os heróis por meio de três sentinelas, com armas e habilidades que espelham os estilos de luta de Cloud, Barret e Tifa.

Estas criaturas, de acordo com sua descrição pela habilidade Analisar, “manifestações físicas do destino que luta com a própria espada/mãos/armas de fogo para defender o futuro que a criou”.

Outra prova da ligação entre os Arautos do Destino e o nosso grupo de heróis é o fato de os inimigos transmitirem “visões do futuro” quando são derrotados, e elas nada mais são do que flashes do que acontece em partes mais avançadas do jogo original, como a chegada do Meteoro, a última cena do game e… um certo spoiler envolvendo uma morte importante.

Crédito: Shirrako/YouTubeaerith

Ou seja, seriam os Murmúrios versões futuras dos heróis que tentam impedir uma alteração da linha do tempo de Final Fantasy VII Remake? Ou até mesmo suas contrapartes de uma realidade paralela, que querem garantir que a história se repita e tenha o mesmo desfecho (a salvação do planeta)? São dúvidas que ficam para o futuro do projeto.

Seguindo essa linha de raciocínio, é possível que, ao derrotar os Murmúrios, os heróis tenham feito um favor a Sephiroth. Livre das entidades que tentavam, no fim das contas, garantir sua derrota, ele pode mudar os acontecimentos da história de Final Fantasy VII para que ele consiga concretizar seus planos malignos: invocar um meteoro para extinguir a civilização e, ao fundir sua própria energia com a do planeta, tornar-se um deus (estou resumindo bastante a história original de FFVII aqui).

Mas toda as teorias de múltiplos universos e consciência sobre o futuro é realçada pela última - e mais importante - mudança proporcionada pelo final de Final Fantasy VII Remake…

Zack  Final Fantasy VII Remake: entenda o final
Divulgação/Square Enix

Zack

Antes e depois da batalha final, vemos uma figura com as mesmas roupas e a espada de Cloud, mas com cabelo escuro. Ele é Zack Fair, uma figura tão vital para todos os acontecimentos do Final Fantasy VII original que ganhou até jogo próprio: Crisis Core: Final Fantasy VII, lançado para o PSP em 2007.

A história de vida de Zack é assunto para outro texto, mas de forma resumida, seu papel é o seguinte: Zack é o que Cloud acredita ser no início do jogo. Ao contrário do que ele faz os demais integrantes da equipe acreditarem, Cloud jamais foi SOLDIER, mas um evento fatídico faz com que ele assimile os eventos da vida de Zack como se fossem seus.

O episódio mais importante da vida de Zack para FFVII transcorre na cidadezinha de Nibelheim (a terra natal de Cloud e Tifa). Lá, Sephiroth enlouquece ao descobrir a verdade sobre sua origem, e Zack e Cloud se veem obrigados a detê-lo. Eles conseguem, mas mal saem vivos do combate, e acabam virando cobaias de um experimento do cientista Hojo, sendo banhados por mako por anos.

Zack consegue se libertar, e salva um Cloud totalmente fora de si, como consequência do envenenamento por mako. Os dois partem rumo a Midgar, mas são interceptados por um batalhão da Shinra nos arredores da metrópole. Sozinho, Zack derrota os soldados, mas acaba perdendo a vida. Cloud, então, recobra a consciência a tempo de ver o amigo morrer diante de seus olhos, e o trauma faz com que sua personalidade assimile os eventos da vida de Zack e seu status como SOLDIER.

(No Final Fantasy VII original, isso é contado de trás pra frente: como não sabemos sobre a assimilação da vida de Zack por Cloud, ele conta o passado de Zack como se fosse o dele para os heróis logo após o grupo deixar Midgar.

Em Final Fantasy VII Remake, vemos novamente o final da vida de Zack, e seu conflito com o batalhão da Shinra. Mas agora, há uma diferença fundamental: ele sobrevive ao combate.

Veja a cena final de FFVII Remake abaixo, com um Zack vitorioso carregando Cloud em direção a Midgar:

Crédito: AMHarbinger/YouTube

E compare com o final de Crisis Core, que mostra um Cloud solitário vagando sozinho rumo à cidade, deixando o cadáver do amigo para trás:

Crédito: kiefer23/YouTube

Ou seja, de alguma forma, Zack parece ter sobrevivido. Talvez não na nova realidade em que os heróis estão no momento, mas em uma outra linha do tempo. Uma diferença entre os desenhos do cãozinho Stamp, mascote da Shinra, parecem indicar isso.

Entretanto, Aerith - mais uma vez - parece notar as diferentes realidades. Vale ressaltar que, tanto no jogo original quanto no remake, Zack e Aerith tiveram um relacionamento amoroso. Quando vemos Zack vivo andando rumo a Midgar, ele parece “cruzar” com a Aerith que acabou de derrotar os Murmúrios, e ela percebe esse encontro de linhas do tempo.

Conclusão

Como falei no começo do texto, o final de Final Fantasy VII Remake traz mais dúvidas do que respostas, mas uma coisa parece evidente: a partir dos próximos jogos do projeto, nada será sagrado. “A jornada desconhecida continuará”, diz a última linha de texto antes dos créditos.

Será que Sephiroth sabe de seu destino e tem os meios necessários para mudá-lo? Aerith será capaz de prever isso e, quem sabe, mudar o seu próprio destino? E como a possibilidade de ter Zack vivo muda o destino de Cloud, cuja jornada do herói só começa com a morte do melhor amigo?

Essas perguntas devem ficar para os próximos anos. O que você acha que vai acontecer? Deixe sua opinião nos comentários.

  • Lançamento

    10.04.2020

  • Publicadora

    Square Enix

  • Desenvolvedora

    Square Enix

  • Censura

    14 anos

  • Gênero

    RPG

  • Testado em

    PlayStation 4

  • Plataformas

    PlayStation 4