Review: Apex Legends
O Battle Royale da Respawn tem potencial, mas precisa resolver algumas questões antes de chegar ao topo
Depois de já ter quebrado inúmeros recordes e ter conseguido um sucesso assombroso, é quase desleal fazer uma crítica de Apex Legends. Entretanto, fiquei responsável pela missão, e tentei me aventurar no universo do badalado game.
No geral, Apex justifica a sombra que está fazendo em Fortnite: mecânicas coesas, poucos bugs e uma jogabilidade interessante já são o suficiente para criar um Battle Royale de qualidade. O que realmente surpreende é o quanto Apex já estava pronto para o sucesso que fez.
Na primeira vez que explorei os menus do jogo, fiquei incrédulo com a quantidade de skins e itens cosméticos que já estavam disponíveis imediatamente depois do lançamento. Além disso, uma robusta loja e as famigeradas microtransações já estavam ali - uma estrutura já preparada para os milhões de jogadores que adentrariam aquele universo.
A jogabilidade, como esperado, bebe muito do que já conhecemos em vários títulos da franquia Call of Duty, a qual a equipe da Respawn já teve bastante contato.
Com uma variedade razoável de armas, a grande dificuldade está em descobrir os equipamentos corretos para cada tipo de batalha, dependendo da distância e de suas habilidades. Mirar e atirar, assim como em CoD, é bastante simples e prazeroso.
As habilidades específicas de cada personagem trazem um elemento a mais, dando uma identidade única ao game - era muito fácil que Apex se tornasse um jogo similar a Overwatch, por exemplo, mas a sensação transmitida pelo título é autêntica.
Na corrida por quem consegue os melhores loots, senti um pequeno incômodo em relação às armas: em Fortnite é muito simples saber se um item é de alta qualidade, basta olhar a cor de sua “aura”. Apex copia descaradamente esse elemento, usando até as mesmas tonalidades para indicar um escudo de elite, por exemplo.
Entretanto, para as armas, esse detalhe não existe, e é um pouco mais difícil saber se vale a pena trocar seu armamento. Claro, com algumas partidas no currículo, é mais fácil decorar as vantagens e desvantagens de seu arsenal, mas um jogador casual, que não se apega tanto ao jogo, poderia receber essa informação de maneira mais “mastigada”.
A mecânica de habilidades é incrível, e há uma grande variedade de combinações possíveis para abater os inimigos. Usar a granada de fumaça de Bangalore com a habilidade de detectar inimigos de Bloodhound, por exemplo, te coloca um passo à frente dos adversários.
Talvez o game pudesse incentivar um pouco mais o uso das skills, mostrando uma variedade de situações em que elas fossem úteis e dando exemplos de como combiná-las, mas a falta desse recurso não é algo que atrapalhe a jogatina.
O que mais me incomoda é a ausência de um modo solo ou em duplas. Nem sempre tinha amigos disponíveis para jogar, e montar esquadrões com desconhecidos não é tão animador assim. No PlayStation 4, quase nenhum dos meus colegas aleatórios de time fazia questão de se comunicar, algo que muda completamente a dinâmica e a experiência de Apex Legends.
O game até tenta compensar essa falta de comunicação com o sistema de Ping, onde é possível marcar locais, itens e inimigos, mas ele por si só não é suficiente para combinar estratégias ou passar informações rapidamente - no fim, a ferramenta é bem mais prática quando usada junto com a voz.
Quando eu conseguia fechar um esquadrão, o jogo se tornava muito mais viciante e divertido. Ficar próximo da vitória quando se está ao lado de dois desconhecidos não passa perto da sensação de ficar em décimo lugar com seus amigos.
De qualquer forma, os modos solo e de duplas devem chegar em breve, como já indicam alguns vazamentos, tornando Apex ainda mais completo.
Outro problema estrutural - esse, um pouco mais grave - é a instabilidade dos servidores. Ainda não tive a experiência de cair da sala, mas isso aconteceu inúmeras vezes com companheiros meus. De repente, sem mais nem menos, me via sozinho ou apenas em dupla, e um dos membros do esquadrão havia desaparecido misteriosamente.
Possivelmente, os servidores não estavam preparados para o imenso número de jogadores, e o erro já deve estar sendo analisado pelos desenvolvedores.
Por fim, Apex Legends conseguiu surfar muito bem na onda do Battle Royale. Com uma campanha de divulgação intensa desde o primeiro dia, e um gameplay bastante completo, o game já é excelente e ainda pode crescer bastante.
Além dos conteúdos óbvios, como um Season Pass nos moldes de Fortnite, mais skins, cosméticos e personagens, Apex Legends tem a possibilidade de criar um universo mais interessante, graças às características de seus heróis.
O título certamente merece todo o sucesso que está fazendo, mas precisa se esforçar para conseguir manter essa qualidade se quer chegar ao mesmo nível de Fortnite.