Gears Tactics traz série ao gênero de estratégia, mas sem tirar o pé da ação
Jogo aposta em combate intenso com mecânica de execução e múltiplas ações por turno
Em muitos aspectos, jogos de tiro podem ser considerados a antítese de jogos de estratégia em turnos: enquanto os primeiros exigem coordenação, reflexos rápidos e sangue nos olhos, os segundos precisam de planejamento, gerenciamento de habilidades e unidades, e boa dose de calma e paciência.
Por conta disso, a proposta de levar Gears of War, uma série de tiro em terceira pessoa conhecida pela ação frenética, para gênero de estratégia em turnos não parecia fazer muito sentido – tanto para fãs de Gears quanto para fãs de jogos de estratégia, diga-se de passagem.
Ainda assim, Gears Tactics existe. E mais do que isso: após assistir a uma sessão de cerca de 40 minutos de gameplay do jogo, com Tyler Bielman, produtor da The Coalition, no comando da ação, começamos a acreditar que esse pode ter sido uma ótima ideia.
Anunciado na E3 2018 e desenvolvido em parceria com a Splash Damage, Gears Tactics oferece um excelente mix de elementos recorrentes em jogos de estratégia em turnos, como a popular franquia XCOM, com uma pitada extra de ação – herdada, é claro, dos games principais da série Gears of War.
O resultado é um jogo que exige atenção, cuidado com o posicionamento de unidades e coordenação no uso de habilidades, mas que não deve decepcionar fãs de longa data de Gears, já que a jogabilidade visceral e intensa que é marca registrada da série segue presente.
"A ideia sempre foi trazer o maior número possível de jogadores para Gears of War", explicou Bielman em entrevista ao The Enemy. "Para os fãs tradicionais de Gears, acreditamos que eles ficarão realmente felizes com a maneira como o combate, armas e inimigos de Gears foram interpretados em Gears Tactics. Para os fãs de estratégia, temos uma jogabilidade tática profunda e um metagame que os desafiará”.
Ainda que Gears Tactics aposte em um gênero diferente do restante da série, sua história será canônica dentro do universo de Gears e se amarra à narrativa da série principal. Tactics se passa 12 anos antes dos eventos do primeiro Gears of War e acompanha um grupo de soldados em Sera, planeta que começa a ser devastado pela horda dos Locust. Na liderança do grupo está Gabe Diaz, pai de Kate Diaz, protagonista de Gears 5.
Para receber bem novatos de Gears, o jogo trabalha com personagens inéditos e é contato através de excelentes animações cinemáticas, que facilitam a introdução ao universo da franquia.
"Passamos muito tempo nos certificando de que jogadores sem conhecimento pré-existente do jogo acomapanhem a história e a mecânica. A primeira hora do jogo conta tudo o que você precisa saber em termos de narrativa e da mecânica de combate principal. Parte da decisão de criar um novo conjunto de personagens principais foi garantir que esses personagens funcionem para todos os novatos de Gears", contou o produtor.
Para veteranos do gênero de estratégia em turnos, Gears Tactics é bastante familiar: o jogador controla um pequeno grupo de unidades especializadas contra hordas de inimigos, tem uma visão isométrica do campo de batalha, e age em turnos, dando comandos para todas suas unidades antes dos adversários agirem.
Mas uma séries de características diferentes de gameplay, algumas herdadas do foco que a série sempre teve em ação, dão uma personalidade própria ao título.
Um dos exemplos disso são os cenários de combate de Gears Tactics, que não adotam um grid tradicional para posicionamento de personagens, permitindo que o jogador mova seu esquadrão com mais liberdade pelo mapa – ao estilo de jogos como Divinity: Original Sin 2, RPG da Larian Studios.
A distância que unidades podem percorrer em um turno ainda é limitada pelas ações disponíveis, mas a ausência do grid dá uma sensação maior de liberdade ao jogador na hora de planejar o posicionamento de suas tropas.
Tactics também adota um modelo diferente do usual para contar as ações das unidades em combate. Todo personagem do jogador começa o turno com três ações e elas podem ser utilizadas para qualquer coisa: ataques, movimentação ou ativar habilidades. Na prática, isso dá mais poder de escolha ao jogador, que pode atacar três vezes no mesmo turno, ou escolher usar todas as três ações percorrer uma distância maior do mapa.
Os dois aspectos dão a sensação de uma fluidez maior ao combate em turnos, mas sem trair algumas das características mais importantes do gênero de estratégia tática – o jogador ainda tem todo o tempo do mundo entre uma ação de outra para pensar sobre e executar seu plano de batalha.
Essa harmonia entre a elementos de estratégia e de ação também se reproduz em algumas mecânicas de combate do jogo.
Unidades do jogador contam com a habilidade apelidada de Execution, um golpe corpo-a-corpo fatal que pode ser usado alguns inimigos como uma ação livre e que garante uma ação bônus para todos os personagens do jogador naquele turno.
É uma mecânica que exige planejamento estratégia, mas que incentiva o jogador a jogar de forma pró-ativa e agressiva contra inimigos – ao invés de jogar “na retranca” e de forma defensiva, como vários títulos de estratégia tática acabam incentivando. “Isso cria uma incrível experiência acelerada e ofensiva”, pontuou Bielman.
Outra velha conhecida de jogadores de XCOM, a habilidade “overwatch” também está presente em Gears Tactics, mas é mais das skills disponíveis que mostra o apelo do jogo para o gênero de ação. Em Tactics, o jogador pode selecionar um área de ativação da habilidade em cone, que permite o uso dessa ferramenta defensiva como uma alternativa ofensiva e de controle de mapa.
Além dos elementos de jogabilidade que remetem à ação, Gears Tactics promete opções robustas de customização de personagens e equipamentos através de itens cosméticos, sem microtransações ou custos adicionais, segundo os desenvolvedores.
Para montar os esquadrões, jogadores terão unidades conhecidas como “heróis”, personagens que são parte integral da história e serão presença obrigatória em algumas das missões narrativas de Gears Tactics, e combatentes genéricos, conhecidos como troopers.
Assim como em outros jogos do gênero, os troopers poderão ter suas aparências customizadas da forma como o jogador desejar e, assim como os heróis, podem pertencer a uma de cinco classes especializadas diferentes: Support, Vanguard, Scout, Heavy ou Sniper. Além de uma árvore ampla de habilidades, cada classe possui uma “arma de assinatura”, com slots de modificação para atualizar estatísticas e adicionar ainda mais habilidades.
Cada soldado tem ainda três slots de armadura (cabeça, tronco e perna), que também podem ser equipados com peças de armadura independentes que aumentam as estatísticas e acrescentam habilidades. Todos os equipamentos são obtidos através de missões, objetivos opcionais e da coleta “cases” espalhadas pelo mundo.
Misturando elementos clássicos de estratégia tática com mecânicas importadas do legado de ação da série Gears, Gears Tactics promete um gameplay estratégico, mas intenso, capaz de agradar tanto fãs de estratégia pura quanto egressos de Gears of Wars a procura da ação frenética que é marca registrada da franquia.
Gears Tactics será lançado exclusivamente para PC em 28 de abril.