Jogar Payday 3 por duas horas foi, simultaneamente, o suficiente e também muito pouco.

Suficiente no sentido de que foi possível entender os elementos fundamentais do jogo: as táticas básicas, combate, equipamento, tipos de inimigos, etc.

Muito pouco porque, justamente depois de ter sido apresentado a esses elementos fundamentais, ficou claro que existe um enorme potencial para usar essas ferramentas de vários jeitos e com objetivos diferentes, inclusive o potencial de quebrar tudo – metafórica e literalmente.

Talvez voce só precise de tempo. E, como em todo filme de assalto que se preze, uma equipe de confiança.

A convite da Plaion/Deep Silver, The Enemy teve a oportunidade de jogar um dos maiores lançamentos de setembro.

É importante esclarecer, antes de seguirmos em frente, que minha experiência direta com a franquia Payday é bem mínima – é bem provável que eu não tenha jogado nem duas horas totais no primeiro ou segundo jogo.

Inclusive, fica a recomendação de outra prévia de Payday 3 do The Enemy, mas feita pelo Matheus Oliveira, que tem mais familiaridade com o resto da franquia.

Quanto a mim, não consigo avaliar como a experiência de Payday 3 é uma "evolução" do que veio anteriormente, nas palavras do gerente de comunidade Almir Listo. Na analogia do filme de assalto, eu sou o cara que entrou logo antes do plano entrar em ação.

O teste contou com duas fases: No Rest for the Wicked e 99 Boxes – essa última sendo a fase revelada pelo Ice-T durante a Gamescom (infelizmente não vi ele nem no evento, nem no jogo em si).

No Rest for the Wicked é o que você espera quando pensa em Payday, sendo uma missão "tradicional" de assalto a banco. A estratégia para isso fica a seu critério, podendo seguir pela furtividade ou já entrar na porrada e render reféns, eliminar guardas e se preparar para o contra-ataque da polícia.

Já 99 Boxes tem uma proposta mais diferente, com um mapa maior, menos reféns em potencial, e um foco na procura e extração dos itens roubados – que vai da identificação dos contêineres, abrir as travas eletrônicas, pegar os componentes eletrônicos e correr para o caminhão de fuga antes que eles comecem a deteriorar –, tudo enquanto evita ou, inevitavelmente, enfrenta as ondas de policiais.

São conceitos que mostram que a fórmula tem uma versatilidade maior do que desconhecedores da franquia (como eu) poderiam esperar, mas mesmo durante o teste foi possível perceber que cada sessão de jogo de Payday 3 é diferente da outra, mesmo quando os objetivos são sempre os mesmos.

A ideia inicial do meu grupo na primeira fase era tentar o jeito furtivo, mas com apenas um dos membros tendo alguma familiaridade com o jogo (meu ex-colega de Omelete, Arthur Eloi), essa ideia logo foi por água abaixo.

Eu tentei hackear câmeras e celulares alheios, mas sem uma ideia de para que e com qual propósito eu deveria fazer isso, logo meus comparsas encontraram alguma resistência e tinha chegado a hora de colocar as máscaras e tocar o terror.

Não tenho parâmetro para os jogos anteriores, mas algo que Payday 3 faz muito bem é a transição entre a fase quieta e a fase da loucura. Com a equipe exposta, a interface e a comunicação do jogo mudam, e a prioridade passa a ser o controle de reféns, o combate com a polícia, e acelerar ao máximo o processo da invasão do cofre.

A sensação de combate é, no geral, bem satisfatória. Durante o teste procurei variar as armas a cada missão, e dá pra sentir que cada espingarda, rifle, pistola e revólver tem suas peculiaridades.

Não só isso, há várias opções de customização para deixar suas armas do jeito que você quiser – mas você vai precisar comprar a maioria delas com o dinheiro de cada assalto.

Também achei a movimentação bem fluida, especialmente nos momentos de maior adrenalina ao correr de um lado para o outro cumprindo algum objetivo ou ajudando seus companheiros a enfrentar a polícia.

