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Retorno do BIG Festival ao RJ em 2020 é "praticamente certo", afirma diretor

Gustavo Steinberg falou sobre mudanças no evento e sobre próxima edição carioca

Por Jessica Pinheiro 29.06.2019 08H05

O Brazil's Independent Games Festival (BIG) ainda está rolando em São Paulo e durante a feira, o The Enemy teve oportunidade de conversar com Gustavo Steinberg, diretor do evento.

Um dos questionamentos que fizemos foi referente à carta aberta que os desenvolvedores direcionaram ao BIG Festival no ano passado. “A gente teve aquela grande conversa, a gente ouviu bastante quais eram as principais reclamações”, afirmou Gustavo.

Segundo o diretor do festival, um espaço maior para contribuições em palestras foi aberto depois de toda essa conversa. A Panorama Brasil, a parte de jogos “não competitivos” do BIG Festival - isto é, jogos que, embora sejam excelentes, não entraram na competição - também foi integrada ao evento.

Por fim, Gustavo ainda cita que os critérios para a seleção de jogos foram colocadas de forma mais clara neste ano, seguindo um dos pedidos da carta dos devs.

Gustavo atribui parte dessas imperfeições passadas à sua estrutura de produção, o que indiretamente afeta a comunicação do evento com os desenvolvedores. 

De acordo com o diretor do BIG Festival, a estrutura de produção do evento é muito pequena. “Às vezes eu que entro no e-mail e fico respondendo os tickets do help desk”, exemplifica Gustavo.

Deadline/Reprodução

A gente faz tudo meio junto. Obviamente quando chega a época do evento a gente tem uma equipe mais parruda, né”, o diretor explica em entrevista.

Um hub de descobertas

Gustavo também destacou que o BIG Festival recebeu neste ano mais de 120 estrangeiros. “Mais de 2/3 deles vieram [ao Brasil] por conta própria”, comenta o diretor da feira.

Ele também cita que os estrangeiros preferem vir ao nosso país, quando o assunto é evento de games. “A gente está se consolidando como um hub de negócios na América Latina”, explica Gustavo.

Para exemplificar, o diretor cita uma aproximação com outros eventos do segmento, como o Nordic Game Discovery Contest, principal evento voltado a negócios de games do norte da Europa, que acontece na Suécia.

BIG Festival/Reprodução

Neste evento, a curadoria faz um tour por vários países e seleciona os melhores projetos de jogos. O BIG Festival 2019 é o primeiro evento do Brasil em que eles escolheram um game indie brasileiro para participar da iniciativa.

A grande final acontece apenas em maio do próximo, mas vale apontar a grande visibilidade que o projeto final irá ganhar, caso vença a competição.

A gente é a Artists Alley da Comic Con, só que de games”, brinca Gustavo para mostrar como o BIG Festival tem se consolidado como um hub de descobertas.

Expansão nas parcerias

O diretor do BIG Festival também cita a parceria com o Humble Bundle em meio às mudanças do evento. Essa ação conjunta consiste em um concurso feito exclusivamente com devs latino-americanos, o Humble BIG New Talent.

Ele também cita o Google Day acontecendo dentro do BIG Festival; e uma ampliação na parceria com o Facebook Gaming que possibilitou uma Game Jam exclusiva com 10 estúdios brasileiros de games.

BIG Festival/Reprodução

Essa Game Jam acontece no BIG Festival 2019 em meio ao espaço voltado para negócios e o público pode assistir aos desenvolvedores.

Além disso, o acontecimento contará com intervenções de profissionais do Facebook com dicas sobre como otimizar os games para as redes sociais, dentre outros.

Por fim, Gustavo ainda cita o concurso de cosplays em parceria com a Live Arena. Para participar, basta publicar uma foto do cosplay no Instagram com a hashtag #livearena e quem tiver mais likes ganha uma bolsa de estudos de um novo curso voltado à área cosplay.

Existem validações internacionais e nacionais basicamente porque a gente vem mantendo um trabalho consistente de curadoria ao longo dos anos”, explica Gustavo.

Sobre a mudança de local

BIG Festival/Reprodução

Ao longos dos últimos anos, o BIG Festival sempre acontecia (quando em São Paulo), no Centro Cultural São Paulo (CCSP). Neste ano, o evento acontece no Clube Homs.

A gente já se consolidou como hub de negócios, mas sempre fomos voltados ao comércio também, desde a primeira edição. Tem o espaço de visitação, aberto para o público. Agora, as marcas não perceberam isso claramente ainda”, brinca Gustavo. 

A mudança de local do BIG Festival foi um ato mais estratégico do que necessário, uma vez que o Centro Cultural não permitia um espaço para lojas, por exemplo, por conta do tipo de parceria feita com o evento.

Ir para um espaço privado e menor, parece ter resolvido esta questão, pelo que explicou Gustavo. Além disso, o Clube Homs comporta menos pessoas e isso significa não apenas uma reduzida no número de atrações (no caso, as palestras), como também uma diminuição de público.

O número de palestras foi reduzido, mas os temas estão mais fortes”, garante Gustavo. “No ano passado foram 30 mil pessoas, e neste ano temos metade dos dias”.

Isto porque o BIG Festival 2019 conta com 4 dias abertos ao público, contra 8 do ano passado. Ainda assim, Gustavo espera chegar a 20 mil visitantes neste ano.

BIG Festival/Reprodução

E no Rio de Janeiro?

Também no ano passado, o BIG Festival teve uma edição no Rio de Janeiro. O evento aconteceu simultaneamente com o de São Paulo, mas neste ano, isto não aconteceu.

Até mesmo uma edição BIG Festival RJ no segundo semestre de 2019 pode não acontecer. “Existe a possibilidade de a gente conseguir alguma coisa no segundo semestre, mas está cada vez mais difícil”, comenta Gustavo. Ainda assim, o BIG Festival não se dará por vencido. “A ideia é a gente continuar a ter edições no Rio, sim”.

O motivo de uma edição Rio de Janeiro não ter acontecido simultaneamente com o de São Paulo foi basicamente por conta de problemas burocráticos envolvendo a Lei de Incentivo à Cultura.

A Lei de Incentivo não abriu [seu edital] ainda”, explicou Gustavo. Além disso, a principal ferramenta que viabiliza o acontecimento de milhares de projetos culturais no país, sofreu uma redução no teto de captação por projeto.

O corte foi de R$ 60 milhões para R$ 1 milhão, e esta redução nas verbas certamente é uma agravante. “O Rio está vivendo uma situação complexa, como o Brasil todo, existem essas questões”, complementa o diretor do BIG Festival.

BIG Festival/Reprodução

Mas lá foi uma tecnicalidade. Mudaram a Lei de Incentivo no dia 27 de dezembro de 2018, antes de assumir o novo governo. E ainda não regulamentaram o edital. O edital vai ser aberto agora em julho”.

Ainda assim, existem grandes chances de o BIG Festival acontecer no Rio de Janeiro no próximo ano, garante Gustavo. “É quase certeza que no próximo ano vai ter”.