Review: Gran Turismo 7 é o melhor simulador da década, mas não arrisca

O simulador da Sony olha para o passado para evitar os erros das versões anteriores

Por Rodrigo Guerra 02.03.2022 11H14

É difícil errar com o nome “Gran Turismo” estampado na capa do jogo e não é à toa que esta é a maior série da história do PlayStation. Com mais de 85 milhões de cópias vendidas, a franquia sempre prezou pela qualidade em todos os seus aspectos - jogabilidade desafiadora, gráficos incríveis, diversidade de jogo e, claro, a paixão pelos carros - ou “o maior gadget já criado na história da humanidade”, como cravou Kazunori Yamauchi, criador e diretor da marca.

E já aqui no início desse texto eu digo: Gran Turismo 7 é o melhor simulador de automobilismo da última década. Mas não pare de ler esse texto ainda, pois você precisa entender tudo o que esse jogo tem a oferecer.

Gran Turismo 7 é um santo sem milagres realizados e conta com Lewis Hamilton,  Igor Fraga e mais uma legião de jogadores profissionais como apóstolos. Se com um piloto ícone da Formula 1 e o brasileiro campeão mundial de Gran Turismo Sport advogam à favor, quem seria eu para falar um “A” contra esse título? Bom eu tenho vários “A”s, mas nada que vá manchar a reputação dessa missiva aos fãs do automobilismo.

Deve ser muito difícil calçar os sapatos de Yamauchi. Ele é um gênio não reconhecido pela comunidade gamer, mesmo tendo a obrigação de manter o nível mais alto entre os simuladores de corrida para justificar o subtítulo “The Real Driving Simulator” que vem abaixo do nome “Gran Turismo” desde seu debute. 

Mas eis que Gran Turismo 7 está entre nós. Santificado neste dia 4 de março de 2022. Trouxe em seu primeiro dia mais de 400 bólidos, 34 pistas, 90 traçados, dezenas de formas de ser jogado e milhões de palavras e imagens para expressar o amor ao automobilismo.

Classe e elegância

O tom sóbrio traz elegância ao game. Você sente a ostentação que envolve o mundo do automobilismo em todos os níveis. E, sejamos honestos, sabemos que é exatamente isso o que esse universo quer trazer - e que talvez seja o sonho de consumo de MD Chefe.

Gran Turismo 7 é um jogo de simulação, sim. Mas existe um subtexto antes de chegar e falar das corridas: Esse é um jogo no qual é explícito o amor aos carros - ou “car porn” como dizem por aí. O jogo faz uma ode aos detalhes dos carros, mostrando os veículos em lugares incríveis e apaixonantes, trazendo um ar de graça e elegância, ao mesmo tempo em que exalta a história desse “gadget” mesclando com o mundo da música, artes e momentos históricos da humanidade.

Isso pode ser observado já no vídeo de abertura, que mostra a evolução dos carros em uma linha do tempo com momentos marcantes do nosso mundo e culmina em uma corrida alucinante  que leva ao título do jogo.

Não apenas isso: basta ficar alguns minutos sem fazer nada na tela do mapa mundi para entrar um descanso de tela que mostra diversas imagens de carros em cenários fantásticos com uma ou outra pontinha de história.

Não preciso dizer que isso é realmente um apreço surreal aos detalhes. Imagino quantos e quantos anos o pessoal da equipe de desenvolvimento ficou produzindo essas imagens incríveis e pesquisando esses momentos históricos.

Conteúdo a conta-gotas 

Sob muitos aspectos, Gran Turismo 7 aprendeu com os erros das últimas aparições da série no mundo das corridas virtuais. Ao mesmo tempo, um sentimento de nostalgia tomou conta de mim a cada minuto que passava com o controle na mão. Tudo me remetia ao Gran Turismo 4, desde o “mapa mundi”, o menu que pontua toda a sua estadia nesse universo, até mesmo às dezenas de horas passadas nas provas de licenças. 

Mas vamos começar pelo início, com o Mapa Mundi. Lá é mostrado tudo o que você pode fazer, desde comprar carros, disputar partidas online, e até mesmo trocar o óleo e lavar o carro.

