Review: Oddworld: Soulstorm

Uma aventura fascinante escondida entre mecânicas desafiadoras

Por Pablo Raphael 14.04.2021 17H57
Crédito: The Enemy/Divulgação

Como toda a franquia Oddworld, Soulstorm é um jogo muito estranho e este é seu maior encanto. O protagonista, Abe, não é o típico herói de ação de um videogame, mas tem a heróica missão de guiar seu povo, os Mudokon, para longe das garras da escravidão.

O mundo do jogo, os colegas de Abe e seus ameaçadores inimigos, tudo é muito esquisito e equilibrado entre o bizarro e o divertido. Seria incrível passear por este mundo com calma, sem que tudo nele estivesse tentando te matar a primeira vista.

Oddworld: Soulstorm é uma releitura de Exoddus, segundo jogo da série, e sequência de New'n'Tasty, lançado num já distante 2014. Diferente do game no qual é inspirado, Soulstorm não parece uma mera expansão do capítulo anterior, mas um jogo completo e melhor construído, com um mundo vivo e sedento pelo sangue do pobre Abe e seus companheiros Mudokon.

A produtora Oddworld Inhabitants fez um ótimo trabalho ao combinar elementos de puzzle e plataforma com ação furtiva. Abe e seus amigos são frágeis e morrem facilmente, bastantdo alguns disparos, uma mina explodindo ou um pequeno incêndio para acabar com a diversão e enviar o jogador de volta ao último checkpoint.

Oddworld Ihhabitants/Divulgação

Abe pode ser frágil, mas não é tão indefeso quanto parece: no começo, é preciso se virar com garrafas de bebida inflamável para atear fogo nos inimigos, mas não demora para o jogador estar possuindo seus inimigos e metralhando-os uns aos outros, explodindo os oponentes em pedaços e atirando-os do alto de penhascos. Em geral, matar não é a melhor opção, mas ser totalmente furtivo em Soulstorm é um objetivo mais frustrante do que nobre.

Soulstorm traz 15 estágios principais (e mais dois secretos), cheios de quebra-cabeças odiosos, adversários implacáveis e cenários bizarros e fascinantes. Eles têm múltiplos caminhos para percorrer, com segredos e objetivos secundários para encontrar.

O jogo um jogo desafiador e as primeiras fases podem ser frustrantes, mas ao menos a movimentação do personagem foi bastante aprimorado, com destaque para o pulo duplo. Há um sistema de inventário e criação de itens que é algo esperado nos jogos atuais, mas meio dispensável em Oddworld. Um elemento clássico, o poder de possuir os oponentes ainda é uma das coisas mais divertidas do jogo.

Outro destaque fica para as belas cenas de corte, longas sequências em computação gráfica que situam o jogador - afinal, é bem provável que muita gente que vai jogar Soulstorm nunca encostou em New'n'Tasty ou em jogos mais antigos da série. Essas cenas também são um lembrete de que uma animação de Oddworld quase aconteceu uns anos atrás.

Oddworld Inhabitants/Divulgação

Infelizmente, há alguns problemas com Soulstorm, como o posicionamento dos checkpoints - alguns ficam logo antes de itens que precisam ser coletados todas as vezes que se passar por lá, outros ficam simplesmente espaçados demais e de vez em quando, perto demais: pode acontecer de Abe ser arremessado de um ponto para cair antes do checkpoint anterior, morrer e precisar refazer todo o progresso.

Os menus de seleção e criação de itens não são os mais práticos que você já viu. O sistema de crafting, na real, poderia ficar totalmente de fora e não faria falta. Por fim, há algumas sequências em que Soulstorm força o jogador a avançar de forma apressada pela fase, quebrando a imersão meticulosa de suas telas de puzzles e plataformas.

Soulstorm é um jogo curioso: lançado num momento tranquilo até demais, o game da Oddworld Inhabitants ganhou mais atenção do que qualquer outro título da série, ganhando muito tempo de tela em eventos. Com a versão de PS5 disponível para assinantes da PS Plus, muita gente vai ao menos pegar para a coleção. Se decidir jogar, porém, é bom ir preparado para uma jornada tão estranha quanto desafiadora.

Nota do crítico