Review: eFootball PES 2020
O gameplay sólido do ano passado mostra evolução, e a maior quantidade de conteúdo é bem vinda
Com uma nova nomenclatura e a Liga Master revitalizada, eFootball PES 2020 promete incendiar ainda mais a briga com a EA, trazendo a exclusividade da Juventus e parceria com novos torneios, como o Campeonato Brasileiro Série B.
Neste ano, a Konami finalmente apostou em uma identidade visual mais jovem, com cores chamativas. Isso também reflete nos menus do game, que possuem um ar bastante moderno e mantém a coloração atraente.
Toda essa repaginação gira em volta do eFootball, palavra que foi adicionada ao título do game e remete à evolução dos eSports e ao foco da Konami para esse ramo. A desenvolvedora promete se dedicar ainda mais ao cenário competitivo, e o novo PES é o marco para o começo dessa mentalidade.
Outro ponto curioso, e que surge logo no menu inicial, é o incentivo da desenvolvedora a utilizar as famosas Option Files, que complementam o game com uniformes e escudos não-licenciados. O menu Editar possui uma observação bem chamativa, encorajando o jogador a testar esses arquivos.
Novos truques em um gameplay sólido
Como já acontecia na última edição do game, a jogabilidade é sólida, e pode agradar até mesmo aos fãs mais devotos de FIFA.
Claro, as nuances do gameplay são muito difíceis de serem analisadas em tão pouco tempo: em tempos de eSports e competitividade, o “meta” é bastante volátil, e não vale a pena se estender em detalhes mínimos do que acontece em campo.
Tanto no PES quanto no FIFA, são necessários alguns meses para que a comunidade descubra todos os dribles apelões e formações mais eficientes. Ainda assim, algumas coisas chamam a atenção logo de cara.
Uma das principais novidades está na dificuldade em se fazer os passes. O game tentou evitar que o toque de bola saia tão preciso em algumas situações: fazer um passe para o lado oposto do seu corpo pode ser arriscado, assim como toques de primeira.
A adição é muito bem vinda, e transmite bastante credibilidade. Passes que seriam difíceis na vida real também ficaram difíceis e realistas em PES 2020, que suporta essa nova mecânica com animações diferenciadas para quando o atleta toca na bola.
Outro ponto interessante está nas substituições rápidas: quando a bola para, o jogador pode acessar todo seu elenco em um pequeno menu. Basta usar o touchpad para fazer qualquer troca entre os seus atletas - nada de sugestões pré-configuradas como em FIFA 19.
Tudo isso acontece em cenários grandiosos. Estádios licenciados como o Camp Nou e o Itaquerão são recriados com muita fidelidade, garantindo uma experiência ainda mais especial.
Mais conteúdo, mas será o suficiente?
A campanha de divulgação de eFootball PES 2020 deixava bastante claro que a Liga Master (a qual, honestamente, prefiro chamar simplesmente de Master Liga) seria o maior atrativo dessa edição da franquia.
A possibilidade de escolher nomes como Maradona e Romário para comandar um time de desacreditados é tão bacana quanto nostálgica, e se converte na melhor experiência entre todos os modos do jogo.
Pequenas cutscenes, que mostram a interação entre seu técnico e a direção do clube são ótimas para aumentar a imersão em seu personagem, mas poderia haver mais profundidade.
Ocasionalmente, as cenas animadas são interrompidas por uma pergunta a ser respondida pelo técnico, e nem sempre ela resulta em uma mudança direta no gameplay; quando isso acontece, não é uma alteração tão drástica.
Entretanto, senti falta da dublagem nas cutscenes da Liga Master. Ao invés disso, uma música ambiente toca enquanto os personagens dizem suas falas.
A ausência de dubladores não é tão prejudicial, mas há situações que geram algum estranhamento: na minha partida de estreia, o único som que se originou da cutscene foram as palmas do meu técnico, que pareciam deslocadas em um ambiente silencioso.
No resto, a Liga Master segue tão interessante quanto era na minha infância. Controlar o orçamento e realizar uma rotatividade dos jogadores segue sendo essencial para conseguir um bom desempenho, e essas tarefas são facilitadas pelo menu simples e eficiente.
