Primeiras impressões: Hogwarts Legacy tem mundo aberto hipnotizante
RPG desarma e enfeitiça com tríade formada pela exploração, combate e voo de vassoura
Não se engane: Hogwarts Legacy não é um feitiço executado de forma perfeita. Com alguns problemas técnicos, que envolvem até mesmo a localização brasileira, o jogo causa certo estranhamento capaz de interferir na imersão. Contudo, há algo que rapidamente magnetiza a atenção novamente com um Accio poderoso.
O jogo do universo de Harry Potter é formidável tanto na exploração quanto no combate, e, somando essas qualidades a outros aspectos cativantes, como o voo de vassoura, o RPG resulta em uma experiência proveitosa ao ponto de desarmar e enfeitiçar o jogador.
Até o momento, o The Enemy jogou cerca de 15 horas do RPG de mundo aberto no PS5, o suficiente para captar as primeiras impressões e definir que, de fato, se trata do melhor jogo já lançado pela Avalanche Software. Porém, note que este é um review em progresso, portanto, será atualizado com as percepções finais conforme avançarmos na experiência.
Hogwarts Legacy faz parte do Mundo Bruxo de Harry Potter. J.K. Rowling, autora dos livros que insiste em fazer comentários discriminatórios e militar contra direitos de pessoas trans, não participou do processo de desenvolvimento do game, mas detém os direitos do Mundo Bruxo. Saiba mais informações sobre o posicionamento transfóbico da autora.
Feitiço de Desarmamento
Aqueles que ainda sentem algum apego à magia proporcionada pelo Mundo Bruxo comprovarão que Hogwarts Legacy faz o feijão com arroz muito bem. Além de apresentar um mosaico de elementos de Harry Potter, proporcionando uma experiência familiar, o jogo satisfaz com sobra os desejos dos fãs apaixonados.
É possível explorar o Castelo na maior proporção já vista, frequentar aulas, domar animais fantásticos, voar de hipogrifo, aprender uma lista avantajada de feitiços e interagir com outros alunos por meio de missões secundárias.
À primeira vista, a lista de side quests se mostra bastante vasta. Parte delas corresponde a tarefas básicas, como “busque isso para mim” ou “derrube o acampamento inimigo”. Contudo, há também algumas histórias um pouco mais elaboradas — como aquela em que é necessário investigar, com a ajuda de um mapa enigmático, o rumor sobre dois amantes de eras passadas.
Como um aluno que estranhamente entra em Hogwarts logo no 5º ano, o jogador precisa completar aulas e desafios estabelecidos pelos professores para aprender feitiços e acompanhar o restante das turmas. Essa tarefa tem se provado como uma forma rápida, efetiva e divertida de abrir novas portas para aumentar o arsenal de feitiços — seja para batalhas ou resolução de enigmas.
As aulas correspondem a sequências cinematográficas curtas ocasionalmente acompanhadas por mini-games e desafios, e as “tarefas de casa” endereçadas pelos professores envolvem atividades realizadas dentro e fora do castelo. Isso incentiva o jogador a dedicar certo tempo a explorar as terras ao redor de Hogwarts – as quais, somadas ao labirinto de corredores da escola bruxa, formam um mundo aberto vasto repleto de interações.
As três relíquias
De fato, um dos encantamentos mais eficazes de Hogwarts Legacy é a exploração. Todos os cenários impressionam com a riqueza em detalhes e interações, sejam explícitas ou ocultas, complexas ou simples. O nível de cuidado e dedicação do time de cenários, assim como da equipe responsável pelo level design, é admirável.
O esmero é perceptível até mesmo nos pequenos detalhes: foi encantador descobrir, por exemplo, que acertar espantalhos do mundo aberto com Incendio faz com que eles se espantem e repreendam o jogador.
Outro elemento que mostra o perfeccionismo do desenvolvimento é o voo de vassoura, que pode ser usado como transporte no mundo aberto a partir de determinado ponto da campanha. Sobrevoar as Terras Altas é tão hipnotizante quanto uma atração de parque de diversão, sendo motivo suficiente para ligar o jogo e passar horas apenas fazendo isso.
Fechando a tríade de elementos que surpreendem em Hogwarts Legacy está o combate, construído de forma a ser intuitivo, satisfatório e viciante. A variedade de feitiços à disposição do jogador é sensacional, e há acampamentos inimigos e mini-dungeons suficientes no mapa para satisfazer sua sede por batalhas para além da campanha.
