Ex-desenvolvedores de Skullgirls formam novo estúdio em modelo de cooperativa
Future Club foi formado após "implosão" da Lab Zero Games, motivada por denúncias de comportamento sexual inapropriado de designer de Skullgirls
Um grupo de 16 ex-funcionários da Lab Zero Games, produtora responsável por Skullgirls e Indivisible, anunciaram nesta segunda-feira (21) a criação de um novo estúdio que adotará a estrutura de uma cooperativa – na qual as decisões de negócio serão tomadas pelo coletivo dos trabalhadores da produtora.
Apelidada de Future Club, a desenvolvedora foi revelada em uma reportagem da Vice, e funcionará como uma sucessora extra-oficial da Lab Zero Games – que acabou implodindo no começo deste mês após uma série de escândalos envolvendo Mike Zaimont, desenvolvedor chefe de Skullgirls e Indivisible.
Nos últimos meses, Zaimont foi acusado de fazer comentário sexuais inapropriados por múltiplas pessoas e por promover um ambiente tóxico dentro da Lab Zero Games. Os episódios levaram uma série de funcionários a deixa o estúdio no final de agosto. No começo deste mês, todos os colaboradores restantes foram demitidos.
A decisão de criar o Future Club como uma cooperativa vem o desejo dos trabalhadores de criar as bases para uma estrutura em que eles não fiquem à mercê de decisões corporativas ditadas por interesses de acionistas, o que costuma ser o padrão da indústria hoje.
A criação da cooperativa também vem em um momento em que temas como a sindicalização de trabalhadores da indústria dos games ganha força nos Estados Unidos, como uma forma de combater problemas antigos do setor no país – incluindo o crunch e a disparidade entre compensações de executivos e trabalhadores.
Outros exemplos de estúdios em modelo de cooperativa também incluem Motion Twin, produtora de Dead Cells, The Glory Society, formado por ex-desenvolvedores de Night in the Woods, e a KO_OP.
Vale ressaltar, no entanto, que o estúdio ainda terá uma estrutura tradicional, legalmente falando, já que as regras corporativas dos Estados Unidos dificultam estruturas alternativas.
"Passamos as últimas semanas pesquisando e conversando com outros desenvolvedores e com estúdios cooperativos e a impressão geral é que uma verdadeira cooperativa - como no entidade legal - ainda é relativamente desconhecida e mal compreendida fora de certos setores nos EUA", afirmou Mariel Kinuko Cartwright, diretora criativa da Future Club.
"Achamos difícil obter uma resposta clara sobre certas coisas, como obter seguro saúde em grupo, uma vez que os planos geralmente são construídos em torno da estrutura corporativa tradicional. Mas uma empresa que funciona como uma cooperativa ainda é uma cooperativa, e vamos garantir que o estatuto da nossa empresa reflita esses valores", explicou.
Decisões do dia a dia, no entanto, serão tomadas ou pelo coletivo dos desenvolvedores, ou por um conselho formado por diretores eleitos pelos funcionários do estúdio. Outros aspectos coletivos, como uma política transparente de salário, também serão implementados.
Ainda não é certo, no entanto, quais serão os projetos da Future Club. A franquia Skullgirls, vale ressaltar, está nas mãos da publisher Autumn Games, enquanto Skullgirls Mobile é da Hidden Variable. Ambas se distanciaram de Zaimont e afirmaram que apoiarão os ex-funcionários da Lab Zero.