Review: Undisputed chega para nocautear a saudade dos jogos de boxe
Alguns deslizes técnicos não ofuscam a boa jogabilidade
Com a promessa de reviver o auge dos games de boxe, Undisputed chega para PS5, Xbox Series e PC no próximo dia 11 de outubro. O game é o projeto de estreia da Steel City Interactive, e está sendo publicado pela Deep Silver.
Undisputed foi anunciado em 2020, quando ainda era chamado de eSports Boxing Club; em setembro de 2022, ele foi renomeado, e em janeiro de 2023 saiu como acesso antecipado no Steam. O projeto até poderia passar batido, mas esse é o primeiro jogo licenciado de boxe desde Fight Night Champion, que saiu em 2011.
Ao abrir o game pela primeira vez, você se depara com menus simples e bem intuitivos, e é apresentado aos modos de jogo disponíveis — entre eles temos Modo Carreira, Fight Prize e Online.
No modo Online, existem partidas normais e também as Rankeadas, que não consegui testar, já que pouquíssimas pessoas estavam buscando esse modo durante o acesso antecipado.
Falando sobre o Fight Prize, o modo consiste em desafios com três níveis de dificuldade contra a CPU, e dependendo do seu desempenho você marca uma pontuação que vai para um leaderboard global. Pra mim, é um modo divertido e que te desafia a rejogá-lo para tentar superar as pontuações de outros jogadores - dito isso, sou top 4 mundial em um deles no momento em que este Review está sendo escrito.
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Indo para o que talvez seja o grande modo de Undisputed, temos o Modo Carreira, que não inventa a roda mas faz ela girar, mesmo que às vezes em trancos e barrancos. Você pode optar por começar a carreira criando um lutador, ou então selecionando algum atleta profissional e realmente recriando a carreira dele.
Você pode, por exemplo, começar com Muhammad Ali aos 18 anos, iniciando sua trajetória e tentar dar uma história parecida com a do astro do boxe, já que reproduzir os feitos incríveis dele é impossível.
Temos também o Modo Carreira padrão, onde você cria o seu personagem e sua história, mas esse deixa muito a desejar. Um dos pontos negativos é o criador de personagens, que deixa os bonecos com uma aparência quase de plástico — o que me causou estranheza já que os lutadores licenciados estão extremamente bem feitos.
Porém, o principal defeito do Modo Carreira é cair numa grande repetição até ficar tedioso, antes mesmo de você atingir o grande auge.
O modo se resume em equilibrar seu condicionamento físico e seu peso até chegar na data de escolher um confronto, e depois realizar o treinamento durante algumas semanas voltados para a luta, seja ele melhorar sua velocidade, resistência ou qualquer outro atributo. E fim.
Você fica nesse ciclo infinito de preparação pré-luta; preparação para a luta; luta e repete o ciclo.
Aprofundando um pouco mais sobre o criador de personagens, ele é esteticamente bem fraco, seja pelas poucas opções de customização ou, como citei anteriormente, pela aparência de parecer bonecos de plástico.
As tatuagens dos personagens dão mais visibilidade ainda para esse problema, parecendo que saíram de um chiclete.
Porém, na parte que se diz sobre o que seu lutador fará no ringue, temos várias customizações, seja na forma que ele vai se defender ou até em como ele fica parado. É tranquilamente a melhor parte da customização.
Talvez o grande problema de Undisputed, pra mim, foi a questão da performance do jogo no PS5. Alguns travamentos e queda de FPS são normais durante as lutas, e isso acaba afetando a experiência no meio da gameplay. Os travamentos não são tão recorrentes, porém, as quedas de FPS acontecem em todas as lutas e mais de uma vez.
Chegando na parte mais importante de Undisputed, que é a sua jogabilidade, o game possui mais de 60 tipos de socos diferentes, sendo eles de vários ângulos e direções, além das combinações com esquivas e contra-ataques.
Tudo isso vai para dentro do ringue de maneira divertida, desafiante e muito recompensadora. A sensação de uma boa esquiva com um forte gancho é incrível, mas quando você leva um desses… machuca.
Quanto mais você joga, mais você percebe as grandes variações que podem acontecer na luta e quantas coisas realistas do esporte você presencia. Seja a luta que acaba extremamente rápido ou então os embates épicos de mais de 8 rounds onde ambos terminam em pé.
Acertar bons socos e ganchos é recompensador, quando pega “na veia” e o suor voa, ou então a expressão facial do oponente fica desfigurada, é impossível não soltar uma risadinha sabendo que aquele golpe entrou da maneira correta.
Uma das poucas coisas que me incomodaram no combate é, caso o lutador fique rotacionando muito dentro do ringue, há alguma sensação de tontura e, em poucos casos, a cabeça de um membro da sua comissão técnica pode ocupar grande parte da tela, mas é só se mover um pouco que isso é resolvido.
Undisputed preenche a lacuna que os fãs de boxe sentiam desde Fight Night Champion, colocando mais de 60 lutadores totalmente licenciados e com uma gameplay fluida. Infelizmente, alguns problemas técnicos afetam a experiência, mas não ofuscam as qualidades do jogo.