Se bem me lembro, lá nos idos de 2004, uma coisa que muitos críticos reclamaram de Gran Turismo 4 - inclusive eu - era o excesso de itens para selecionar, que deixavam as coisas confusas. Agora, em 2022, eu me vejo pensando nisso novamente. Será que não dava para fazer um “resume aí fera” nesta quantidade de itens clicáveis? Pra quê três lojas de carros? Dois ícones para missões (carteira de motorista e as missões) e mais dois para o modo multiplayer (multijogador e Sport).

Para ser apresentado a este mundo, você vai conhecer alguns personagens que vão guiá-lo em todos os seus passos pelo mundo de classe e elegância de Gran Turismo. Sua primeira “amiga” é a Sarah, que é sua guia no mundo do Gran Turismo. É ela quem introduz os personagens, locais novos no mapa mundi e as coisas que podem ser feitas no game.

Além dela, você vai conhecendo outras figuras, como Rupert, que é quem cuida da loja de peças, Oliver, fotógrafo que vai mostrar pra você como tirar boas fotos e Luca, o dono do Café, que é talvez a parte na qual você vai passar mais tempo depois de uma corrida ou outra.

O ponto estranho é que essas pessoas que você conhece parecem ter saído de uma página de banco de dados de fotos, como o Shutterstock. Toda essa parte, talvez, tenha sido imaginada para dar ao jogador um sentimento de pertencimento ao mundo de Gran Turismo 7. E pode até ser que isso realmente seja atrativo para algumas pessoas. Mas, pra mim, só pareceu meio… brega.

Todo o progresso é feito a conta gotas e tudo vai sendo liberado bem aos pouquinhos. Até mesmo as pistas para jogar em Arcade e Drift vão sendo liberadas conforme seu progresso na campanha geral e sim, isso inclui até mesmo campeonatos e provas, que anteriormente eram liberadas pelas licenças e, agora, com um novo sistema no qual você não tem a liberdade de escolher quais provas vai correr e sim seguir o que é oferecido por Luca.

Inclusive é nessas horas que faz falta um modo Arcade em separado, para que você possa experimentar algo fora do seu progresso na campanha - o “modo arcade” existe, mas é como uma expansão do modo principal no qual você pode jogar nas pistas após elas serem liberadas.

A progressão é feita através do caro “amigo” Luca, o dono do Café, que é uma enciclopédia ambulante e que conhece tudo sobre o mundo dos carros. Ele vai dando missões que vão desde encontrar alguns carros compactos japoneses ou correr uma corrida usando um certo tipo de veículo. Com isso, Luca aproveita para contar as suas histórias ao mesmo tempo em que libera uma nova pista ou atividade para ser feita no mundo do jogo. 

O interessante é que Luca vai colocar algumas missões nas quais você vai coletar carros para aumentar sua coleção. E aqui está o pulo do gato, pois é colocando carros na sua coleção é uma das maneiras de liberar mais atividades em Gran Turismo 7. Porém, para colocar mais e mais carros na garagem você vai precisar seguir as missões do Café. Espero que você goste de um expresso, pois é um ciclo de idas e vindas sem fim ao estabelecimento.  

Carros e pistas de sobra

Em comparação direta com os dois últimos jogos da série, a sétima versão acerta em cheio em trazer um número equilibrado de carros interessantes, mesmo ainda tendo uma alta relação de bólidos que só servem para encher sua garagem. E eu sei que essa crítica em específico é bem subjetiva - o que é o luxo para uns é lixo para outros. 

Eu, por exemplo, me apeguei com o GTO Twin Turbo de 1992. Ele faz parte da minha história com Gran Turismo - foi o primeiro carro que comprei no primeiro jogo da série. É uma relação “amorosa” que tenho com esse carro e não com um Fiat 500 ou o Eunos Roadster ou com o Camaro Z28 de 1969 (e deixo aqui minha crítica pelo fato de nenhum Gran Turismo ter tido a coragem de trazer um Opalão SS6, o clássico brasileiro da Chevrolet, para sua coleção).

Você vai ver algumas marcas conhecidas que vão desde Volkswagen, Audi, Nissan, Ferrari, Porsche, Mitsubishi, Ford, Chevrolet, Dodge, Jaguar, Lamborghini, Bugatti e tantas outras que falta fôlego para continuar falando. Vale lembrar novamente que lá no site do The Enemy tem uma lista completa com tudo o que o Gran Turismo 7 oferece.

