Review: Arcadegeddon é um roguelike charmoso e repetitivo
O game tem sua proposta e entrega tudo, porém, só após muita insistência
Arcadegeddon, depois de quase um ano disponível apenas para PC em acesso antecipado, finalmente foi lançado na versão completa. O game do gênero roguelike tem um certo brilho e traz uma temática interessante, mas muito conteúdo fica escondido atrás de tanta repetição.
Começando pela proposta: Gilly, dono de um fliperama, tenta salvar o próprio negócio da falência ao juntar todos os jogos em um e criar o “mega jogo” Arcadegeddon. Porém, uma corporação maligna Fun Fun Co. (FFC) infecta o game com um vírus, que deve ser eliminado pelo jogador.
Partindo desse ponto, Arcadegeddon faz um bom trabalho ao misturar a narrativa e a jogabilidade, com o personagem do jogador ciente de que está dentro de um videogame e, justamente por isso, é normal ver certas coisas malucas.
Assim, o jogador se aventura por mapas futuristas, pântanos, cidades steampunk, florestas e até castelos medievais enquanto enfrenta monstros também dos mais diversos tipos. Soldados, monstros e até zumbis serão obstáculos na jornada.
Como em qualquer roguelike, avançar até onde for possível conquistando upgrades no caminho constrói o “loop” de gameplay. Ao morrer, o jogador volta ao início perdendo todo o investimento, mas com mais experiência para enfrentar os mapas totalmente aleatórios.
Para avançar nas fases, deve-se cumprir certos desafios, desde eliminar inimigos até dominar pontos específicos. Assim sendo, Arcadegeddon é resumido em jogar até onde conseguir, morrer, começar de novo e repetir.
Não necessariamente o loop é um defeito. Afinal, é isso que constrói qualquer game do gênero já consolidado, o roguelike. Porém, em questão de objetivo, não é difícil sentir a repetição como algo maçante com o tempo, dado que os objetivos não são tão variados assim.
A real graça de Arcadegeddon, em parte, fica na jogabilidade. Poucos jogos com ação tão frenética se apresentam tão fluidos quanto esse no PS5, e isso combinado com algumas opções de armas que favorecem ainda mais a dinâmica desenfreada é um deleite para quem gosta de apertar botões.
Além disso, há muitos personagens para conhecer no fliperama de Gilly: 12 "líderes de gangue”, no total. Mais diálogos são desbloqueados à medida em que o jogador avança e cada um oferece desafios diferentes, todos com a proposta de desbloquear ainda mais conteúdo e até itens cosméticos. Mas isso só será visto por quem decidir realmente investir tempo no título.
Existe personalização de personagem em Arcadegeddon. O jogo oferece diferentes peças de roupa que podem ser adquiridas tanto com o recurso dado pelo jogo ao avançar nas fases, quanto com moedas compradas por dinheiro real.
No fim, o combate de Arcadegeddon é satisfatório e desafiador em momentos específicos. Especialmente, na hora de lutar contra chefes. Entretanto, mesmo esses não são tão variados, sendo apenas quatro. Dessa forma, o que é necessário fazer para derrotá-los também pode ser até meio previsível.
A variedade de armas encontradas no game vão desde a simples pistola até submetralhadoras, bazucas, lança-granadas e até espadas. Além disso, com o decorrer de cada aventura, é possível encontrar upgrades para cada uma e até investir em bônus nas pequenas lojas encontradas ao avançar de fase.
Os modos PvP, por sua parte, são brilhos extras. Desde duelos francos de tiros até disputas de destruir o chão e fazer o adversário cair, atividades com bolas e outras semelhantes a esportes. Arcadegeddon também pode servir como atividade para um grupo de amigos não necessariamente interessado em avançar nas fases da história.
O charme do roguelike está presente em Arcadegeddon e a jogabilidade é extremamente polida. Porém, embora o jogo agrade à primeira vista e possa ser uma experiência para compartilhar com amigos online, os objetivos repetitivos tiram um pouco do brilho da identidade única e personalidade forte dada ao game e escondem ricos conteúdos de jogadores que não decidirem investir tanto tempo no jogo.