Processos mais trabalhosos, como a contratação e venda de seus atletas também são bem tranquilos. Vale o destaque para a mecânica de olheiros, que sugerem jogadores de acordo com as preferências escolhidas pelo técnico.
Na hora das partidas, é possível escolher ter o comando total da equipe, como em um jogo tradicional, ou atuar apenas no Modo Técnico. A segunda opção lembra bastante os games focados em simulação: é possível assistir à partida completa, acelerando ou não o tempo.
O jogador também pode escolher uma tela alternativa, que mostra apenas o posicionamento dos jogadores e algumas estatísticas, facilitando o gerenciamento do elenco.
O único ponto negativo é justamente nas substituições, que só podem ser feitas com as mecânicas de partida tradicional: pausando a partida ou com a substituição rápida. Seria interessante que a tela com estatísticas também permitisse a troca de jogadores.
Os outros modos de jogo
Há ainda dois modos de jogo tradicionais do PES: Rumo ao Estrelato e myClub. O primeiro transmite a sensação de uma Liga Master menos completa; um menu e interface praticamente idênticos e a ausência das cutscenes e entrevistas colaboram para esse feeling.
Já o myClub, concorrente direto do Ultimate Team na mecânica de construir seu próprio time, ainda parece defasado em algumas mecânicas.
Escolher exatamente o jogador que você quer adicionar ao seu time, por exemplo, é uma tarefa muito mais difícil do que deveria ser. Ao invés de adotar um mercado tradicional, o jogo usa um sistema de olheiros e empresários, que sorteiam jogadores aleatórios com base em alguns critérios.
Por mais que seja algo levemente irritante, isso evita chatices que acontecem bastante no Ultimate Team, onde confrontos online podem ter equipes praticamente iguais. Ainda que seja um ponto negativo, a aleatoriedade dos jogadores possui seu lado interessante.
Um aspecto que pode ser interpretado como positivo é o grind menor para conseguir jogadores de peso, principalmente em comparação com o Ultimate Team. Com poucas partidas jogadas, já tinha nomes como Patrick Vieira e Manuel Neuer entre os membros permanentes do meu elenco - um feito que demoraria muito mais tempo no FIFA.
Vale ainda a menção ao Matchday. Alinhado com partidas da vida real, o modo permite que os jogadores escolham um lado em algum dos grandes jogos que estão acontecendo pelo mundo.
Assim, formam-se dois grandes times, que representam suas equipes escolhidas e vão acumulando pontos conforme jogam. Ao final, um representante de cada time é escolhido para disputar um último duelo, que definirá o time vencedor e distribuirá grande prêmios a ele; o time derrotado também recebe prêmios de consolação.
Infelizmente, não consegui disputar nenhuma vez o Matchday - todas as vezes que tentei, a criação de partidas não encontrava nenhum adversário. De qualquer forma, a ideia é bastante interessante e aparece de maneira similar em uma série de outros jogos online.
Uma leve contradição
É louvável que a Konami tenha modernizado tanto a aparência de PES, com o nome eFootball sendo a síntese dessa “nova fase”, mas algumas decisões da empresa para essa edição do game são questionáveis.
De fato, o modo online possui uma grande variedade: é possível jogar amistosos, participar de eventos como o Matchday e também usar sua equipe do myClub, há ainda um leve flerte com a jogabilidade do Pro Clubs, de FIFA.
Isso chama a atenção por si só, denotando a aposta da franquia em expandir sua influência online. Entretanto, nem tudo são flores.
A experiência das partidas era rotineiramente atrapalhada pelo lag, chegando ao ponto do jogo travar completamente e só voltar ao normal alguns segundos depois. Também é estranho que algumas das opções de jogatina online não estejam na seção eFootball, e sim na parte onde também estão os tradicionais modos Amistoso, Copa e Liga.
Por fim, vale pensar para o futuro uma integração da Liga Master com o modo online, já que são os modos com maior investimento atualmente e não possuem qualquer forma de conversa entre si.
De forma geral, PES 2020 mostra evolução em relação ao ano passado, trazendo mais conteúdo e melhorando o gameplay que já era sólido. A Konami ainda pode se encontrar melhor na maneira de trazer esse novo material ao seu jogo, mas o caminho é promissor.