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Ex-CEO da Blizzard vetou campanha LGBT por "declaração política", diz reportagem

Artigo relata mais casos de assédio de cultura tóxica do estúdio e reação a novas lideranças

Por Victor Ferreira 16.08.2021 17H25

O site Upcomer publicou, no último domingo (15), uma nova reportagem sobre a cultura tóxica da Blizzard Entertainment, e de como figuras de liderança do estúdio eram coniventes ou permissivos com responsáveis por casos de assédio e abuso.

Fontes da reportagem relatam mais casos ou reforçam as acusações de discriminação contra mulheres dentro do ambiente de trabalho citadas no processo aberto pelo governo da Califórnia, nos EUA, mas uma história em particular mostra um aparente descaso pela chefia da companhia com a comunidade LGBT.

"Em meados de 2011, jovens LGBTQ cometiam suicídios em níveis cada vez maiores. Um pequeno grupo de funcionários foi até [o CEO] Mike Morhaime pedindo apoio da companhia ao fazer um vídeo da [campanha] 'It Gets Better' para mostrar que a Blizzard era um lugar que apoiava causas LGBTQ"

"'Não fazemos declarações políticas', Morhaime disse. O grupo, com funcionários de toda a companhia, perguntou o que era político ao prevenir o suicídio de adolescentes. Morhaime falou a eles que havia coisas mais importante a fazer do que produzir vídeos, como trabalhar em seus projetos individuais."

"'Só queríamos jogar nossos nomes para fora', disse um membro do grupo. 'E se nosso vídeo ajudasse uma pessoa a se sentir melhor; prevenisse uma pessoa de tomar sua própria vida?'"

Mesmo na época, outras empresas de games participaram da iniciativa It Gets Better(As Coisas Melhoram, em tradução livre), incluindo a Electronic Arts, que publicou um vídeo com seus funcionários em seu canal de YouTube.

A declaração de Morhaime também ajuda a dimensionar o banimento do jogador de HearthStone Blitzchung após declarar apoio à independência de Hong Kong durante um torneio da empresa.

Logo após as denúncias contra a Activision Blizzard, o ex-presidente do estúdio fez um pedido de desculpas público por "falhar" com funcionárias assediadas e abusadas dentro da companhia - embora a reportagem cite casos em que Morhaime teria sido avisado do comportamento tóxico de certas pessoas, mas não fez nenhum tipo de represália.

Outra fonte cita disparidade salarial para trabalhadores de minorias étnicas, falando como recebia US$ 10 mil a menos por ano em relação a um empregado caucasiano que tinha menos experiência que ele em seu cargo.

Novas lideranças

Blizzard Entertainment/Divulgação

A reportagem também fala sobre os novos líderes da Blizzard Entertainment, Jen Oneal e Mike Ybarra, que substituíram J. Allen Brack após sua saída da presidência do estúdio.

Embora as fontes sejam positivas quanto à dupla em si, alguns não parecem otimistas com mudanças sistêmicas na Activision Blizzard como um todo.

"Muito pouco mudou com Jen e Mike promovidos, eles já estavam na companhia", declarou uma fonte que trabalha na Blizzard. "Nenhuma outra mudança de lideranças aconteceu em outros lugares. Nada mudou lá. Nada mudou conosco."

"Oneal e Ybarra só serão capazes de fazer mudanças na Blizzard", continuou. "Pedimos pelo fim da arbitragem forçada, que faz com que mulheres não tenham proteção legal ao seu pronunciar. Essa política e muitas outras são estabelecidas no nível corporativo."

Em geral, funcionários da Activision Blizzard e outras empresas como a Ubisoft querem mudanças e proteção contra os ambientes abusivos que as companhias estabeleceram nos últimos anos.

De qualquer forma, as denúncias e casos envolvendo a publisher de games seguem semanas após o início do processo nos EUA.