Review: LEGO Horizon Adventures diverte sem se arriscar muito

Com simplicidade e competência, especialmente em mecânicas de combate, game é ótima maneira de descomprimir

Por Breno Deolindo 13.11.2024 13H31

Talvez Horizon seja o melhor encaixe possível para a franquia LEGO nos games. Boa parte de Zero Dawn e Forbidden West, afinal, é desencaixar peças de animais robôs que povoam o mundo. LEGO Horizon Adventures se aproveita bem dessa combinação, trazendo humor ácido e alguma agilidade para um ambiente mais amigável ao jogador.

O jogo é o primeiro grande trabalho do Studio Gobo, que foi fundado em 2011 mas trabalhou majoritariamente como estúdio de suporte para outras desenvolvedoras em títulos triple-A. Como consequência, o game não é tão ambicioso quanto Skywalker Saga, que talvez tenha o maior escopo entre jogos de LEGO, mas não deixa de ser competente.

A história segue, com várias liberdades no roteiro, o enredo do primeiro Horizon. Aloy é introduzida como uma criança que foi encontrada sem muitas pistas de seu passado, e cresceu sendo treinada para ser uma guerreira. O início da jornada é bem familiar, mas logo percebe-se que o caminho não é exatamente o mesmo que conhecemos.

A trajetória é bem mais simplificada do que o mundo aberto de Zero Dawn, apresentando Helis como o grande vilão logo de cara, e sem se aprofundar tanto nos diferentes povos e cenários políticos do mundo pós-apocalíptico. Ao longo de quatro capítulos, o jogador descobre um pouco mais sobre os planos do antagonista, e coleciona uma infinidade de pecinhas enquanto isso.

Divulgação/PlayStation

Tudo é contado por meio de curtas missões, todas acessadas por meio de sua base em Mother's Heart. Ao cruzar um portão, o jogador escolhe qual personagem quer usar e já é automaticamente transportado para o local da fase — todas bem lineares e sem muito espaço para desvios.

Não existe grande variação em como cada uma delas funciona. O loop consiste em avançar pelos cenários e derrotar os inimigos que aparecem, com um eventual chefão surgindo de vez em quando. O máximo de exploração está em cantos que escondem baús com moedas e itens, ou estátuas para serem montadas, que também dão um pouquinho de dinheiro.

A grande variação do game está na sua própria base. Mother's Heart vai ganhando cada vez mais vida conforme se avança na história; as moedas coletadas em missões são usadas para comprar itens de decoração, roupas para Aloy ou até upgrades passivos para facilitar sua jornada. Vários desses cosméticos seguem a temática de Horizon, mas também há espaço pra viajar um pouco e vestir a protagonista com roupas de ninja ou policial.

Divulgação/PlayStation

Novos cenários e construções também são desbloqueados aos poucos, especialmente ao usar blocos dourados que são dados após cada missão, ou ao completar tarefas específicas.

Mas não é como se o gameplay fosse extremamente raso ou algo do tipo. Aloy tem seu arco como principal arma, usando-o para desmontar os animais robóticos ao atirar em seus pontos fracos, assim como nos jogos originais. Há ainda a opção de jogar com Erend e seu martelo; Varl, que usa uma lança; e Teersa, que tem bombas em formato de galinhas.

Dando ainda mais tempero ao caldo, também é possível usar armas raras, como um arco elétrico, ou equipamentos como drones que causam dano elemental e barracas que lançam cachorros-quentes explosivos.

Mesmo que seja simples, o combate é bastante satisfatório. O feedback sonoro ao desmontar o ponto fraco de um robô é uma delícia de ser escutado, e boas lutas contra chefões potencializam a diversão. O próprio game parece saber disso, já que missões opcionais focadas em boss fights são introduzidas em determinado ponto.

Caso não tenha ficado claro, o game não se leva a sério em nenhum momento. Mother's Heart pode ser decorada com temas policiais; o roteiro é cheio de quebras da quarta parede; e os quatro protagonistas sempre trazem piadinhas em sua fala. A frequência de momentos cômicos pode até ser irritante vez ou outra, mas não deixa de ser positivamente irônica quando comparada à seriedade dos dois outros games da franquia.

Divulgação/PlayStation

Aloy é tão desbocada quanto pode ser; Erend diverte com sua obsessão por donuts, e até o misterioso Sylens ganha uma repaginada completa, abandonando toda sua seriedade e a substituindo com a profissão de DJ. Caso os personagens de Horizon e sua complexidade tenham um significado importante pra você, pode ser melhor ficar de fora dessa, mas para quem abraça a galhofa, a diversão é garantida.

Infelizmente, o acesso antecipado ao game dificulta o teste do modo cooperativo do game, que pode até ser a solução para um de seus pontos fracos. Por mais que a variedade de personagens seja interessante, é chato ter que se preocupar com subir o nível de cada um deles. Focar em um ou dois heróis acaba sendo mais confortável, e dar uma eventual variada acaba sendo complicado pelo personagem não ter tanta vida ou dano quanto seus favoritos.

O co-op deve resolver o problema, permitindo que cada amigo reveze entre os personagens para que todos ganhem experiência e a party siga equilibrada.

LEGO Horizon Adventures não é incrível e nem almeja ser. Com visuais bonitos até no modo performance, o game entrega uma história divertida e irreverente costurada com gameplay competente. Por ser curto, o título mal flerta com repetitividade, e é uma boa aventura leve para quem busca alguma descompressão. A história poderia se aprofundar um pouco mais nos detalhes de Zero Dawn… mas já temos o jogo original pra isso, não é mesmo?

Nota do crítico