Todos os mais de 400 modelos de carros  estão presentes na loja de carros novos, que no jogo é chamado de Brand Central - um shopping luxuoso de carros “novos”, fabricados desde o início dos anos 2000 pra cá - mas também podem ser encontrados em Carros Lendários e na loja de Carros Usados que tem alguns modelos mais antigos e… lendários. Essas duas últimas opções mostram que os carros têm uma certa quilometragem rodada, mas para termos práticos, isso não afeta em nada no desempenho nas pistas.

Eu já falei aqui que Gran Turismo 7 segue muito do padrão de Gran Turismo 4, porém, aqui é algo que, de uma forma bastante negativa, os jogos se separam drasticamente.  

Para você ter uma ideia, o traçado de Nurburgring Nordschleife e Interlagos, por exemplo, só são liberadas após completar a 29ª missão - o que no meu contador já se somavam mais de 20 horas de jogo. Ambas eram as pistas que eu gostaria de correr muito mais cedo e não existe nenhuma forma de correr nelas, a não ser em pequenos trechos das licenças.

Isto posto de lado, eu preciso dizer que a coleção de pistas e traçados é uma das melhores da franquia. São mais de 90 variações de traçados em 33 pistas. Entre as pistas oficiais você vai encontrar diversos autódromos conhecidos como Monza, Interlagos, Fuji SpeedWay, Barcelona, La Sarthe e Daytona International Speedway.

Entre os circuitos originais, ou seja, criados pela própria Polyphony, eu peço que todos se levantem para aplaudir a decisão de trazer de volta High Speed Ring e Trial Mountain, dois dos percursos mais amados pela comunidade de Gran Turismo.

Jogabilidade impecável

Para quem já vivenciou um jogo da série, logo vai se sentir no paddock. Tudo o que você aprendeu nos títulos anteriores ainda é válido. A velha regra de frear antes da curva, manter o controle de aceleração durante e acelerar no meio continua mais válida do que a primeira emenda da constituição norte-americana. Por muitas vezes me surpreendi como eu já dominava o jogo, seja na hora fazer uma boa volta, seja até em tomadas de tempo muito similares de jogos do passado.

Gran Turismo 7, ainda mantém muitas coisas dos jogos anteriores, como por exemplo as provas para tirar licenças para correr. Eu quero falar desse ponto, pois é algo que sempre chama a atenção de muitos fãs da série. Essas provas voltaram para o bem e para o mal. O lado positivo é que essas provas fazem sua parte em ensinar os novos jogadores os conceitos básicos do game e vão tomar muita parte do seu tempo de gameplay.

Mas não fique desesperado pensando que não vai conseguir fazer todas as provas. Elas estão muito mais lenientes do que nos games anteriores. Por muitas vezes vai bastar apenas cruzar a linha de chegada - tem tempo de sobra pra pegar bronze e até mesmo para chegar no Ouro. Aliado a isso, pilotos virtuais como Igor Fraga e outros pilotos do profissionais de Gran Turismo Sports, vão ser seus instrutores, dando dicas de como vencer o desafio com direito até a vídeos de tutoriais.

A parte negativa é quando você, assim como eu, já fez isso muitas e muitas vezes no passado. Sei lá, por vezes eu me sentia dentro de um pesadelo na tentativa de conseguir todos os troféus de ouro. E quando você falha numa prova por um milésimo? Só quem já viveu isso no passado sabe o quanto é deliciosamente frustrante.

A física de Gran Turismo é por muitas vezes criticada por exigir um controle preciso da aceleração dos carros ao fazer curvas, punir o jogador por entrar na brita ou até mesmo não permitir que você acelere e freie ao mesmo tempo - se fizer isso, se prepare para encontrar o bandeirinha ao lado do guard rail.

Porém, algumas coisas foram melhoradas, principalmente nas corridas na chuva ou em pista molhada. Anteriormente era um sacrifício manter o carro na pista e mesmo com pneus de chuva, manter o carro na pista usando o Dualshock era uma tarefa hercúlea. Agora os carros respondem de forma mais natural. E novamente venho dizer: faça as provas de licença e logo controlar os carros do jogo vai se tornar algo tão natural e intuitivo quanto na vida real.