O The Enemy jogou o suficiente para completar a primeira dungeon e batalha de chefão da campanha. Apesar de simples e curta, a masmorra tem puzzles envolventes o suficiente para engajar o jogador. Da mesma forma, o chefão mostrou-se repetitivo e pouco complexo, mas se delongou para ser abatido. E diante do quão satisfatório é o combate, é fácil esmagar botões com vigor e ficar à beira de uma tendinite.
No caso específico do PS5, até o momento, a percepção é de que os recursos do DualSense não foram usados em todo potencial. A tensão nos gatilhos, por exemplo, é ativada a todo momento — o que causa estranhamento em contraste com a leveza dos feitiços.
Ao longo do pré-lançamento do jogo, a Avalanche prometeu que o jogador seria capaz de criar um bruxo impiedoso, adepto às Artes das Trevas — e, de fato, as escolhas à disposição do jogador são bastante ousadas. Por exemplo, é possível até mostrar preconceito e responder a uma ex-aluna da escola bruxa de Uagadou, na África, que “sua magia parece inferior.”
Outro elemento que surpreende é a Sala Precisa, o hub customizável do jogador. É possível personalizar e alterar tudo na sala, sejam paredes, pisos, decoração e iluminação, e os controles são versáteis e funcionais. Fãs de jogos com elementos de decoração, como Animal Crossing e Unpacking, facilmente gastarão horas apenas nessa ferramenta.
O resultado final é uma experiência que cativa e perdura com o jogador, limitando a vontade de desligar o videogame. Ainda assim, o jogo chega com alguns problemas técnicos.
Maldições imperdoáveis
Apesar de não corresponder a uma infestação, de fato, Hogwarts Legacy é afligido por bugs. Há texturas que demoram para carregar mesmo no modo fidelidade, feixes de luz que piscam e movimentos bruscos de personagens.
O que mais causa estranhamento é a escolha de um filtro de voz robótico e distorcido para o protagonista. A percepção que fica é de que se trata de uma solução apressada do estúdio para os diferentes tons de voz do criador de personagens. Aparentemente, apenas dois dubladores realizaram gravações para as vozes, de forma que todos os demais tons graves e agudos correspondem a filtros de distorção.
Os NPCs também auxiliam na percepção de um mundo mágico um tanto quanto robótico. Algumas expressões são bastante assustadoras. A animação dos rostos dos NPCs “desliga” ao fim de cada frase. Nas cutscenes, também percebemos espasmos de animação como olhos virados e braços que se mexem involuntariamente, mas esses erros não são muito frequentes.
Alguns dos diálogos, além disso, incluem erros deixados pela localização para português do Brasil. Por exemplo, frases como “Here you are” (“Aqui está”) ou “I see something up ahead” (“Vejo algo ali na frente”) foram traduzidas como “Aqui está você” e “Vejo algo ali em cima”, respectivamente.
O jogo final também possui outras decisões do desenvolvimento que são difíceis de entender. É o caso da variedade alarmante de visuais colecionáveis dispostos no mundo aberto. Isso, diante do tamanho frustrante do inventário no início do jogo, torna quase insuportável ler quase constantemente a notificação que avisa: “Este item não cabe no seu bolso, descarte ou venda seus visuais para pegá-lo.”
Outro fator de irritação está na limitação de área das missões. Em mais de uma ocasião, afastar demais do trajeto ou do NPC que está guiando resulta em uma contagem regressiva, forçando o jogador a voltar para as proximidades do objetivo. Caso não obedeça, o resultado é uma tela de Game Over e a necessidade de refazer o trecho.
O período de análise no momento desta publicação foi o suficiente para constatarmos que a história principal de Hogwarts Legacy intriga, mas outros elementos do jogo despertam maior fascínio. Fica o destaque para Sebastian Swallow, da Sonserina, que, até agora, surpreendeu com um arco e motivações bem construídas, além de prometer surpresas na jornada a seguir.
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Hogwarts Legacy será lançado para PlayStation 5, Xbox Series X|S e PC em 10 de fevereiro. Ainda este ano, o RPG também chega para PS4 e Xbox One, em 4 de abril, e em 25 de julho, para Nintendo Switch.
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