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Review: Life is Strange 2 - Episódio 4: Faith

Basicamente repetindo a fórmula de seu terceiro episódio, o game narrativo mostra Sean mais maduro

Por Breno Deolindo 02.09.2019 18H00

Depois de um final impactante para seu terceiro episódio, Life is Strange 2 está de volta com seu penúltimo capítulo: Faith. A história segue abordando as dificuldades dos irmãos Sean e Daniel para sobreviver após o acidente em sua cidade natal, e introduz uma personagem importante para os garotos.

O game não começa imediatamente depois do acidente na fazenda de Merril. Já se passaram dois meses desde que Daniel surtou e destruiu o local com seus poderes. Sean conseguiu sobreviver, mas perdeu um de seus olhos graças aos destroços - algo que já era indicado pela cena final do game.

O paradeiro de Daniel, por outro lado, é desconhecido, e encontrar o garoto é a primeira grande questão deste episódio. Por mais clichê que soe, Daniel foi acolhido por um grupo religioso fanático, que enxerga seus poderes como um presente divino. A missão de Sean é conseguir reconquistar a confiança de seu irmão, afastando-o dessa comunidade cheia de segundas intenções.

Irmãos afastados

O último episódio que afastou os irmãos durante bom tempo de sua narrativa foi Rules, o segundo capítulo de Life is Strange 2. Naquela ocasião, a separação não fez bem para a aura fraternal que o jogo transmite. A relação entre os dois irmãos, e não apenas Sean ou Daniel, é a verdadeira protagonista do enredo.

Em Faith, por outro lado, a ausência de Daniel soa mais autêntica, tanto pela preocupação de Sean com o abalo no laço entre os dois, quanto pelo aprofundamento em outras relações do jovem.

A evolução do irmão mais velho é o ponto alto do episódio, e vem acompanhada de uma leve imersão em temas sociais muito relevantes na atualidade. A xenofobia em um país que parece cada vez mais intolerante aos estrangeiros é pincelada na medida certa, e não soa forçada para a trajetória de Sean.

Por outro lado, é de se questionar o desenvolvimento do irmão caçula. Desde o início da história, o personagem parece não ter evoluído em nada, e continua sendo uma criança teimosa e que se ilude facilmente com um adulto que te dá algum valor. Isso acontecia com Finn no terceiro episódio, e se repete de maneira quase idêntica com Lisbeth Fischer, líder do culto religioso.

Já são dois episódios seguidos que seguem a mesma fórmula: Sean e Daniel estão em um ambiente hostil, onde apenas o caçula não percebe os perigos de continuar ali e de dar atenção a um adulto mal intencionado. Desta vez, o embate entre os dois irmãos fica quase artificial, com o mais novo sendo cabeça dura mesmo quando não há mais motivos para ser.

Claro, ele é uma criança e não consegue perceber tantas nuances naqueles que o cercam. Ainda assim, o garoto literalmente arrancou um olho de seu irmão por ter sido teimoso no episódio três, e continua com a atitude de pirralho em Faith.

Laços entre o jogador e personagem

Para um game narrativo e que apela para as emoções, é importantíssimo que o jogador tenha algum laço com os personagens. Como eu já havia criticado no review de Wastelands, a demora entre um episódio e outro enfraquece essa relação, e não ajuda nem um pouco na experiência do game.

No meu caso, alguns detalhes foram totalmente esquecidos. Em uma primeira menção a Merril, o dono da fazenda de maconha do terceiro episódio, eu simplesmente não lembrava quem exatamente era o personagem; o mesmo vale para pessoas secundárias que estavam no terceiro episódio, ou até mesmo para os avós de Sean e Daniel que aparecem no segundo.

Uma breve - e bonita - introdução no começo de cada episódio serve para que o jogador não fique totalmente perdido, mas não é suficiente para lembrar de todos os detalhes da trama.

No geral, Faith pode ser considerado um dos episódios mais fracos até aqui, em uma disputa séria com o segundo. Até mesmo na questão gráfica, o jogo desaponta: personagens novos possuem modelos muito menos detalhados do que os irmãos Diaz, como é bastante perceptível no caso do enfermeiro Joey.

A trilha sonora brilha muito mais do que nos outros capítulos, e um Sean mais maduro agrada bastante, mas a repetição da fórmula de Wastelands torna-se completamente batida - ainda mais por não haver um desfecho tão chocante quanto naquele episódio.

Resta aguardar pelo quinto e decisivo capítulo, que resolverá de vez a situação de ambos irmãos. Life is Strange 2 ainda não conseguiu atingir a mesma relevância de seu antecessor, e precisará dar uma cartada de mestre para que seu encerramento seja tão marcante quanto o do primeiro game. Por enquanto, essa realidade parece bem distante.

Nota do crítico