As corridas noturnas continuam sendo desafiadoras e até assustadoras - eu torço muito para que a compressão do YouTube permita que você tenha uma noção exata do perrengue que é dirigir sem enxergar um palmo diante do parachoque.

E toda essa experiência fica ainda mais divertida e desafiadora por conta do Dual Sense. É tão engraçado, mas o controle háptico do PlayStation 5 realmente é surreal e Gran Turismo 7 faz muito bom uso dele.  Quando sua mão abraça o controle, sente cada vibração passando por entre seus dedos e reagindo ao que você vê na tela.

Seja passando por uma zebra, seja cavalgando por cima de uma pista de terra em uma prova de rally ou tropeçando por cima dos drenos de chuva em Tóquio. Eu fiquei embasbacado sobre como esse recurso tão simples, de vibrar o gatilho e o controle da maneira certa, na hora certa, tornou a experiência tão agradável.

Beleza surreal

Logo quando você é apresentado ao game pela primeira vez, você vai fazer uma escolha entre otimizar o jogo para melhorias nos gráficos e Ray Tracing em replays e no modo de fotografia ou usar todos os recursos para ter mais FPS. Honestamente, durante o jogo eu não senti muita diferença em “quadros a mais”, porém, os replays com o traçados de raios foi sensacional e esta acabou se tornando minha preferência.

Isso porque eu não me canso de ficar vendo e revendo os replays das corridas só para reparar um pouco mais nos detalhes. A experiência de “ser mais real do que a realidade” é sempre presente em Gran Turismo 7. Dos vincos dos carros, à grama de uma pista, tudo isso rodando a 60 FPS é um desbunde.

A mudança entre dia e noite é talvez uma das melhores experiências que tive em Gran Turismo 7. Sabe quando você está tão concentrado com o que está logo na sua frente e quando olha para um pouco mais nos cantos da tela, o cenário é outro? É realmente uma sensação muito difícil de colocar em palavras sem usar um monte de adjetivos. Mas sim, é sensacional, emocionante, incrível, fabuloso (se você tiver mais algum adjetivo para beleza, pode colocar aqui).

A visão interna dos carros também é incrível e cada carro foi reconstruído de uma forma impecável. Quero dizer, eu nunca estive dentro de muitos carros que estão presentes em Gran Turismo 7, porém, posso atestar que o Fusca (que no game é chamado de Beetle) é igualzinho.

É claro que isso só é possível devido a natureza na qual o jogo é produzido. Não ter que carregar um mundo aberto, permite com que Gran Turismo aproveite ao máximo o poder de concentrar os gráficos em trechos específicos para melhorar o desempenho visual.

Nem tudo é perfeito

Mas é agora que o fã do PlayStation que vai querer arrancar meu fígado, pois eu tenho que fazer “A” grande ponderação que venho postergando desde o início deste review. É para dizer que, mesmo sendo o melhor simulador de corridas da última década, o game ainda tem algumas falhas.

Sabe como é que Gran Turismo te engana para passar a impressão que você está sendo desafiado? A grande parte das corridas acontecem com a largada em andamento. E você sai da última posição, com uma diferença de muitos segundos para o primeiro lugar. Aí você tem poucas voltas para conseguir chegar em primeiro lugar. E quando você percebe essa “trapaça”, a ilusão se desfaz.

Se estiver muito difícil, você não precisa necessariamente melhorar mecanicamente, aprender os melhores pontos de tangência nem nada. Basta melhorar o seu carro com peças mais avançadas e pronto. Com o “básico” da direção, logo você vai estar ultrapassando os carros logo nas primeiras curvas.

Se você quer desafio, basta não fazer com que seu carro fique com pontos de performance muito mais altos do que o recomendado da pista. Aí sim você vai mostrar que é bom no volante, fazendo as curvas certinhas e no melhor traçado.

Porém, a minha eterna crítica à Inteligência Artificial em jogos de corrida volta com tudo. Os carros andam sobre trilhos e nem nas corridas mais avançadas eles representam um grande desafio. Eles não tentam impedir que você os ultrapasse. Parecem ser mais um obstáculo de slalom do que outros corredores querendo o pódio. E mesmo jogando na maior dificuldade possível, eles não me ofereceram nenhum risco.