Falando na polícia, admito que a inteligência artificial dos inimigos não me deixou particularmente impressionado, pelo menos na dificuldade Normal. Não vou chegar a dizer que ela é necessariamente ruim, mas houve vários momentos em que eles poderiam simplesmente mirar e atirar em mim, mas... não fizeram isso, por algum motivo.

Não que eles sejam inofensivos, especialmente as unidades especiais como os que usam escudos ou tasers, mas minha principal dificuldade com eles – especialmente em 99 Boxes – foi o de administrar a quantidade de balas durante os tiroteios mais longos.

Para ser justo, eles são mais ameaçadores em dificuldades maiores, diria principalmente por se tornarem mais resistentes do que qualquer outra coisa.

Isso posto, é claro que parte disso também se deve ao domínio melhor dos elementos de jogo a cada nova tentativa por parte da minha equipe.

Ao nos acostumarmos com os controles, mecânicas e objetivos do jogo, o entrosamento da nossa equipe melhorou, ainda que as limitações físicas do espaço do nosso teste não ajudavam muito com a comunicação (que não fossem berros de comando).

A cada nova tentativa, todos tinham uma ideia melhor do que fazer, e de como executar os objetivos básicos, além de como lidar com os diferentes tipos de inimigos que aparecem com o tempo.

E ainda assim, isso só me fez querer entender e testar mais das mecânicas de jogo, porque as duas horas de teste simplesmente não foram o suficiente para fazer todos os experimentos que eu e o resto do meu time queriam.

Por mais que tentássemos, por exemplo, nós não conseguimos terminar as missões de forma furtiva de jeito nenhum – o que é uma pena, porque eu queria colocar em ação vários dos equipamentos focados justamente neste tipo de estratégia.

O jogo conta com uma árvore de habilidades extensa, e coloquei vários pontos em habilidades como hackeamento e relação com reféns – mas acabei nunca usando elas efetivamente durante a partida.

É preciso ressaltar que não tenho como falar sobre o senso de progressão para a compra e desbloqueio de novas armas e habilidades, já que para facilitar o teste com várias armas e upgrades diferentes, o build contava com o que era essencialmente dinheiro infinito.

Também não consegui ver muito de como a Starbreeze vai lidar com a monetização pós-lançamento, mas há várias opções de customização disponíveis, que podem ser compradas com o que você receber como recompensa ao completar as missões.

Em entrevista com The Enemy, Almir Listo disse que há planos tanto para conteúdo gratuito quanto pago. A linguagem foi bem vaga, mas pelo que entendi as atualizações grátis são focadas principalmente em melhorias de qualidade de vida, enquanto novas missões e assaltos serão majoritariamente pagos, começando com quatro fases previstas para sair durante o primeiro ano do jogo.

A Starbreeze reforçou que tem planos de criar e expandir o ecossistema de Payday 3 durante a próxima década, assim como foi o caso de Payday 2, então por isso não duvido que em algum momento também lancem algum DLC gratuito especial, nem que seja como parte de um crossover maior.

No geral, a sensação que eu tive após o fim da sessão de testes é que eu queria jogar mais, no mínimo para entender mais das mecânicas, e também porque eu gostei do tempo que passei com ele.

Mas além disso, minha sensação inicial é que a experiência ideal de Payday 3, seguindo a lógica de filmes como Fogo Contra Fogo e Onze Homens e Um Segredo, é a de ter um time de confiança.

Não que jogar com pessoas aleatórias seja necessariamente ruim, mas coordenar as ações do assalto com gente de confiança parece ser algo muito mais recompensador – não só em termos de itens roubados, mas da experiência de jogo em si.

Além disso, de aleatório em aleatório você talvez caia em um lobby junto com um Waingro.

Você não quer isso.

O bom é que, pelo menos, você vai poder jogar junto com amigos em todas as plataformas diferentes via crossplay.

Payday 3 sai em 21 de setembro para PC, PlayStation 5 e Xbox Series. Ele vai estar disponível no Xbox Game Pass logo no lançamento.