Cada minuto que passei jogando Gran Turismo 7 fui sendo intoxicado por um cheiro de naftalina nostálgica e a sensação de estar me deparando com algo realmente novo foi lentamente sendo substituído pelo sentimento de déjà vu. 

Em certos momentos me questionei se estava jogando algo verdadeiramente novo e que  em minhas mãos estava algo representante de uma nova geração de consoles, prezando mais do que os belos gráficos. Lá no fundo eu sentia que estava vendo uma versão com visuais aprimorados de Gran Turismo 4, o melhor da franquia.

Eu sei que muita gente quer exatamente isso. Voltar a jogar algo que sente saudades, mas que quer jogar Gran Turismo novamente, sentir todas as emoções, mas com um visual de uma uma nova geração. E tá tudo bem. Mas eu queria ver algo digno para carregar o nome Gran Turismo 7.

Até mesmo as grandes novidades, não são lá muito animadoras. Por exemplo, o modo Rally Musical é só um “brinquedo” que você joga enquanto espera o jogo ser baixado. A experiência de fazer as curvas certinhas para ouvir a música até o fim, não é realmente empolgante, sabe? Até por que, a trilha sonora desse jogo é bastante reciclada de Gran Turismo Sport ou são “remixes” de clássicos musicais.

Você quer correr em carros que chegam a 300Km/h. Ver o amanhecer atrás do volante. Correr pelas ruas de Tóquio. Desafiar seus limites em provas de longa duração ou competindo online.

O modo online é outra coisa que parece ter sido reciclada de Gran Turismo Sport e não traz nada de novo ao mundo do automobilismo virtual. Eu não tive nenhuma experiência diferente do que tinha tido antes. Onde é que está a grande novidade?

Por muito tempo, Gran Turismo foi a série de maior sucesso da história da Sony. Era aquele jogo que vendia consoles, que todos esperavam ansiosos para ver sua nova versão. Isso alçou a Polyphony Digital como a guardiã dos ovos de ouro da Sony. Porém o tempo passou e outros grandes títulos chegaram para dividir o palco: Uncharted, God of War, Horizon, Spiderman, Ratchet & Clank, The Last of Us e por aí vai.

Sim, Gran Turismo é uma franquia extremamente importante, porém, não é de hoje que a série vem demonstrando sinais de desgaste e errando mais do que acertando. Veja exemplos como Gran Turismo 5, 6 e Sport. Jogos muito bons e de grande qualidade de acabamento, porém, sem o mesmo brilho dos games que foram lançados para PlayStation 1 e 2 e que foram revolucionários em seus tempos.

Não me entenda mal. Eu adorei Gran Turismo 7 e reforço o que eu disse lá no começo do texto que esse é o melhor simulador de corrida da última década. Não tem um jogo que se compare a este. Mas, em certos aspectos, GT7 deve muito ao que vemos na concorrência, como o próprio sistema de danos, que desde de GT6 vem sendo duramente criticado - aqui até mesmo as grandes batidas resultam em pequenos riscos na lataria.

E se estamos em uma nova geração de consoles que promete traçados de raios durante os jogos, por que limitá-la aos replays?

De qualquer forma. Eu precisava desabafar e trazer isso pra você, que está lendo esse texto e que talvez seja fã de Gran Turismo de longa data. Até mesmo se você for apenas um curioso que quer entender por que essa série é tão famosa e amada, precisa entender que este jogo é excelente, mas está longe de ser perfeito. 

Esse é um jogo que mexe com emoções, principalmente de quem ama carros. 

De qualquer forma, Gran Turismo 7 é exatamente aquilo que você estava esperando. Um game com uma jogabilidade impecável, gráficos incríveis, que faz uma ode à história do automobilismo, com potencial de sugar milhares de horas de jogatina, sozinho ou online, nesse ano e nos próximos. Se você for fã de jogos de corrida, não vai se arrepender de jogar e de ter em sua coleção.

Talvez o meu maior erro foi criar expectativas para esse título. E expectativas que foram criadas por mim mesmo. Nada disso que eu gostaria de ver em Gran Turismo 7 foi prometido. Mas eu jurava que essa era a hora ideal da série Gran Turismo voltar a ser revolucionária, mas optou por apenas seguir os ensinamentos de um velho testamento.

Nota do crítico